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6.9.04
CONTOS E CANTOS POPULARES
Contos populares são contos com funções definidas: de entretenimento e de educação. Muitos são os temas tratados nos contos populares: há os de exemplo, os de encantamento, os religiosos ou morais, os de animais, os que dizem respeito à fundação de um local, entre outros.
Como cantos populares conhecemos: acalantos, batuques, canções, modinhas, cirandas, trovas, lundus, rondas, as produções do ciclo junino e do natalino, as canções recolhidas da tradição oral e muitas outras modalidades.
Um conto popular:
A Cumbuca de Ouro e os Marimbondos
Havia dois homens, um rico e outro pobre, que gostavam de fazer peças um ao outro. Foi o compadre pobre à casa do rico pedir um pedaço de terra para fazer uma roça. O rico, para fazer peça ao outro, lhe deu a pior terra que tinha. Logo que o pobre teve o sim, foi para casa dizer à mulher, e foram ambos ver o terreno. Chegando lá nas matas, o marido viu uma cumbuca de ouro, e, como era em terras do compadre rico, o pobre não a quis levar para casa, e foi dizer ao outro que em suas matas havia aquela riqueza. O rico ficou logo todo agitado e não quis que o compadre trabalhasse mais nas suas terras. Quando o pobre se retirou, o outro largou-se com a sua mulher para as matas a ver a grande riqueza. Chegado lá, o que achou foi uma grande casa de marimbondos; meteu-a numa mochila e tomou o caminho do mocambo do pobre, e logo que o avistou foi gritando:*Ó compadre, fecha as portas e deixa somente uma banda da janela aberta!* O compadre assim fez, e o rico, chegando perto da janela, atirou a casa de marimbondos dentro da casa do amigo, e gritou: *Fecha a janela, compadre!* Mas os marimbondos bateram no chão, transformaram-se em moedas de ouro, e o pobre chamou a mulher e os filhos para as ajuntar. O ricaço gritava então: *Ó compadre, abra a porta!* Ao que o outro respondia: *Deixe-me, que os marimbondos estão-me matando!* E assim ficou o pobre rico, e o rico ridículo.
(SÍLVIO ROMERO / Contos Populares do Brasil / 3ª ed / Rio de Janeiro, 1903, pág. 248.)
Um canto popular
Trovas Brasileiras
No lugar aonde eu canto
Todos me tiram o chapéu;
Cada repente que tiro,
Corre uma estrela no céu
- Dizem que mulher é falsa,
É falsa que nem papel,
Mas quem vendeu Jesus Cristo
Foi homem, não foi mulher...
Não tenho medo de homem,
Nem do ronco que ele tem;
O besouro também ronca,
Vai-se ver, não é ninguém.
Chuva que tem de chover,
Por que é que está peneirando?
Amor que tem de ser meu
Por que está negaceando?
Andorinha do coqueiro,
Dá-me novas do meu bem...
Os meus olhos estão cansados
De esperar por quem não vem.
Lá vai a garça voando
Com penas que Deus lhe deu.
Contando pena por pena,
Mais penas padeço eu.
(AFRÂNIO PEIXOTO / Trovas Brasileiras / Rio de Janeiro, 1919.)
publicado
por Magaly Magalhães às 11:20 PM
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