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Design de
Rossana Fischer
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20.8.02
Alô, alô! No ponto! para um blá-blá-blá ligeirinho. Ando assim apressada, sempre com um mundo de coisas a cobrir. Não reclamo;
pelo menos, a gente não sente a velhice chegar. De vez em quando, um susto! ...Diante do espelho... Mas o tempo não dá para
detalhes irrisórios. E a gente dá continuidade aos afazeres.
Falar de velhice, dá nisso --- regressão. Pois não é que dei um mergulho e fui parar na minha adolescência? e me lembrar do Pe.
Bechman, extraordinário professor de literatura portuguesa, que, um dia, surpreendeu a turma, ao pretender que cada aluno
apresentasse, como dever de casa, uma cantiga de amigo, de amor ou de escárnio (lição do dia). Essas foram as formas poéticas
mais antigas da língua portuguesa. Quase ensandeci e tudo o que pude produzir foi esta pérola:
Oi oj´eu cantar d´amor
en un fremoso virgel
una fremosa pastor
que ao parecer seu
nunca jamais lhe par vi
e porem dissi-lhe assi
Senhor, por vosso vou eu!
É necessário dizer que certas palavras, na época, não flexionavam no feminino; que podiam ser omitidos certos nomes, como ali,
no último verso, faltou "amor" na cantiga de amor! que "porem" significava "por isso".
Foi essa aí a minha primeira " produção poética"! Pode haver situação mais cômica?
Para amenizar, transcrevo uma real poesia da época, século XIV:
CANTIGA DE AMIGO
De Joan de Guilhade
Amigas,que deus uus ualha!
quando ucher meu amigo,
falade sempre hunh as outras
em quant el falar comigo:
ca muytas cousas diremus
que ante uos não diremos.
Sey eu que por falar migo
chegara el muy coytado,
e uos hideuus chegando
la todas par ess estrado;
ca muytas cousas diremus
que ante uos não diremos
Apud Mendes dos Remedios, História da Literatura portuguesa, Coimbra, 1950, 6ª edição.
São "flashes" da memória. Até o próximo encontro.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:20 AM
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