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Design de
Rossana Fischer
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15.1.04
Infelizmente, ocorreu um erro no sistema interno e meu último post apareceu cheio de defeitos na colocação do ç, do til e do acento agudo. Tentei aquela revisão recomendada logo quando surgiu esse caso ( no período da reestruturação da Blogger), mas não consegui.
Resolvi, então, repetir o post para vocês não perderem a emoção que se pode sentir a partir desses poemas lidos normalmente, sem vacilações.
Um dia desses, deixei com vocês um poema de Ana Cristina Cesar. Deu-me vontade de voltar a ela, cuja poesia revela uma alma angustiada, apesar da argúcia com que analisa os fatos, os sentimentos, a vida. Vejam este aqui:
FLORES DO MAIS
devagar escreva
uma primeira letra
escrava
nas imediações
construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
E este outro:
PSICOGRAFIA
Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto
E trago também Paulo Leminski, este interessante jornalista, professor de História, Redação e Judô que nos deixou cedo demais, em 1889, há, portanto, quase 15 anos. Dele, trouxe-lhes:
ESTUPOR
esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer
esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir
esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir
E, para finalizar, seu poema-oração:
SÃO NÃO
não são
são não
rogar por nós
para que não
sejamos senão
Encerremos por hoje
publicado
por Magaly Magalhães às 10:38 PM
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