Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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Rossana Fischer










3.6.06
 


*Escrevo para dar sentido à minha vida, mas o que importa é a vida*

*... (a poesia) fala de coisas essenciais, do enigma da vida, de experiências existenciais intensas, ainda que momentâneas.*


É isso mesmo; vou lá, venho cá, torno a ir, torno a voltar e volto por fim às fontes que geram preciosidades com esta aqui, por exemplo:


UMA PEDRA É UMA PEDRA

uma pedra
(diz
o filósofo, existe em si,
não para si
como nós)

uma pedra
é uma pedra
matéria densa
sem qualquer luz
não pensa

ela é somente sua
materialidade
de cousa:
não ousa

enquanto o homem é uma
aflição
que repousa
num corpo
que ele
de certo modo
nega
pois que esse corpo morre
e se apaga

e assim
o homem tenta
livrar-se do fim
que o atormenta

e se inventa


Vocês sabem que falo do festejado poeta Ferreira Gullar. A partir desta poesia pertencente a uma nova safra, ele *reafirma a opção de trabalhar a linguagem coloquial num registro elaborado*

*A maneira como me relaciono com a linguagem modifica-se em função da própria experiência com as palavras e os poemas. A matéria da minha poesia tem sido a linguagem coloquial, as palavras de uso corriqueiro. O Poema é o lugar onde a prosa vira poesia, é um artefato construído de modo que a energia potencial, que está nas palavras, acenda e vire uma outra coisa, transfigurando a linguagem usual.*
Estes trechos foram colhidos de uma excelente entrevista por Ricardo Musse no nº 1 da revista Entrelivros (maio de 2005).

Aliás, a revista Entrelivros , além da boa apresentação, é especial em todos os seus itens: artigos, resenhas, colunas, reportagens, entrevistas, seções. Quem me colocou nas mãos esta preciosidade (adivinhem?). Só podia ser nossa orientadora cultural: a extraordinária MEG.


E, agora, quero anunciar minha intenção de voltar à tão arejada forma de versejar que é a TROVA, que vocês há pouco tempo aceitaram de bom grado, entrando no concurso infelizmente planejado num momento pouco favorável de minha vida e que, por tal razão, foi à garra, teve que ser interrompido.

Eu mesma não sei se já estou com fibra para enfrentar tal façanha. Então, vamos antes de tudo, preparar o clima, conversando sobre o assunto, falando sobre os tipos de trova, apresentando trovas de autores consagrados. Acho que assim vai haver um bom estímulo pra nós todos.

Vou até me precipitar e já deixar aqui umas trovinhas bem gostosas de uma amiga/irmã (há mais de meio século) cuja verve aumenta com a idade.

O amor anda escaldado.
A esperança nem falar.
A paz de súbito alada
Foi noutro astro pousar

Povos descendo aos infernos,
Os mesmos que Deus criou.
Que gente insensata é essa
Que o bom senso dissipou!


Que tal? Por ora, não revelo a artista, mas dou o apelido com que carinhosamente a chamo: Toninha. Vou trazê-la muitas vezes aqui. Não quer nada com informática; é da roda dos poetas e artistas.

Houve mais de uma pessoa propondo que eu repita o item Atividade. Vamos lá. Respondam por e-mail, ok?

ATIVIDADE:

a) De quem é este poema e qual seu título?

Aqui me tenho
Como não me conheço
nem me quis

sem começo
nem fim

aqui me tenho
sem mim

nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
transparente

b)Prêmio / participação: Duas trovas bem transadinhas.

Para alegrar os olhos de vocês:



COMPOSIÇÂO / Cícero Dias

publicado por Magaly Magalhães às 10:41 PM
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