The Roses of Heliogabalus Oil Painting de Lawrence Alma Tadema
CINCO ANOS DE EFICIÊNCIA EM BLOG
Estamos diante de um exemplo de eficiência em padrão altíssimo. Trata-se do blog SUBROSA que faz seu primeiro qüinqüênio com a mesma força e vibração dos seus primeiros anos.
O SUBROSA é, sem dúvida, o exemplo vivo da intrepidez com que sua digníssima proprietária, a professora, crítica e filósofa Meg Guimarães conduz suas apreciações, suas pesquisas, suas entrevistas e dicas visando sempre a descobrir blogueiros promissores revestindo tudo de um humor colorido e irresistível.
A poesia tem no Subrosa um lugar de excelência, tanto que a Meg está sempre a repetir: *Fora da poesia não há salvação*. E, realmente, é impossível pensar em Meg sem fazer essa ilação, tanto que faço uma pausa para inserir:
De William Blake:
INJUNCTION
The Angel that presided o´er my birth
Said: *Little creature, formed of joy and mirth,
Go, love without the help of anything on earth.*
e
LOVE´S SECRET
Never seek to tell thy love,
Love that never told can be:
For the gentle wind does move
Silently, invisibly.
I told my love, I told my love,
I told her all my life;
Trembling, cold, in gastly fears,
Ah! She did depart!
Soon as she was gone from me,
A traveller came by,
Silently, invisibly:
He took her with a sigh.
É difícil continuar falando do Subrosa senão por meio de poemas que levarão à Meg sua atmosfera encantatória, onde ela respira livremente e se realimenta.
De Charles Beaudelaire:
HARMONIE DU SOIR
(Les Fleurs du Mal, seconde édition)
Voici venir les temps où vibrant sur sa tige
Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir ;
Les sons et les parfums tournent dans l'air du soir ;
Valse mélancolique et langoureux vertige !
Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir ;
Le violon frémit comme un coeur qu'on afflige ;
Valse mélancolique et langoureux vertige !
Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir.
Le violon frémit comme un coeur qu'on afflige,
Un coeur tendre, qui hait le néant vaste et noir !
Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir ;
Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige.
Un coeur tendre, qui hait le néant vaste et noir,
Du passé lumineux recueille tout vestige !
Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige...
Ton souvenir en moi luit comme un ostensoir !
De Florbela Espanca:
OS VERSOS QUE TE FIZ
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
De Carlos Drummond de Andrade
CONSIDERAÇÃO DO POEMA
Não rimarei a palavra sono
com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que todas me convêm.
As palavras não nascem amarradas,
elas saltam, se beijam, se dissolvem,
no céu livre por vezes um desenho,
são puras, largas, autênticas, indevassáveis.
Uma pedra no meio do caminho
ou apenas um rastro, não importa.
Estes poetas são meus. De todo o orgulho,
de toda a precisão se incorporam
ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius
sua mais límpida elegia. Bebo em Murilo.
Que Neruda me dê sua gravata
chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakovski.
São todos meus irmãos, não são jornais
nem deslizar de lancha entre camélias:
é toda a minha vida que joguei.
Estes poemas são meus. É minha terra
e é ainda mais do que ela. É qualquer homem
ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna
em qualquer estalagem, se ainda as há.
* Há mortos? há mercados? há doenças?*
É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,
por que falsa mesquinhez me rasgaria?
Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas.
O beijo ainda é um sinal, perdido embora,
da ausência de comércio,
boiando em tempos sujos.
Poeta do finito e da matéria,
cantor sem piedade, sim, sem frágeis lágrimas,
boca tão seca, mas ardor tão casto.
Dar tudo pela presença dos longínquos,
sentir que há ecos, poucos, mas cristal,
não rocha apenas, peixes circulando
sob o navio que leva esta mensagem,
e aves de bico longo conferindo
sua derrota, e dois ou três faróis,
últimos! esperança do mar negro.
Essa viagem é mortal, e começá-la.
Saber que há tudo. E mover-se em meio
a milhões e milhões de formas raras,
secretas, duras. Eis aí meu canto.
Ele é tão baixo que sequer o escuta
ouvido rente ao chão. Mas é tão alto
que as pedras o absorvem. Está na mesa
aberta em livros, cartas e remédios.
Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,
o uniforme de colégio se transformam,
são ondas de carinho te envolvendo.
Como fugir ao mínimo objeto
ou recusar-se ao grande? Os temas passam,
eu sei que passarão, mas tu resistes,
e cresces como fogo, como casa,
como orvalho entre dedos,
na grama, que repousam.
Já agora te sigo a toda parte,
e te desejo e te perco, estou completo,
me destino, me faço tão sublime,
tão natural e cheio de segredos,
tão firme, tão fiel... Tal uma lâmina,
o povo, meu poema, te atravessa.
Ficam por aqui, Meg, nossos louvores a você e ao Subrosa. Que sua dedicação e amor à cultura continuem a desempenhar com fõlego e sabedoria esse precioso trabalho nessa área tão promissora, abrindo caminhos aos que têm aptidão e vontade de crescer.
Felizes trilhas, felizes resultados, FELICIDADES.
E aguardemos o dia de amanhã, 19 de setembro, o quinto ano de vida do valente SUBROSA.