Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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Design de
Rossana Fischer










22.9.05
 



SONHANDO...

Ah! Já não se sonha como antigamente!

Tive saudades de um sonho bem vestido, sonoro, dourado, marcado, rimado, aliterado...

E não me fiz de rogada. Bati à porta de Eugênio de Castro e Almeida (1869 a 1944 / Coimbra), descendente de uma família de homens de letras com origens em Sá Miranda . Escrevendo a princípio, sob a influência do simbolismo que ele próprio trouxera da França, evolveu em seguida para um sentimento poético de caráter mais português.


UM SONHO

Na messe, que enlouquece, estremece a quermesse...
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros.
Cornamusas e crotalos
Cítolas, cítaras, sistros
Soam suaves, sonolentos
Sonolentos e suaves
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...

Flor! Enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol, esmorece
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...

Soam vesperais as Vêsperas...
Uma com brilho de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

Como aqui se está bem! Além freme a quermesse...
- Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...

Esmaece na messe o rumor da quermesse...
- Não ouves este ai que esmaece e esmorece?
É um noivo a quem fugiu a Flor de olhos amenos,
E chora a sua morta, absorto, à flor dos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo além dos astros...

Penumbra de veludo. Esmorece a quermesse...
Sob o meu braço lasso o meu Lírio esmorece...
Beijo-lhe os boreais belos lábios amenos,
Beijo que freme e foge à flor dos flóreos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...

Teus lábios de cinábrio, entreabre-os! Da quermesse
O rumor amolece, esmaece, esmorece...
Dá-me que eu beije os teus morenos e amenos
Peitos! Rolemos, Flor! À flor dos flóreos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

Ah! Não resistas mais aos meus ais! Da quermesse
O atroador clangor, o rumor esmorece...
Rolemos, ó morena! Em contatos amenos!
- Vibram três tiros à florida flor dos fenos...

As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos
Cítolas, cítaras sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves ...

Três da manhã. Desperto incerto... E essa quermesse?
E a flor que sonho? E o sonho? Ah! Tudo isso esmorece!
No meu quarto uma luz, luz com lumes amenos,
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...

Arcachon,12 de julho de 1889.

Obras Poéticas de Eugênio de Castro Vol. I (Lisboa/ 1927).


Que tal? Não foi uma boa volta no tempo? Até mesmo pra mim que já sou meio antiguinha, pois não?


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IMPORTANTE!!!

Gente, importante é o que vai acontecer em São Paulo, na sexta-feira, 23, a partir de 17:00, no Restaurante Dumas: uma despedida do livro da Fal *CRÔNICAS DE QUASE AMOR*´para dar passagem ao próximo que está prontinho.
Paulistas, não percam!
Cariocas, é tão pertinho!
A Fal merece!!!!!!!!!!!

publicado por Magaly Magalhães às 11:40 PM
14.9.05
 
Design por Flavia Magalhães
ELEGIA II

PERGUNTA VÃ

Por onde anda a alegria
que animava meus dias
quer chovesse ou sol fizesse?

Onde está a cantoria
que noite e dia embalava
minha vida irriquieta?


Que é de teu ar de criança
que a todos encantava?
Que é do riso despregado
que de teus lábios brotava?
Que é do cheiro de homem
que o teu corpo exalava?
Que é de ti, meu filho?
Que é de ti?


Já vão dois anos de falta,
não cala a pergunta vã.


Desfaz-se meu peito em saudades...

14/09/03 a 14/09/05

Para Estêvão:

* O amor é o único sentimento que não admite nem passado nem futuro.*

Honoré de Balzac


publicado por Magaly Magalhães às 10:37 AM
9.9.05
 


Falo de quem? Vocês descobrirão assim que eu começar a exibir os primeiros trechos tomados aleatoriamente de suas crônicas ou romances.

*Como seriam as coisas e as pessoas antes que lhes tivéssemos dado o sentido de nossa esperança e visão humanas? Devia ser terrível. Chovia, as coisas se ensopavam sozinhas e secavam. E depois ardiam ao sol e se crestavam em poeira. Sem dar ao mundo o nosso sentido humano, como me assusto. Tenho medo da chuva, quando a separo da cidade e dos guarda-chuvas abertos, e dos campos se embebendo de água.*

(*Sem Nosso Sentido Humano*, crônica publicada em 28.06.69. Loc.cit.)


*Minha alma humana é a única forma possível de eu não me chocar desastrosamente com a minha organização física, tão máquina perfeita esta é. Minha alma humana é, aliás, também o único modo como me é dado aceitar sem desatino a alma geral do mundo. A engrenagem não pode nem por um segundo falhar.*

(*Engrenagem*, crônica publicada e 28.06.69. Loc.cit)


*Eu acho que a diferença entre os doidos e o não-doido é que o não-doido não diz nem faz as coisas que o doido faz. É só essa.*

(*Clarice*. Entrevista com O Pasquim. Rio de Janeiro, 09.06.74)


*Que esforço eu faço para ser eu mesma. Luto contra uma maré de mim.*

*Não quero a complacência da desordem. E se sou líquida como é líquida o informe, antes sou gotas de mercúrio do termômetro quebrado, líquido metal que se faz círculo cheio de si e igual a si mesmo no centro e na superfície, prata que tromba e não derrama, liquidez sem umidade.*

(Apud Borelli, Olga. Clarice Lispector: Esboço para um possível retrato, pg 12.)


*Sou um objeto querido por Deus. E isso me faz nascerem flores no peito. Ele me criou igual ao que escrevi agora: ?sou um objeto querido por Deus? e ele gostou de me ter criado como eu gostei de ter criado a frase. E quanto mais espírito tiver o objeto humano mais Deus se satisfaz..
Lírios brancos encostados à nudez do peito. Lírios que eu ofereço e ao que está doendo em você..Pois nós somos seres e carentes. Mesmo porque certas coisas, se não forem dadas, fenecem.. Por exemplo, junto ao calor de meu corpo, as pétalas dos lírios se crestariam. É por isso que me dou à morte todos os dias. Morro e renasço.
Inclusive eu já vivi a morte dos outros. Mas agora morro de embriaguês de vida. E bendigo o calor do corpo vivo que murcha lírios brancos.
O querer, não mais movido pela esperança, aquieta-se e nada anseia.
Meu futuro é a noite escura e eterna. Mas vibrando em elétrons, prótons, nêutrons, mésons, e para mais não sei, porém, que é no perdão que eu me acho.
Eu serei a impalpável substância que nem lembrança do ano anterior substância tem.*

(Apud Borelli, Olga. Clarice Lispector: Esboço para um possível retrato, pp. 61 a 62)


*O que me descontrai, por incrível que pareça, é pintar. Sem ser pintora de forma alguma, e sem aprender nenhuma técnica. Pinto tão mal que dá gosto e não mostro meus, entre aspas, quadros, a ninguém. É relaxante e ao mesmo tempo excitante mexer com cores e formas sem compromisso com coisa alguma. É a coisa mais pura que faço (...) Acho que o processo criador de um pintor e do escritor são da mesma fonte. O texto deve se exprimir através de imagens e as imagens são feitas de luz, cores, figuras, perspectivas, volumes, sensações.*
Vejam aqui os quadros: Explosão, Medo, Luta Sangrenta pela Paz, Sem título e Tentativa de SerAlegre.


*Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro. Quero escrever amarelo-ouro com raios de translucidez. Que não me entendam pouco-se-me-dá. Nada tenho a perder. Jogo tudo na violência que sempre me povoou, o grito áspero e agudo e prolongado, o grito que eu, por falso respeito humano, não dei. Mas aqui vai o meu berro me rasgando as profundas entranhas de onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundo com o terremoto causado pelo grito. O clímax de minha vida será a morte.*



É isto. A gente sente falta do que é bom. E a obra de Clarice está aí para mostrar que talento é sopro divino.

Aqui estão alguns depoimentos que confirmam a excelência dessa obra:


Clarice
veio de um mistério.
partiu para outro.
Ficamos sem saber a
essência do mistério
Ou o mistério não era essencial
era Clarice viajando nele.

Carlos Drummond de Andrade

Onde estivestes de noite
que de manhã regressais
com o ultra-mundo nas veias
entre flores abissais?
Estivemos no mais longe
que a letra pode alcançar:
lendo o livro de Clarice,
mistério e chave no ar.

Carlos Drummond de Andrade


Clarice não delata, não conta, não narra e nem desenha ? ela esburaca um túnel onde de repente repõe o objeto perseguido em sua essência inesperada.

Lúcio Cardoso, escritor, cineasta, pintor e grande amigo.


A obra de Clarice recodifica e reinterpreta em prosa poética contemporânea as crenças cabalísticas judaicas. Para a Cabala, como para Clarice, a existência se explicita e se estrutura graças ao Mistério: É a certeza da existência do Mistério que permite à humanidade exercitar sua infinita liberdade (ZOHAR); A criação não é uma compreensão, é um novo mistério (CL: Visão do Esplendor)

ESTER SCHWARTZ, Mestre em Letras, professora, co-Diretora da ALACL


...(você pega mil ondas que eu não capto, eu me sinto como rádio de galena, só pegando a estação da esquina e você de radar, televisão, ondas curtas), é engraçado, como você me atinge e me enriquece ao mesmo tempo, o que faz um certo mal, me faz sentir menos sólido e seguro.

Rubem Braga, escritor e amigo.


O desenvolvimento de certos temas importantes da ficção de Clarice Lispector insere-se no contexto da filosofia da existência, formado por aquelas doutrinas que, muito embora diferindo nas suas conclusões, partem da mesma intuição kierkegaardiana do caráter pré-reflexivo, individual e dramático da existência humana, tratando de problemas como a angústia, o nada, o fracasso, a linguagem, a comunicação das consciências, alguns dos quais a filosofia tradicional ignorou ou deixou em segundo plano.

Benedito Nunes, filósofo, crítico, escritor.

[Matéria encontrada em Cadernos de Literatura Brasileira (nº 17e18) (IMS) e no site:
http://www.geocities.com/Paris/Concorde/9366/quadros.htm


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Eu disse que tinha mais, eu disse que contava depois, pois não?
Vamos a eles:

Botar a boca no trombone

Significativo:
Fazer um escândalo; contar tudo o que sabe sobre certo assunto.

Histórico:
Na verdade, a expressão vem muito antes de da invenção do trombone. Originalmente se dizia *Pôr a boca no trambolho*. Depois é que foi adaptada, talvez pelo barulho que o trombone faz. Como você sabe, trambolho siginifica *obstáculo, embaraço, estorvo, empecilho*. Portanto, inicialmente, *pôr a boca no trambolho* era tentar vencer os obstáculos. Chico Buarque comenta alguma coisa em seu livro Estorvo.


Dinheiro não nasce em árvore

Significativo:
Expressão preferida dos pais quando os filhos pedem dinheiro. É preciso trabalhar para se ter o dinheiro.

Histórico:
Frase atribuída a Deus, quando expulsou Adão e Eva do Paraíso. Ou seja,*agora vocês vão ter que trabalhar e inventar o dinheiro, porque dinheiro não nasce em árvore, como a maçã.*

publicado por Magaly Magalhães às 9:56 AM