Philosopher in Meditation OilPainting /Rembrandt
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O HOMEM COMO SER SIMBÓLICO
Não há sociedade à qual não se atribua uma organização transcendental. É próprio do homem questionar sobre si mesmo, pensar-se. As religiões constituem uma dessas formas de indagação.
O homem não criou o sagrado por medo dos fenômenos da Natureza, como se costumava afirmar, e sim porque precisava estabelecer os seus limites e os dos outros seres. O sagrado derivou da consciência de que o homem é um ser diferente dos demais seres da Natureza, o que equivale a dizer que o sagrado tem a idade do homem.
O pensamento mágico (não confundir sagrado com magia) corresponde ao interesse que o cientista hoje sente diante do que ainda não descobriu, ou seja, a busca do mágico corresponde à pesquisa científica.
Que se faça bem a diferença:
Religião é a busca do sagrado, da transcendência (verdade maior). Magia é o anseio de desvendar o incognoscível (com vistas em resultados práticos).
Numa crítica rápida, podemos dizer que nenhuma sociedade usou tanto o pensamento mágico como a do século XX e começo do século XXI, o que significa que nunca estivemos tão imersos no imaginário como no presente. Realmente, toda sociedade em processo de desestruturação usa e abusa do mágico. Não dos mitos antigos, mas de um esquema imaginário que atenue as dificuldades do real e aja sobre seus membros no sentido de impedir que eles exijam a queda do sistema.
Ao considerarmos o pensamento filosófico, vamos encontrar na base de todas as filosofias o trinômio: Ser - Valorar - Conhecer. O homem ocidental, porém, sempre teve a pretensão de achar-se o único com capacidade de organizar seu pensamento lógico. negar aquilo que não veio a conhecer por si mesmo. Por exemplo, se o europeu não conhecia, digamos, o ferro, isso o levava a crer que nenhuma outra sociedade pudesse ter conhecido o metal anteriormente. Infelizmente, para prejuízo de todas as sociedades, registrou-se a destruição de acervos culturais, como o da valiosa Biblioteca de Alexandria ; como o extraordinário acervo dos Maias (inscrições em pequenas tábuas: as pintadas de amarelo versavam sobre matemática e geometria; as vermelhas, sobre filosofia; as azuis, sobre partituras).
Os filósofos gregos consideravam o homem através da dicotomia corpo X alma. Já o oriental jamais analisou o homem por essa ótica, considerando sempre a fusão do corpo e da alma. Isto se depreende do pouco do documentário que não foi destruído pelo fogo em Alexandria. Da visão africana sabemos ainda menos, tendo em vista que a África foi um continente arrasado, escravizado durante longo tempo.
Os filósofos escolásticos acreditavam na autonomia do homem, uma vez que este fora feito à imagem e semelhança de Deus.
Não foi agradável para o homem ocidental descobrir que a condição de homem só é possível dentro de um contexto cultural; fora desse contexto, ele é incapaz de se posicionar.
Para ilustrar o conceito, existem cinco casos de crianças que foram criadas por animais. Tais crianças adquiriram o comportamento dos animais que as criaram e não tiveram condição de se socializarem posteriormente, quando resgatadas para o convívio humano. Nos cinco casos, as criaturas vieram a morrer em pouco tempo sem lograrem responder positivamente a qualquer tentativa de condicionamento à vida humana. E só em um desses casos ficou evidenciado um caso de debilidade mental congênita.
Isto vem validar a teoria de que o homem só existe dentro do grupo social. O animal é programado geneticamente. Cada animal sabe o que comer, onde se esconder, como reagir ao perigo, como curar-se, como reproduzir-se. Cada animal é portador de um código genético. Um gato, por exemplo, pode ser amamentado por uma cadela, pode viver a vida toda entre cachorros e nem por isso vai deixar de portar-se como um gato, de miar, de lamber-se, de reagir como gato a qualquer estímulo externo. Recentes pesquisas feitas sobre o código genético dos animais tendem a considerar que certos animais, como elefantes, golfinhos e algumas espécies de macacos dão sinais de que se comunicam, de que têm uma linguagem própria. Aguardemos o avanço desses estudos.
Voltando ao homem, este, sim, não prescinde do grupo, de suas regras, de seus símbolos.
Pode ser uma metáfora a interpretação da perda do paraíso como um corte, uma suspensão: o homem perdeu a capacidade de ser *natureza*, de ter um código genético, de portar a *inconsciência animal* para existir inteligentemente, submetido a normas e regras, para viver dentro de símbolos.
Todas as culturas são dinâmicas. Mudam porque o homem tem tendência a rejeitar os signos com os quais lida (embora nem sempre a mudança signifique evolução). Novos signos substituirão os anteriores num sistema novo.
Ao homem pode-se atribuir toda dualidade: sagrado X profano, bom X mau, grande X pequeno, puro X impuro, sempre dentro de códigos, mas sempre em sociedade, nunca isolado. Sozinho, o homem marginaliza-se.
Nossa verdadeira natureza é simbólica.