Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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Rossana Fischer










1.2.04
 
Estamos novamente com novidades imperdíveis no Imagens & Palavras. Ninguém, em sã consciência, pode perder textos tão elucidativos, como esses escolhidos por Meg, para compor a lista de artigos oferecidos à comunidade blogueira.

Para tornar sempre lembrada a recomendação já feita e repetida aqui, algumas vezes, quero explicar que o Imagens & Palavras é parte do blogue original de Meg - o muito bem conceituado SubRosa (http://www.meguimaraes.com/subrosa) que tantas emoções tem causado ao mundo blogueiro em atividade.

O acesso ao Imagens & Palavras é muito simples. Há o banner correspondente no próprio blogue da Meg , o que é óbvio; aqui, neste, em que teclo agora e em muitos outros que já se aliaram a esta boa fonte de informação e conhecimento. É só clicar.

No I&P, há exibido sempre um tema capaz de abalar a nossa atenção, isto quando não estão as historinhas curtas que fizeram o sucesso do Concurso de Narrativas Breves Haroldo Maranhão (e ainda há muitos finalistas a serem publicados).

Hoje, vou trazer aqui a página com que Meg abriu o ARQUIVO em IMAGENS & PALAVRAS


SUBROSA EM PROSA

Uma seleção dos melhores textos e imagens que tenho visto na Web desde que comecei o Sub Rosa. Este espaço é nosso. É de todos, tal qual o SubRosa. Peço que - se puderem e quiserem - comentem os textos apresentados.
Um abraço a todos.
Meg Guimarães.

Carlito Maia e traduções

A História do Brasil não passa de uma seqüência de erros de traduçã o. Muitas vezes, erros crassos. Um exemplo? Muito fácil. Há pouco mais de 30 anos, os americanos tinham lá um (bom) slogan patrioteiro: ''America: love it or leave it''. Pois bem, a ditadura militar no Brasil resolveu transpô-lo para o trópico : "Brasil, ame-o ou deixe-o". Pode haver prosódia mais abominável? O erro de tradução é acintoso Não, o erro não está no sentido literal da estultice, mas na sonoridade bovina da frase abrasileirada. O que soa bem em inglês, range feito um mugido em português. ''Ame-o ou deixe-o.'' Ninguém fala desse jeito, só dubladores (que em filmes de cowboy gritam barbaridades como ''Peguem-no! Não o deixem escapar!''). ''Ame-o ou deixe-o''... Parece um desses exercícios que a gente faz quando vai a uma fonoaudióloga, fazendo com o maxilar o mesmo movimento circular das vacas quando ruminam. E olhe que poderia ter sido pior. Se os militares tivessem convocado um publicitário, a coisa talvez saísse na linha criativa. Já imaginou o desastre? Como estamos aqui às voltas com imagens pecuárias, uma possível tradução ''criativa'' me assalta a imaginação: ''Brasil, ou você ama ou desmama''. Blergh... Ou: ''Brasil, ou você adora ou você cai fora''. Sim, eu sei, piorou. Vai ver que foi por isso que deixaram aquele ''amiuoudeixiu'' literal mesmo. Parece incrível, mas o vexame foi menor. Foi apenas mais um caso de erro de tradução. Erro de contexto. Idéias fora de lugar, diria Roberto Schwarz. Slogans fora de lugar, isto sim. A nossa bandeira nacional também tem lá, bem no centro, o seu slogan fora de lugar. ''Ordem e progresso'', como se sabe, é um lema importado, traduzido e censurado. Veio da Igreja Positiva, inventada por Auguste Comte, cujo mote era: ''Amor, ordem e progresso''. Eu não sabia disso até que, um dia, Carlito Maia me contou. Ele queria que a palavra ''amor'' entrasse na bandeira do Brasil. Ele tinha toda razzo. Seria mais justo, mais íntegro e mais amoroso se assim fosse. Dizendo o nome de Carlito Maia eu, finalmente, chego a quem me leva a escrever este artigo. Esse quem ? Carlito Maia, que sempre defendeu o amor antes da ordem e muito antes da promessa de progresso. Carlito, que me ensinou a transformar o amargor numa risada. Que, rindo da autoridade, libertava a inteligência. Carlito morreu no sábado, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Tinha 78 anos. Seu corpo sucumbiu a uma ''doença degenerativa crônica'', no dizer dos médicos. Sua atitude não sucumbiu. No caixão, com bolinhas de algodão no nariz e a boca entreaberta, velhinho e magrinho que só, estava rindo. Rindo para mim e rindo de mim, um pobre jornalista que critica os publicitários. E rindo com razão: Carlito, um publicitário, me deu muita lição de jornalismo. Foi um gênio, mas isso não importa. Suas frases curtíssimas, seus achados brilhantes, ainda que publicitários, desenharam em parte a fisionomia da cultura brasileira recente. Foi ele quem batizou a Jovem Guarda de Jovem Guarda. Melhor que isso: ele me contou, já faz tempo, que tirou essa expressão de uma tradução portuguesa de uma obra de Lênin. Era uma frase mais ou menos assim: ''O futuro da humanidade repousa nos ombros da jovem guarda''. É uma apropriação antropofágica e magistral. De novo, um deslocamento de tradução nomeia a cultura brasileira. Carlito foi também o gênio por trás da imagem do PT, uma espécie de Duda Mendonça do bem. Criou os slogans ''oPTei'', ou o ''vaPT-vuPT'', ou o ''Lula-Lá'', e mais uma longa lista. Orientou os primeiros programas de televisão do Partido dos Trabalhadores, ao lado de Chico Malfitani e de Erazê Martinho. Sem ele, o PT não
teria a imagem que tem ou, melhor dizendo, a boa imagem que tem. Sobre a má imagem, ele jamais teve a menor responsabilidade. Dizia apenas que o PT era dividido entre xiitas e chaatos. E, outra vez, tinha razão.
Publicitário de esquerda, petista (não roxo, mas rubro) foi geren de comunicação da Rede Globo em São Paulo. Era uma divertida contradição em termos. A Globo pagava os buquês de flores que ele mandava diariamente, desde os tempos da ditadura, para os amigos que aniversariavam, que tinham filhos, que lançavam livros, que estreavam peças, que faziam discursos de oposição no Congresso. Depois que sua doença começou a se agravar assustadoramente, e isso de dez anos para cá, a Rede Globo pagou muito mais que flores. Pagou muito mais do que mandavam suas obrigações trabalhistas. A Globo dedicou a seu funcionário ilustre uma atenção que não será esquecida. Carlito jamais foi unanimidade, mas chegou muito perto. Foi velado com homenagens do PT, do MST e da Globo. Nada mais justo. O seu apelido, Carlito, era uma nítida alusão ao personagem de Chaplin, o Carlitos pobre, frágil, engraçado e de coração puro. Era assim, aliás, como um Carlitos à brasileira, que os cartunistas gostavam de desenhar Carlito Maia. Tudo a ver. O Carlitos do cinema desbancava todas as tiranias, desde a exploração do trabalho (em Tempos modernos) até o totalitarismo político (O grande ditador). O nosso Carlito fez igual. Foi, portanto, uma tradução viva do personagem solidário de Chaplin. Mas, exceção a todas as regras, não foi um erro de tradução: foi um acerto magnífico, isto sim. Melhor que o original. Por meio de Carlito Maia, o Brasil sonhou seus melhores sonhos. E sonhos não morrem.

eugenio@jb.com.br [27/JUN/2002]

Postado por Meg Guimar?es, 22 nov 2002 @ 22:28

COMENTÁRIOS

1 - O meu latim já deu para traduzir cesar depois esqueci:(beijos, mil)
Postado por: *L , novembro 24, 2002 10:49 PM

2 - Só mesmo você para dar toda a atenção possível até ao meu gasto latim heheh. Beijos, querida.
Postado por: Meg, novembro 27, 2002 07:36 PM

3 - Muito bom este artigo e muito lúcido o jornalista que o assina. São valores como os que distinguiam o publicitário, os quais ele punha a serviço de sua profissão, que a imprensa pode ser respeitada e prestar serviços à coletividade.
Muito boa sua escolha, Meg.

Postado por: Magaly, fevereiro 1, 2004 09:55 AM



Quem gostou do artigo e tiver vontade de manifestar-se sobre ele, vá ao Imagens & Palavras e use o sistema de comentários. Vai, com certeza, fazer a Meg feliz.


RECOMENDAÇÃO:

Já que estão no sítio exato, procurem ler o artigo eu pauta, EM DÍVIDA COM A MULHER, de CARLA RODRIGUES, onde, depois de introduzir o texto, ela responde a uma entrevista expondo de modo claro seus argumentos.
Como a matéria tem pontos polêmicos, aquele que quiser debatê-los, terá o sistema de comentários à sua disposição.
O banner do I&P está à esquerda do campo dos posts, aqui, neste blog.

Boa leitura! Espero que aproveitem.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Para não terminar sem um poema, aqui deixo o lindo e, por isso mesmo tão solicitado


SONETO DA SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
e das bocas unidas fez-se espuma
e das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
que dos olhos desfez a última chama
e da paixão fez-se o pressentimento
e do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
fez-se de triste o que se fez amante
e de sozinho o que se fez contente

fez-se de amigo próximo o distante
fez-se da vida uma aventura errante
de repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes

Que saudades, Vivicius!

publicado por Magaly Magalhães às 5:59 PM
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