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Design de
Rossana Fischer
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23.1.03
a nobre arte
a nobre arte
de viver tão pouco
nobre tão pouco arte
não em palcos
mas em corpos de sangue
em carne-viva sobre ossos esculpidos
silenciosa, anônima, animicamente
Cláudio
Êta! Isso se chama talento e inspiração! É por isso que não deixo de ler o blog do Claudinho.
Tendo feito referência aos poetas da Geração 45, no post passado, sinto-me inclinada a complementar essa abordagem sobre poesia contemporânea, fazendo comentários acerca de alguns de seus muitos representantes.
João Cabral de Melo Neto é um deles. Este pernambucano, que recebeu influência de Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes, conseguiu criar um estilo personalíssimo, um estilo enxuto, econômico, em que a linguagem, sem verbalismos, se reduz ao estritamente essencial. Seguindo a tendência contemporânea - a poesia social - ele é autor de um auto de Natal, "Morte e vida severina narrando a caminhada de Severino desde o sertão até sua chegada a Recife. O poema é uma reflexão e, ao mesmo tempo, um depoimento sobre problemas sociais do Nordeste brasileiro.
Um pequeno trecho já dá noção do despojamento verbal e de estilo :
O retirante explica ao leitor quem é .
--O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia
.......................................................
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
( de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Agora vou transcrever o trecho final. Como se trata de trechos soltos, cabe aqui uma explicação Sem esperanças, cansado de sofrer privações, Severino decide matar-se. Está conversando com seu José, mestre carpina, quando surge uma mulher e avisa ao mestre que seu filho acaba de nascer. Vizinhos e amigos comemoram o acontecimento. Há, então a fala final que se segue :
O carpina fala com o retirante.
--Severino retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é uma explosão
de uma vida severina.
Fim da conversa de hoje. Preciso me policiar; tenho dificuldade de parar quando me entusiasmo por um assunto.
Uma notinha só a mais:
Este auto foi levado ao teatro, musicado por Chico Buarque de Holanda, tendo alcançado sucesso considerável.
Até breve.
publicado
por Magaly Magalhães às 12:28 AM
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