Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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Rossana Fischer










18.9.07
 
Aos caros amigos blogueiros,
meu respeito, meu carinho

Nesta minha proposta de pausa, eu tinha um vídeo do YouTube que foi retirado, com certeza, por validade ultrapassada. Substituo-o por uma imagem, o que vale realmente é que o faço com o mesmo apreço e sempre o mesmo empenho em acertar e agradar.

No momento da alteração, os comentários desapareceram, mas não se perderam. E como eles me são muito caros, vou voltar aqui, trazendo uma transcrição deles.

Um abraço imenso.

publicado por Magaly Magalhães às 6:19 PM
17.9.07
 
ANA GOLDBERG
Começo com um poema que guardei para qualquer outubro e sempre deixo o outubro passar.


CANÇÃO DE OUTUBBRO

As imagens são incontroláveis
vejo-me no Parque Municipal
menina antiga
e tu, a meu lado,
com um pacote de chocolate
o pano preto do fotógrafo
fixando o instante da glória
afinal, não fui ao jardim
casa de suplício
e tu, de chapéu preto, terno preto
gravata preta
(...) tu me dás a mão
caminhamos juntos
pela avenida
eram bons aqueles tempos
(ou aflitos?)
a infância é um mistério
mesmo a teu lado
contas tudo e reduzes a nenhum
os dois mil quilômetros
que não nos separam
nunca estivemos separados
mesmo quando o entendimento
era imperfeito
sempre estás ao meu lado
ontem amanhã hoje sobretudo
dia de festa em que reúno
para oferecer-te
essas palavras de outubro.


Trecho do poema inédito “Canção de Outubro”, de Maria Julieta Drummond de Andrade - a única filha de Carlos Drummond de Andrade, que morava em Buenos Aires com o marido argentino (1955). Ausência que o pai/poeta jamais conseguiu assimilar. Tanto que, doze dias após a morte de Julieta (1987), motivada por um câncer ósseo, Drummond falecia, em 17 de agosto, aos 84 anos, por insuficiência respiratória provocada por infarto. Ele parara de tomar os remédios para o coração, pois ”não tinha mais motivos para continuar a viver”.


Não esperei por outubro porque resolvi encerrar minha carreira de blogueira e não queria deixar de passar este poema para vocês. Saio com peninha já que prezo muito o contato com os amigos que me visitam aqui. Mas é que chega um momento em que a gente precisa reestruturar-se, realizar planos postos à espera, descobrir horizontes diferentes, atender a prioridades, fazer opções.
É o que me acontece agora. A postagem, do jeito que me é possível no momento, não me satisfaz, gera mesmo um certo mal-estar.
Comecei um curso que é de extrema importância para mim e preciso de tempo para acompanhá-lo com proveito e dedicação. Não tenho muito mais tempo à minha frente, gostaria de viver esta etapa completando meus propósitos de vida.
Finalmente, foram cinco anos de fruição e cumplicidade aqui, na blogosfera.
Não vou desaparecer da internet, pois não posso prescindir dela para qualquer função que venha a exercer nesse novo território e, com certeza, passarei de vez em quando pelos blogs amigos para um alô gostoso, certo assim? Conto com a compreensão de todos vocês. Em breve, chegarei a cada um de vocês com um agradecimento especial.

E, para reverter o tom do outubro de Julieta, como para disfarçar o ranço de
despedida, recorro ao MILLÔR “POEMAS”.


A CIGARRA E A FORMIGA (1978)

Cantava a Cigarra
Em dós sustenidos
Quando ouviu os gemidos
Da Formiga
Que, bufando e suando,
Ali, num atalho,
com gestos precisos
Empurrava o trabalho;
Folhas mortas, insetos vivos.
Ao vê-la assim, festiva,
A Formiga perdeu a esportiva:
“Canta, canta, salafrária,
E não cuida da espiral inflacionária!
No inverno
Quando aumentar a recessão maldita
Você, faminta e aflita,
Cansada, suja, humilde, morta,
Virá pechinchar à minha porta.
E na hora em que subirem
As tarifas energéticas,
Verás que minhas palavras eram proféticas.
Aí, acabado o verão,
Lá em cima o preço do feijão,
Você apelará pra formiguinha.
Mas eu estarei na minha
E não te darei sequer
Uma tragada de fumaça!”
Ouvindo a ameaça
A cigarra riu, superior,
E disse com seu ar provocador:
“Estás por fora,
Ultrapassada sofredora.
Hoje eu sou em videocassete,
Uma reprodutora!
Chegado o inverno
Continuarei cantando
- sem ir lá -
No Rio,
São Paulo,
E Ceará.
Rica!
E você continuará aqui
Comendo bolo de titica.
O que você ganha num ano
Eu ganho num instante
Cantando a Coca,
O sabãozão gigante
O edifício novo
E o desodorante.
E posso viver com calma
Pois canto só pra multinacionalma.”


CUIDADO (QUEM VÊ CARA...)

O medo tem olho humano
O ódio voz de paquera
O terror cara de gente
O amor fúria de fera.


POEMINHA TIC-TAC
Ontem
O mundo de amanhã seria novo
Hoje,
O mundo de amanhã já constatado
E antes
Que novos amnhãs despontem
Há muitos que só pedem
O mundo de anteontem


POEMINHA SEM MUITA PRESSA
Num pisar que mal se ouve
Num passar que mal se vê
Tictactictactictactictac
Um dia leva você


POEMINHA SEM NEXO
JUSTIÇA

A coisa vem de longe
Do passado;
Caim nunca foi
Pronunciado



Felicidades, muitas, a todos.
Clair de Lune, de Debussy, antes do texto, lá em cima, é um presente meu para vocês.

publicado por Magaly Magalhães às 11:18 PM
4.9.07
 


Alex Vallauri Sem título Mista sobre papel

Compartilhando

Estou aqui, diante da tela, sem tempo de elaborar ou mesmo pesquisar um texto interessante para vocês, pacientes que têm sido com esta minha marcha lenta, de intervalos cada vez mais longos. Veio-me, então, uma idéia: quem sabe, vocês curtiriam uns poemas meus mais antiguinhos, talvez de uma época em que eu me cobrasse muito menos, o que pode desmerecer a qualidade, mas salvaguarda a espontaneidade.
Nunca escrevi nada com intenção de publicar, reunir em livro; era só pra consumo íntimo, pra família. E demorei a trazê-los pra cá. Com o tempo, a confiança na tolerância dos leitores foi-se estabelecendo e, a partir de certa altura, aos poucos, comecei a mostrá-los. Agora, restam esses mais antigos, mais ingênuos, anteriores às duas grandes perdas de membros da família que me abalaram sobremodo.


MEUS AMORES

São sete “figuras”
São sete azougues
Vocês vão gostar :
Meus sete amores

João vem primeiro
Único varão
Dos quatro pimpolhos
De uma estação

Helena e Lígia
Sucedem a João
Por último vem
Luísa – Ação !

Agora, atenção !
É a gata Laurinha
Que puxa a linha
Da outra estação

Quem segue atrás
Vocês não calculam
É o Bê, é a Duda
Tremendo cartaz !

Leninha é mestra
Na dança e no resto
Lígia, peça-chave
Em qualquer projeto

Luluca calcula
Bê traça e pinta
Dudinha desfila
Laurinha é artista

João pinta, disputa
Helena estuda
Liginha dirige
Com pulso e batuta

Laurinha se expressa
Bê fala o exato
Luluca observa
Dudinha quer palmas

Coruja” não sou
Não pensem tão mal
São sete amores
De graça infernal !

1998 / Rio


CANTIGA TRISTE

Está tarde, está frio
Tão escuro, tão sombrio!
Quem vem afagar-me a testa?
Quem vem encher-me o vazio?

O vento geme lá fora
A chuva fria não pára
Meu coração também geme
geme baixinho e cala

Por que chora a natureza?
Por que o vento fustiga?
Tem coração o mundo?
Tem o vento o dom da intriga?

Como estou triste, eu choro
Não posso culpar ninguém
Nem a chuva, nem o vento
Nem o mundo, nem meu bem

Choro, porque estou triste

1998 / Rio


AMOR – AMANTE

É a hora da aurora
é a aurora do instante
que sutil se incorpora
ao tempo do amor-amante

É a hora da visão
é a visão do exato
poder do amor em ação
gerando vida num ato

Que paire sobre os amantes
a consciência dos passos
dados em febris instantes

Vida é termo sagrado
fruto de plano divino
Que se lhe dê fino trato ...

1999 / Rio



PARADOXO

Sou ( ... ) a soma dos descaminhos
a contradição em progressso

Afonso Romano de Sant´Anna

Somos...

a mão que guia
a voz que orienta
o ombro que acolhe
o gesto que atende
a força que estimula
a calma que embala

ou...

a mão que paralisa
a voz que adultera
o ombro que se esquiva
o gesto que ameaça
a força que corrompe
a calma que abala

Contradição humana!
Há caminhos
e muitos descaminhos

Somos o somatório dessas posturas
empenho em crescer
crescer sem desempenho

Humano, “demasiadamente humano”,
resgatando o filósofo
voltando ao poeta.

2.000 / Rio

Está de bom tamanho? Vou guardar os que faltam para outro dia de ‘hibernação’. Não me queiram menos bem por infligir-lhes esta minha inspiração canhestra. Prometo que o próximo post de poemas vai ser de poemas maiúsculos, como foi o caso do anterior.

Ih! Agora que me toquei! Sou louca! Logo em seguida a um expoente da Poesia Lusa!

Senilidade declarada. Mil perdões.


publicado por Magaly Magalhães às 9:05 PM