Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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9.12.02
 
Tão próximos do Natal estamos que convém adotarmos uma atitude circunspecta em relação ao que somos - como nos portamos diante dos embaraços da vida, diante das necessidades de nossos semelhantes, diante dos desafios do mundo que nos cerca e o que é necessário corrigir em nossos impulsos diários para termos segurança, paz interior e esperança de estarmos no caminho certo. Foi aí que me lembrei de um ato de contrição com que Artur da Távola encerra seu livro de crônicas"Me vi te vendo"( Salamandra,1979).

ATO LEIGO DE CONTRIÇÃO

Meu talento é defesa.
Minha inteligência é acaso.
Não sou criador, sintetizo.
Minha bondade é culpa.
Meu bom senso é medo.
Não sei, sugo.
Meu equilíbrio tem as deformações do que é normal.
Minha lucidez nasceu da doença.
Não sou, suo.
Minha simpatia é feita de naturalidade.
Meu galanteio é corruptor.
Não tenho gestos, tenho intenções.
Minhas admirações são inveja.
Meu espanto é covardia.
Não invento, formulo.
Minha indiferença arde de desejos.
Minha doçura é timidez.
Minha versatilidade é esquizóide.
Não planto; colho, espertamente, a emoção comum.
Não fecundo porque sou hábil.
Não educo porque sou fraco.
Não desagrado porque sou dependente.
Não abalo porque sou medroso.
Meu brilho é a máscara do meu vazio.
Meu vazio é a minha verdade.
Minhas palavras são "flatus voicis".
Não sou expulso porque me acomodo.
Não crio porque ouso.
Não abro caminhos. Sou mero tradutor.
Não renovo porque repito.
Não ameaço porque prefiro o mais fácil.
Não espanto porque me deixei amansar.
Não sangro porque desisti.
Meu NÃO tem disfarces demais.
Meu SIM, quando será integral?
Meu eufemismo é hipócrita.
Não perco o emprego porque aprendi a sobreviver.
Não digo todas as minhas verdades por medo e preconceito.
Não escrevo o que sei e sim o que finjo saber.
Não sei, nem Tudo o que finjo.
Minha frase é esconderijo.
Meu prestígio é minha insegurança.
Minha palavra não é o "sal da terra".
Minha alegria é de estufa.
Meu elogio é demolidor.
Não sou a imagem que projeto.
Não mereço as carinhos que recebo.
Não valho a sua admiração.
Não sinto, sentindo, o que sinto escrevendo.
Minha modéstia é arrogante.
Minha agressão é ressentimento.
Minha ironia dá úlcera.
Minha vitória é menoridade.
Não me decido a ser definitivo.
Não venci as derrotas antigas.
Não derrotei as vitórias fáceis.
Meus ideais são ambições fantasiadas.
Minha crítica é projeção.
Minha frustação escreve melhor do que eu.
Minha amargura me finge simpático.
Não consegui vencer minha infância.
Minha coerência foi parar no sanatório.
Meu sarcasmo tem cara de anjo.
Meu riso é amortecedor, emoliente, trânsfuga.
Não sou bom, preciso de bondade.
Minha esperança e minha salvação:saber de tudo isso.
E CONFIAR E PROSSEGUIR.


Não dá para nos reconhecermos em muitas destas afirmações? Façamos todos nosso ato de contrição e esperemos a visita de Jesus Menino com o espírito mais leve, menos asfixiado.

Do autor escolhido para hoje, disse nossa saudosa Clarice Linspector :
"Artur da Távola tem um dom raro: é encantatório. Ele diz exatamente o que se propõe a dizer e isto, significa ser um bom escritor. Eu o admiro há tempos."

Boas perspectivas para o Natal. Saibam reinventá-lo.








publicado por Magaly Magalhães às 12:46 AM
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