Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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Rossana Fischer










2.7.04
 


Renoir Oil painting
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Ganhei de uma amiga o livro Murilo Mendes, Melhores Poemas. Estou francamente noutra dimensão. Não poderia dormir em paz hoje sem dividir com vocês a beleza desses poemas:

MURILOGAMA A CECÍLIA MEIRELES

Dorme no saltério & na magnólia,
Dorme no cristal & em Cassopéia

Dorme em Cassopéia & no saltério,
Dorme no cristal e na magnólia.

O século é violento demais para teus dedos
Dúcteis afeiçoados ao toque dos duendes:

O século, ácido demais para uma pastora
De nuvens, aponta o revólver aos mansos

Inermes no guaiar & columbrando a paz.
Armamentos em excesso, parque sombras de menos

Se antojam agora ao homem, antes criado
Para dança, alegria & ritmos de paz.

A faixa do céu glauco indica-te serena,
Acolhe a ode trabalhada, não gemente

Que ainda quer manter linguagem paralém.
Altas nuvens sacodem as crinas espiando

Teu sono incoativo. A noite vai inoltrada,
Prepara úsnea de seda à sagorna da tua lira

Que subjaz no corpo interrompido, diamante
Ahimé! mortal que os deuses reclamaram.

* * *

Dorme em paz Cassopéia & no saltério,
Dorme no cristal e na magnólia.


PRÉ-HISTÓRIA

Mamãe vestida de rendas
Tocava piano no caos.
Uma noite abriu as asas
Cansada de tanto som,
Equilibrou-se no azul,
De tonta não mais olhou
Para mim, para ninguém:
Cai no álbum de retratos.


CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturanos de Veneza.
Os poetas de minha terra
são pretos que vivem em torre de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil-réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!


Que tal? Não valeu a pena?

Murilo Mendes passou fora do Brasil a maior parte de sua vida, na Itália, tanto que se tornou poeta italiano, prêmio internacional de poesia Etna-Taormina. No entanto, apesar de seu longo exílio, sempre foi, na forma e na inspiração, poeta brasileiro, na palavra de Luciana Stegagno Pichio
A crítica brasileira tem Murilo como uma das vozes mais inovadoras e, por isso mesmo, mais essenciais da lírica modernista.


publicado por Magaly Magalhães às 12:37 AM
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