Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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21.5.03
 
Estava escrevendo sobre os ecos da Bienal, mas ando perdendo posts. O que estou fazendo aqui hoje é exatamente um tipo de teste. Quero ver se consigo publicar este post. Caso contrário, tenho que tomar medidas mais sérias. Por enquanto, estou tentando descobrir o que há, dentro de minhas parcas possibilidades. Desejem-me sorte e estarei de volta o mais breve possível.
Boa semana pra todos.

publicado por Magaly Magalhães às 11:47 PM
18.5.03
 
A novidade do momento é o sucesso que tem registrado a Bienal do Livro, evento a cada realização mais concorrido e mais bem representado. O Café Literário tem atraído gente de toda faixa etária, gente que se empolga em ouvir os autores falarem de suas obras, de seu processo criativo, de seus projetos para o futuro, de suas idiossincrasias, de suas experiências literárias. A série de encontros desta bienal também aponta para o sucesso: a Família literária que reúne escritores do mesmo núcleo familiar ou escritores que se identificam por afinidades, a série Amigos para sempre em que escritores invocam a memória de outros escritores que já nos deixaram. Há as estrelas estrangeiras, como o escritor anglo-indiano, Salman Rushdie, autor de "Os versos Satânicos" que agora vem falar de de seu mais recente livro - "Fúria", obra considerada premonitória; e a cartunista argentina Maitena, autora de "Mulheres alteradas".
Acompanhemos as notícias e viva a cultura!

@@@@@@@@@@@@

Falando de SAÚDE

Está na Veja nº20: "12 por 8 é ruim"
As pessoas eram consideradas hipertensas com pressão arterial acima de 13 por 9 e 14 por 9. Hoje, a pressão de 12 por 8 já é considerada faixa de risco. Esta nova tomava de posição dos médicos prende-se ao fato de que diversas pesquisas mostram que o risco de doenças cardiovasculares é revelador em pessoas com pressão entre 12 por 8 e 13 por 9.

Falando de SPAM

Está neurótico/a com a caixa de mensagens cheia de entulho?
Programas que bloqueiam e-mails indesejados:
MailSweep (www.crystaloffice.com), Spam Buster (www.contactplus.com), SpamEater Pro (www.hms.com), SpamKiller (www.mcafee.com) ---> pagos ; Mailwasher (www.mailwasher.net),
Despammed (www.despammed.com) ---> gratuitos. Vi na Veja nº 20

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Ferreira Gullar

É poeta presente a esta Bienal. Alguns de seus poemas:

Muitas vozes

Meu poema
é um tumulto:
é fala
que nele fala
outras vozes
arrasta em alarido
(estamos todos nós
cheios de vozes que o mais das vezes
mal cabem em nossa voz:
se dizes pêra
acende-se um clarão
um rastilho
de tardes e açúcares
ou
se azul disseres
pode ser que se agite
o Egeu
em tuas glândulas).
A água que ouviste
num soneto de Rilke
os ínfimos
rumores no capim
o sabor
do hortelã
(essa alegria)
a boca fria
da moça
o maruim
na poça
a hemorragia
da manhã
tudo isso em ti
se deposita
e cala.
Até que de repente
um susto
ou uma ventania
(que dispara o poema)
chama
esses fósseis à fala.
Meu poema
é tumulto, um alarido:
basta apurar o ouvido.


That is the question

Dois e dois são quatro.
nasci cresci
para me converter em retrato?
em fonema? em morfema?
Aceito ou denoto o poema?


Isto e aquilo

você é seu corpo
sua voz seu osso
você é seu cheiro
e o cheiro do outro
o prazer do beijo
você é seu gozo
o que vai morrer
quando o corpo morra
mas é também aquela
alegria (verso, melodia)
que, intangível, adeja
acima do que a morte beija

@@@@@@@@@@



publicado por Magaly Magalhães às 1:23 AM
12.5.03
 
Homenagem às mães de hoje, do futuro e às que já se foram , com carinho. Um pouco tardia, mas só agora consegui um tempinho para vir aqui.

"A relação entre mãe e filho é, em certo sentido, paradoxal e trágica. Requer intenso amor por parte da mãe; contudo, esse mesmo amor deve ajudar a criança a crescer, separar-se da mãe e tornar-se plenamente independente.
Eric from

http://www.rainhadapaz.g12.br/eventos/imagens/imagensmae99/MAE_AMAMENTANDOpeq.jpg

publicado por Magaly Magalhães às 1:08 AM
9.5.03
 
Admirava em Waly Salomão a sua exuberância, o seu entusiasmo, como se uma força cósmica ungisse sua poesia. Poeta de linguagem visceral, de ritmo de transe nas evoluções das personagens, Waly tendia, às vezes, a uma fúria onomatopaica sem, entretanto, deixar escapar o sentido.

"Já não me habita mais nenhuma utopia
animal em extinção
quero praticar poesia
a menos culpada de todas as ocupações"
De Lábia, um de seus livros mais interessantes.

A morte colheu-o cedo, no vigor de seu 57anos, quando ainda nos podia oferecer trabalhos tão originais como seu útimo livro Tarifa de embarque em que ele acrescenta um elemento predominantenente lírico - a busca por origens, a demanda
por ancestralidades.

Seu espírito satírico não era menos interessante, o que podemos conferir no epigrama :
Novelha cozinha poética:

Pegue uma fatia de Theodor Adorno
Adicione uma posta de Paul Celan
Limpe antes os laivos do forno crematório
Até torná-la magra-enigmática
Cozinhe em banho-maria
Fogo bem baixo
E depois leve ao departamento de Letras
Para o douto Professor dourar

Adeus, Waly, sua presença física vai ser sentida, mas fica a sua obra de impetuoso ritmo e vigor.

************************

Com licença poética

Adélia Prado

Quando nascí um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não,
creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida
é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


É, Adélia sabe dizer coisas!...






publicado por Magaly Magalhães às 2:02 AM
5.5.03
 
Alô, gente boa! Vejam só o que acabo de ler.

WEB ARMADA

"Uma webcam plugada a um computador foi a protagonista numa tentativa de assalto em Araçatuba, no interior de São Paulo.
A professora Verônica Patrícia Eguia Pereira Soares, de 25 anos, trocava mensagens pelo NetMessenger, da Microsoft, com um
amigo que mora em Montevidéu, no Uruguai, quando dois homens encapuzados e armados com revólveres calibre 38 invadiram sua
casa. Verõnica, seus pais e um sobrinho foram amordaçados e deixados na sala, enquanto os assaltantes esvaziavam a casa. O
que nenhum deles sabia é que o NetMessenger continuava ligado, filmando tudo o que acontecia na sala. Logo que percebeu o assalto, o amigo de Montevidéu - identificado apenas como Maurício - ligou para um tio em São Paulo, que notificou o serviço 190
da Polícia Militar. Pouco depois, a casa já estava cercada.
A história teve final feliz. Depois de quatro horas de negociações, os bandidos se renderam e Verônica pôde se reconectar e
tranqüilizar o amigo uruguaio.

Notícia lida em Clique Final por Flávia Yuri, da revista INFO Exame de maio / 2003.

*********************

Quem leu a entrevista de Cacá Diegues para O Globo sobre a retomada do cinema e as ameaças que pesam sobre a cultura pela novas regras de incentivo fiscal?

"As atuais regras de incentivo são uma sandice cultural, audácia autoritária que nem a ditadura foi capaz de ousar."

"Não creio que Lula tenha conhecimento exato do que está acontecendo".

"Para alcançar a grandeza, é preciso liberdade."


Uma pena que algo possa vir a cercear o desenvolvimento do cinema brasileiro, justamente agora que ele tendia para a condição de atividade industrial auto-sustentável.

************************

Poeticamente, fala-nos de liberdade o nosso consagrado vate J.G.de Araújo Jorge

ORDEM DO DIA

J. G. de Araújo Jorge


Não chegaremos ao livro, sem o leite e o pão,
nem chegaremos ao pão sem a terra e sem o teto,
nem chegaremos à terra sem liberdade e justiça,
oh! a indispensável coragem
para essa luta.

Lutemos, pois, - todos nós, - brancos, pretos e amarelos,
que choramos e comemos, que crescemos e estudamos,
que sofremos e construímos, como homens sem cor,
todos nós que precisamos do mesmo leite branco
e do mesmo livro, e da mesma terra, e da mesma liberdade
para viver.

Viver.
Ou ao menos morrer, mas lutando.


Não tenho certeza, mas acho que não é a primeira vez que falo, aqui, de liberdade através deste poema forte e inspirado.
Nada a perder com a repetição. O poeta sabe dar cores, tons e vibração a tema de tanta relevância.


Boa semana, bom período de trabalho e confiança em dias melhores.







publicado por Magaly Magalhães às 2:17 AM
2.5.03
 
Alô! Tenho novidade!

http://www.maricotatricota.blogger.com.br/cblog_lindosolhos.jpg

publicado por Magaly Magalhães às 5:44 PM
1.5.03
 
Tenho a grata satisfação de dizer que o sistema de comentários já voltou a funcionar. Que bom! Estava sentindo falta da "voz" de vocês. Agora, é só colocar em dia a leitura dos posts e comentar os publicados nas últimas semanas e no dia corrente.

Estou sem referenciais hoje. Ando dando atenção a assuntos fora da Internet e isso me afasta um pouco dessa nossa atmosfera.

Aos poucos, vou reentrando, e nada melhor para isso do que a porta do sentimento, a voz da poesia, razão maior do meu espaço virtual, como vocês podem muito bem comprovar .

Dublé Canoro

Uma sintaxe das cifras
recita-se uníssona
ao périplo
de plumas

Um estampido fura
a partitura na clave do
sol

sem
rumo
a carne
em queda

na rota ainda suas notas


Refratar

Se nas fórmulas
das palavras
um grafite
atingir
sua forma máxima,
um poema cortará
o papel que o
refrata.


Reciclar

Salvo um verso,
o que era apenas caligrafia
devolve-se do rascunho
à paisagem,
a parte que cabe às árvores
e o que sobrar
ao menos brotem pedras
do grafite.

Os três poemas acima são do poeta carioca Marco Antônio Saraiva, nascido em 1963, autor de Entre nervuras e Sete jardins e uma paisagem, livros de poesia.



Voltarei em poucos dias. Até lá.


publicado por Magaly Magalhães às 1:24 AM