Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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30.10.03
 
Pardal, Pardal, gritava a meninada naquele trecho de rua, no Graja�. Pipa empinada, correndo c�lere, quase voando com a pipa, aquele menino magro, pequeno para a idade, sentia-se triunfante em seu ambiente predileto.
Dif�cil era manter o ritmo acelerado com que impunha n�o digo uma lideran�a de grupo, mas um lugar importante naquela minidemocracia que era a molecada do bairro.
Se a palavra de ordem era futebol, ele vibrava representando o seu time do cora��o - o Botafogo, com igual entusiasmo, por um bom final de partida.
Era o direito a essa alegria infantil sem fronteiras que ele exercia como se quisesse perpetuar aquela fase de sua vida.
Os deveres da escola ele sabia que teria que fazer nem que fosse de madrugada. A vigil�ncia materna, frustrada a cada chamamento no port�o de casa, o que se estendia pela tarde afora, dava-lhe a certeza de que teria que abrir um tempo para cumprir os trabalhos escolares.
Nesta m�gica atmosfera infantil, de v�os cada vez mais ousados, Pardal passou os melhores anos de sua vida e plasmou seu generoso perfil.
Homem feito, esses quadros de mem�ria da inf�ncia sempre vinham � baila, em animadas reuni�es familiares.
Certa vez, j� crescidinho, quando o Botafogo dava sinais de queda de posi��o em rela��o aos times mais expressivos, ele se voltou para o pai e perguntou:
- Posso mudar de time, papai?
A autocensura se antecipou e ele se apressou em lan�ar solene sua decis�o:
- Deixe pra l�, o Botafogo foi minha escolha pra vida inteira.
Ele j� era a criatura simples e boa, aut�ntica, leal e verdadeira, marcas de car�ter que levou, buriladas, para a vida adulta, tragicamente interrompida.
Que saudades, Estev�o!


Inevit�vel! Relevem o desabafo, as lembran�as que se intrometem impunemente.

Flavinha, d� pra voc� produzir um pardal pra mim?

Fico devendo a imagem. S� um pardal entraria bem aqui. At� mais.


publicado por Magaly Magalhães às 10:35 PM
24.10.03
 
Trago aqui hoje, � revelia do companheiro Dudi Maia Rosa, um de seus trabalhos. Quero homenage�-lo. A mensagem que me enviou sobre o passamento de meu filho me deixou comovida. O verde de sua obra � a esperan�a de minha paz interna.


Eu, pensando...
A palavra de ordem agora � vida normal - assuntos correntes a comentar, hist�rias novas a contar ou hist�rias velhas a resgatar, acontecimentos inesperados, situa��es inusitadas, assuntos da vida comum, nossos medos, a banaliza��o da viol�ncia, o nosso t�dio diante das dificuldades de rea��o a esse estado de coisas.

Jabor, na cr�nica de ter�a-feira de O Globo, Segundo Caderno, � que fez o alerta certo: �Tinha de haver um grande movimento de den�ncia e combate da sordidez da ind�stria cultural, da explora��o das supersti��es, dos horrores culturais que vemos nas televis�es. Como? n�o sei; mas n�o podemos continuar aceitando tudo, num conformismo c�nico e individualista.�


Hum! est�o mais bonitos do que nunca os tr�s movimentos de �Pat�tica�, a sonata
n� 8 em d� menor, op. 13, de Beethoven. Sou fascinada por esta sonata como tamb�m por �Appassionata�, n� 23, em f� menor, op.57. N�o sei definir qual a mais
vibrante. No piano de Arthur Moreira Lima. Meu instrumento predileto - o piano.
Quem me v� falar assim, pensa que entendo de m�sica. Amo, adoro ouvir m�sica, mas � tudo. S� sei que minha alma fica leve e consigo enxergar o lado positivo das coisas da vida. A boa m�sica � um sopro divino.


Resgatando Manuel Bandeira, deixo voc�s hoje com

�O GRILO�

Grilo, toca a� um som de flauta.
- De flauta? Voc� me acha com cara de flautista?
- A flauta � um belo instrumento, n�o gosta?
- Troppo dolce!

publicado por Magaly Magalhães às 1:11 AM

 
OBSERVA��O IMPORTANTE!

N�o posso mais me permitir tantos deslizes. J� quebrei x�cara de porcelana, prato fundo novo (de di�rio), meu vidro de pimenta malagueta e de cheiro (preparado em Fortaleza!), esqueci de colocar imagem no antepen�ltimo post, falhei na coloca��o da imagem no �ltimo post e, agora, a homenagem que quis prestar ao Dudi ficou desfigurada porque a imagem ficou a quil�metros do trecho no qual eu me refiro ao �Verdinho-aguillar�.
Desculpem-me amigos, e, em particular, o Dudi. Voc�s v�o ter que rodar meia barra de rolagem ou mais para encontrar o significativo trabalho do artista homenageado.
Estou pondo isso ainda na conta do desajuste sofrido h� pouco, mas podem desconfiar que sou mesmo uma blogueira expressivamente trapalhona.

Voc�s viram que j� tomei a delibera��o de voltar � vida normal.
Tenho dito.


publicado por Magaly Magalhães às 12:49 AM
23.10.03
 

publicado por Magaly Magalhães às 10:50 PM
21.10.03
 


Meus queridos visitantes, que bonito papel voc�s t�m cumprido na tentativa de me reerguer o �nimo com palavras d�ceis, palavras de f�, conselhos, conferindo-me uma assist�ncia que eu n�o sonhara merecer! Ainda ontem, Of�lia, com a propriedade que lhe � habitual, trouxe-me este poema divino de Carlos Drummond de Andrade:

AUS�NCIA

Por muito tempo achei que a aus�ncia � falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje n�o a lastimo.
N�o h� falta na aus�ncia.
A aus�ncia � um estar em mim.
E sinto-a, branca, t�o pegada,
aconchegada nos meus bra�os,
que rio e dan�o e invento exclama��es alegres
porque a aus�ncia, essa aus�ncia assimilada,
ningu�m mais a rouba de mim.


Eu, pensando...
Depois de tanto viver, eu me sinto estranha a mim mesma. Os grandes choques costumam produzir rea��es inesperadas. N�o me entrego a acessos de desespero
ou a lamenta��es descabidas. A f� me sustenta e os amigos me consolam, mas � estranho... N�o estou me superando num ponto - n�o estou suportando a falta f�sica. � muito dif�cil, fraquejo de vez em quando. Drummond apontou o caminho. Vou tentar pensar a aus�ncia e assumi-la, assimil�-la, acomod�-la no peito... e viver.


Of�lia, viu como voc� atacou o ponto nevr�lgico? Eu lhe prometo que logo terei transfigurado a falta em aus�ncia assimilada e me sentirei praticamente inteira. Obrigada, amiga.


N�o posso encerrar este post sem deixar com voc�s a delicadeza destes versos de Cec�lia Meireles lidos hoje, pela manh�, ao som da Sonata n�2 para piano de Chopin.

VELHO ESTILO

Coisa que passas, como � teu nome?
De que inconst�ncias foste gerada?
Abri meus bra�os para alcan�ar-te?
fechei meus bra�os - n�o tinha nada

De ti s� resta o que se consome.
Vais para a morte? Vais para a vida?
Tua presen�a nalguma parte
� j� sinal da tua partida.

E eu disse a todos desse teu fado,
para esquecerem teu chamamento,
saberem que eras constitu�da
da errante ess�ncia da �gua e do vento.

Todos quiseram ter-te, malgrado
pren�ncios tantos, tantas amea�as.
Grande, adorada desconhecida,
como � teu nome, coisa que passas?

Pisando terras e firmamento,
com um ar de exausta gente dormida,
abandonaram termos tranq�ilos,
portas abertas, �reas de vida.

E eu, que anunciei o acontecimento,
fui atr�s deles, com inseguran�a,
dizendo que ia por dissuadi-los,
mas tendo a sua mesma esperan�a.

No ardente n�vel desta experi�ncia,
sem rogo, l�grima nem protesto,
tudo se apaga, preso em sigilos:
mas no desenho do �ltimo gesto,

h� m�os de amor para a tua aus�ncia.
E esse � o vest�gio que n�o se some:
resto de todos, teu pr�prio resto.
- Coisa que passas, como � o teu nome?


Uma grata noite para todos.

publicado por Magaly Magalhães às 11:32 PM
16.10.03
 
Eu, pensando...

Ser� que consigo? PENSAR, sem que eu o queira, �, no momento, sin�nimo de FUGIR.
Que eu fuja, ent�o, que fuja para os blogs amigos, pra visit�-los, pra buscar informa��es que me reatem aos fatos correntes, que me digam que ainda sou capaz
de sentir, de rir, de viver com gra�a, de praticar atos �teis desvinculados da id�ia de obrigat�rios, em poucas palavras, de sentir-me gente outra vez.

Esta � a minha inten��o declarada. Sabem que acontece mal acabo de pensar esta declara��o? Ou�o, como um estribilho, a quadra de Fernando Pessoa:

�N�o mais, n�o mais, e desde que sa�ste
Desta pris�o fechada que � o mundo,
Meu cora��o � inerte e infecundo
E o que sou � um sonho que est� triste.�

REAGIR, REAGIR, REAGIR - eis a quest�o!

E vamos, sim, ajudem-me!


Vamos ao saudoso cronista Rubem Braga, mestre em tirar de fatos cotidianos uma consider�vel carga l�rica e humana produzindo registros realmente po�ticos em linguagem coloquial e comunicativa.

RECADO AO SENHOR 903

Vizinho - Quem fala aqui � o vizinho do 1003. Recebi, outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava do barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua pr�pria visita pessoal - devia ser meia-noite - e sua veemente reclama��o verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira raz�o. O regulamento do pr�dio � expl�cito e, se o n�o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Pol�cia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e � imposs�vel repousar no 903 quando h� vozes, passos e m�sicas no 1003. Ou melhor, � imposs�vel ao 903 dormir quando o 1003 se agita, pois como n�o sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois n�meros, dois n�meros empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo Oceano Atl�ntico, ao norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que � o senhor. Todos esses n�meros s�o comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atl�ntico fazemos algum ru�do e funcionamos fora dos hor�rios civis; n�s dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da mar�, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier � minha casa (perd�o, ao meu n�mero) ser� convidado a se retirar �s 21:45 e explicarei: O 903 precisa repousar das 22 �s 7 pois �s 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levar� at� o 527 de outra rua em que ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, est� toda numerada; e reconhe�o que ela s� pode ser toler�vel quando um n�mero n�o incomoda outro n�mero, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Pe�o-lhe desculpas - prometo sil�ncio...
...mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse � porta de outro e dissesse: �Vizinho, s�o 3 horas da manh� e ouvi m�sica em tua casa. Aqui estou.� E o outro respondesse: �Entra, vizinho e come do meu p�o e bebe do meu vinho! Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a
vida � curta e a vida � bela�.
E o homem trouxesse sua mulher e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando can��es para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murm�rio da brisa nas �rvores e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

(in 200 Cr�nicas escolhidas. Rio de Janeiro, Record, 1977, p. 178-179)


Meu boa-noite a todos. At� outra hora.


publicado por Magaly Magalhães às 12:34 AM
8.10.03
 

publicado por Magaly Magalhães às 6:29 PM

 
Amigos, estou aqui, tentando timidamente reatar nossas conversas, nossos encontros nos coment�rios. Alma esvaziada, a espontaneidade sumiu, o verbo parece emperrado, as palavras se fazem dif�ceis. Mas n�o vim aqui pra expor minha fragilidade a voc�s que me cercaram de tanto carinho e amparo.
Sei que a vida continua com todos os seus altos e baixos para todos os viventes, como que para arrastar os j� golpeados, numa grande demonstra��o de reinven��o do ato de viver. Al�m do mais, se me fosse dado falar com Est�v�o, tenho certeza de que estaria avidamente cobrando, com a exuber�ncia que lhe era t�pica, o post novo, a not�cia da vez, a �piadinha inocente�, o poema de amor rasgado, o bom cordel nordestino... Ele era assim... Alegre, espont�neo, musical, sens�vel, botafoguense exarcebado, barulhento por natureza quando queria alegrar a galera em torno dele. Mas centrado, silencioso, correto na hora de decidir as coisas s�rias da vida.
�... N�o h� nada a fazer, a n�o ser sublimar o que nos pesa e maltrata, resgatar e guardar com carinho as lembran�as boas e ternas e isto podemos fazer de mil maneiras
A poesia � sempre um �timo derivativo, sempre foi minha fonte de consolo e inspira��o. E M�rio Faustino (al�, al�, Meguinha!) soube como ningu�m lidar com a morte em seus incont�veis versos que t�o bem couberam numa �meia vida� ainda mais curta e com morte t�o violenta quanto a do meu Est�v�o.


EGO DE MONA KATEUDO

Dor, dor de minha alma, � madrugada
E aportam-me lembran�as de quem amo.
E dobram sonhos na mal-estrelada
Mem�ria arfante donde algu�m que chamo
Para outros bra�os cardiais me nega
Restos de rosa entre len��is de olvido.
Ao longe ladra um cora��o na cega
Noite ambulante. E escuto-te o mugido,
Oh vento que meu c�rebro aleitaste,
Tempo que meu destino ruminaste.
Amor, amor, enquanto luzes, puro,
Dormido e claro, eu velo em vasto escuro,
Ouvindo as asas roucas de outro dia
Cantar sem despertar minha alegria.


SONETO

Necessito de um ser, um ser humano
Que me envolva de ser
Contra o n�o ser universal, arcano
Imposs�vel de ler

� luz da lua que ressarce o dano
Cruel de adormecer
A s�s, � noite, ao p� do desumano
Desejo de morrer.

Necessito de um ser, de seu abra�o
Escuro e palpitante
Necessito de um ser dormente e lasso

Contra meu ser arfante:
Necessito de um ser sendo ao meu lado
Um ser profundo e aberto, um ser amado.


�Poesia de M�rio Faustino� - Cole��o Poesia Hoje / de Moacyr F�lix

publicado por Magaly Magalhães às 6:18 PM