Divulgar
idéias próprias, combater o discurso invertido corrente,
aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste
veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
31.7.02
Ol�, pessoal! Eu, de novo. Hoje me sinto crian�a. Por isso, talvez, n�o me saia da cabe�a um poeminha lindo de Cec�lia Meireles, dirigido aos leitores mirins ou aos que, de vez em quando, voltam a esse est�gio, como se quisessem tomar novo folego para continuar a caminhada pela vida.
OU ISTO OU AQUILO
Ou se tem chuva e n�o se tem sol ou se tem sol e n�o se tem chuva!
Ou se cal�a a luva e n�o se p�e o anel, ou se p�e o anel e n�o se cal�a a luva!
Quem sobe nos ares n�o fica no ch�o, quem fica no ch�o n�o sobe nos ares.
� uma grande pena que n�o se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e n�o compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro!
N�o sei se brinco, n�o sei se estudo, se saio correndo ou fico tranqu�lo.
Mas n�o consegui entender ainda qual � melhor: se � isto ou aquilo
N�o � uma gracinha? Tenham sonhos leves como estes versos.
publicado
por Magaly Magalhães às 1:13 AM
28.7.02
Voltei com uma inten��o : ser r�pida e oferecer-lhes um poeminha de fabrica��o caseira, um modo carinhoso de fazermos as pazes.
MEDITANDO
C� estou, a meditar, a tentar passar a limpo tra�os, riscos, rabiscos, dores, pendores, amores.
Tra�os luzentes, cinzentos, coloridos, doloridos, emba�ados pelo tempo, esvaziados... queridos...
Resta uma saudade fluida a fertilizar a alma, a contornar o des�nimo, a recuperar a calma.
Eis-me meditando ainda. Desses prov�veis resgates a novos poss�veis embates: Deixar a tarefa finda.
Magaly Magalh�es 2001 / Rio
publicado
por Magaly Magalhães às 1:39 AM
27.7.02
Estou sem gra�a. Submeti voc�s a uma situa��o inconveniente por um erro meu referente a postagens. Os textos dos dias 25 e 26 se repetem, como devem ter observado, quando s� � v�lido o do dia 26. N�o tive a inten��o de que "A Fl� de Puxinan�" e "Brasi Caboco" fizessem parte do post por serem longas e, num momento de distra��o, apertei o bot�o Publicar sem retir�-las do contexto. Alguma coisa deve, realmente, ter-me tirado a concentra��o, porque, ato cont�nuo, descartei as referidas pe�as e pressionei o bot�o Publicar para a vers�o reduzida. Resultado: mensagens repetidas. Desgastante para mim porque n�o � a primeira vez que cometo esse tipo de deslize (o anterior aconteceu numa tentativa de mudan�a de template, lembram-se?); e desgastante para voc�s, pelo que pe�o desculpas, prometendo me policiar mais, de agora por diante. Como compensa��o, fico por aqui hoje, sem poemas, sem surpresas, mas com muita vontade de conseguir uma "performance" mais elaborada, menos amadora. At� mais.
publicado
por Magaly Magalhães às 7:32 PM
26.7.02
Visitinha r�pida, n�o d� para falar muito hoje.Vou s� deixar um cordel engra�adinho que encontrei em meus guardados para complementar os coment�rios de ontem. Se desse para explorar mais, eu o faria com gosto. Adoro mexer com esses assuntos, mas fico a me perguntar se os amigos me conferem o direito de ser insistente assim.
Severino de Andrade Silva (Z� da Luz), nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965
AI! SE S�SSE!...
Se um dia n�s se gostasse; Se um dia n�s se queresse; Se n�s dos se impari�sse, Se juntinho n�s dois vivesse! Se juntinho n�s dois morasse Se juntinho n�s dois drumisse; Se juntinho n�s dois morresse! Se pro c�u n�s assubisse? Mas por�m, se acontecesse qui S�o P�do n�o abrisse as portas do c�u e fosse, te diz� quarqu� toul�ce? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, pr� qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do c�u furasse?... Tarvez qui n�s dois ficasse tarvez qui n�s dois ca�sse e o c�u furado arriasse e as virge t�das fugisse!!!
E a�? Valeu? At� breve, o mais breve poss�vel.
publicado
por Magaly Magalhães às 12:21 AM
25.7.02
Visitinha r�pida, n�o d� pra falar muito hoje. Vou s� deixar um cordel muito bonitinho que encontrei agora para complementar os coment�rios de ontem. Se desse para explorar mais, eu o faria. Gosto de mexer com essas coisas, mas fico a me perguntar se os amigos me conferem o direito de ser prolixa ou insistente.
Vamos l�, ent�o.
Severino de Andrade Silva (Z� da Luz), nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965
AI! SE S�SSE!...
Se um dia n�s se gostasse; Se um dia n�s se queresse; Se n�s dos se impari�sse, Se juntinho n�s dois vivesse! Se juntinho n�s dois morasse Se juntinho n�s dois drumisse; Se juntinho n�s dois morresse! Se pro c�u n�s assubisse? Mas por�m, se acontecesse qui S�o P�do n�o abrisse as portas do c�u e fosse, te diz� quarqu� toul�ce? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, pr� qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do c�u furasse?... Tarvez qui n�s dois ficasse tarvez qui n�s dois ca�sse e o c�u furado arriasse e as virge t�das fugisse!!!
E a�? Valeu? At� mais.
AS FL� DE PUXINAN� (Par�dia de As "Fl� de Geremat�ia" de Napole�o menezes)
Tr�s mui� ou tr�s irm�, tr�s cach�rra da mulesta, eu vi num dia de festa, no lugar Puxinan�.
A mais v�ia, a mais ribusta era mermo uma tenta��o! mimosa fl� do sert�o que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Gul�imina, tinha uns �i qui �! mardi��o! Matava quarqu� crit�o os oi� d�ssa minina.
Os �i dela paricia duas istr�la tremendo, se apagando e se acendendo em noite de ventania.
A terc�ra, era Maroca. Cum um c�ipo muito m� feito. Mas por�m, tinha nos peito dois cusc�s de mandioca.
Dois cusc�s, qui, pr� capricho, quando ela passou pru eu, minhas venta se acendeu cum o ch�ro vindo dos bicho.
Eu int�, me atrapaiava, sem sab� das tr�s irm� qui ei vi im Puxinan�, qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz pr� sair desse imbara�o, desejei, morr� nos bra�os, da dona dos dois cusc�s!
BRASI CABOCO
O qui � Bras� Caboco? � um Brasi diferente do Bras� das capit�. � um Brasi brasil�ro, sem mistura de instrangero, um Brasi nacion�!
� o Brasi qui n�o veste liforme de gazimira, camisa de peito duro, com butuadura de ouro... Brasi caboco s� veste, camisa grossa de lista, car�a de brim da "polista" gib�o e chap�u de coro!
Brasi caboco num come assentado nos banquete, misturado cum os home de casaca e anel�o... Brasi caboco s� come o bode seco, o feij�o, e as veiz uma panelada, um pir�o de carne verde, nos dias da inlei��o quando vai servi de iscada prus home de posi��o.
Brasi caboco num sabe fal� ingr�s nem franc�s, munto meno o portugu�s qui os outros fala imprestado... Brasi caboco num inscreve; munto m� assina o nome pra votar pru mode os home S� gunverno e diputado
Mas por�m. Brasi caboco, � um Brasi brasileiro, sem mistura de instrangero Um Brasi nacion�!
� o Brasi sertanejo dos coco, das imbolada, dos samba, dos vialejo, zabumba e caracax�!
� o Brasi das vaquejada, do aboio dos vaquero, do arranco das boiada nos fechado ou tabulero!
� o Brasi das caboca qui tem os �io feiticero, qui tem a boca incarnada, como fruta de cardoro quando ela nasce alejada!
� o Brasi das promessa nas noite de S�o Jo�o! dos carro de boi cantano pela boca dos coc�o.
� o Brasi das caboca qui cum saben�a gunverna, vinte e cinco p�-de-birro cum a munfada entre as perna!
Brasi das briga de galo! do jogo de "s�co-t�co"! � o Brasi dos caboco amansad� de cavalo! � o Brasi dos cantad�, desses caboco afamado, qui nos verso improvisado, sirrindo, cant�ro o am�; cantando choraro as m�gua: Brasi de Pelino Guedes, de In�cio da Catingueira, de Umbelino do Texera e Romano de M�e-d'�gua!
� o Brasi das caboca, qui de noite se dibru�a, machucando o peito virge no batente das jinela... Vendo, os caboco pachola qui geme, chora e solu�a nas cordas de uma viola, ruendo pax�o pru ela!
� esse o Brasi caboco. Um Brasi bem brasilero, sem mistura de instrang�ro Um Bras�a nacion�!
Brasi, qui foi, eu t� certo argum dia discuberto, pru P�do Arves Cabr�.
publicado
por Magaly Magalhães às 12:59 AM
24.7.02
Ol�, amigos. Promessa � d�vida. Venho cumprir a minha - trazer o cordel para voc�s, o que fa�o com extrema satisfa��o. O termo cordel tem origem erudita, influ�ncia de Portugal, e data do s�culo XVI. Aqui, no Brasil, est� fazendo cem anos e ainda se mostra uma literatura vigorosa, apesar de alguns progn�sticos de que estaria morrendo a esta altura. Est� a�, por�m, com aceita��o de seu p�blico original e, ainda, despertando a curiosidade de estudiosos e unversit�rios, contando com mais de cem mil t�tulos e belos representantes, muitos deles em plena atividade. Este nome cordel � uma refer�ncia ao barbante em que os folhetos ficavam pendurados, em exposi��o. Sua tem�tica � voltada para a natureza, ora rude por a��o das secas prolongadas, ora vi�osa a ressurgir da terra crestada e imprest�vel; para as lides com a terra e animais, onde a figura do vaqueiro � real�ada por sua coragem, resist�ncia e destemor; para o amor puro/cru da simpl�ria gente interiorana. N�o param a� os cordelistas. H� os que falam dos pol�ticos, do poder dos latifundi�rios X servid�o do homem da terra, das injusti�as sociais. H� tamb�m os cordelistas urbanos falando dos problemas das cidades e capitais e, at� mesmo, os que opinam sobre assuntos de interesse internacional. Esta literatura est� ligada a cantorias e desafios, acompanhados de viola, podendo seus t�tulos levarem o nome de desafio, peleja ou embolada, em que h� a participa��o de mais de um cantador, armando uma verdadeira contenda de opini�es, encontros que varam horas de improviso r�pido e inteligente. Pode ser realizada em prosa ou verso. Aqui, no Brasil, prevalece a forma po�tica, em sextilhas de redondilha maior, ocorrendo as rimas no segundo, quarto e sexto versos. Apresento, como representantes do cordel, nomes consagrados - muitos atuantes, como: Patativa do Assar�, Cego Aderaldo, Romano da M�e D�guaNega Chica Barr�sa, Severino Milan�s da Silva, Chico CaldasZ� Limeira, Z� Praxedes, Z� da Luz, Ant�nio Gon�alves da Silva e muitos outros. Finalmente, para voc�s terem uma id�ia do sabor desta poesia ing�nua e despojada, deixo umas estrofes soltas de alguns desses cantadores.
A FOR�A DA UNI�O
A uni�o faz a for�a Diz o dito popular O peso que um n�o levanta Dois conseguem levantar Um s� a luta n�o faz Por isso cada vez mais Vamos unidos lutar
Chico Caldas
O VAQUEIRO
Eu venho derne menino Derne muito pequenino Cumprindo o belo destino Que me deu Nosso Senh�. Eu nasci pra ser vaqueiro, Sou o mais feliz brasil�ro Eu n�o invejo dinh�ro Nem diploma de dot�
Ant�nio Gon�alves da Silva
O PR�NCIPE DO BARCO BRANCO E A PRINCESA DO VAI N�O VOLTA
O remo do barco branco � defronte uma colina cortada por quatro rios de �gua pot�vel e fina fica nos confins da �sia bem perto da Palestina.
Severino Milan�s da Silva
(trecho de uma embolada, resposta ao oponente)
No tempo em que eu era mo�o Comia meus ensopado Agora como sou cego, S� como macaco assado
Cego Aderaldo
E ent�o? Consegui acrescentei alguma coisa? Voltarei o mais breve poss�vel.
publicado
por Magaly Magalhães às 3:08 AM
21.7.02
Hoje, estou toda voltada para as minhas ra�zes. Uma saudade daquele ch�o que deixei de pisar h� longos 50 anos e ao qual s� voltei em r�pidas visitas que s� t�m servido para intensificar esse sentimento nost�lgico. N�o que n�o ame o Rio Sou apaixonada por tudo isto aqui, de verdade. Mas aquilo l�, minha Macei�, conteve meu cord�o umbelical. Por causa desta crise de origem, � que s� me v�m � cabe�a hoje trechos de Pastoril ("Boa-noite, meus senhores todos,/ E boa-noite, senhoras tamb�m,/ Eu pe�o palmas, pe�o fita e flores, / Aos partid�rios, pe�o prote��o") ou dos Quilombos ("Folga negro / Branco n�o vem c�! / Si vinh�, / Pau h� de lev�") ou das Chegan�as ("O Minas Gerais chegou ao porto / Com a sua marujada / Levar a m�o a nosso qu�pe / Ter amor � nossa farda"). Para reverenciar nosso rico folclore. E as cantigas? Haekel Tavares com seu Azul�o ( "Vai, Azul�o, Azul�o, companheiro, vai / Vai ver minha ingrata, / Diz que sem ela o sert�o / N�o � mais sert�o / Vai, Azul�o, companheiro, vai"). E a poesia que teve em Jorge de Lima sua mais pura express�o?
POETA, POETA, N�O PODES
Desarrumar as terras do mundo. Poeta, podes fazer. Arrumar sem limites de p�tria! Poeta, podes fazer. Derramar azeite no mar, plantar flores no topo dos montes, plantar trigo nos vales do mundo. Poeta, podes fazer Abrandar os tuf�es dos espa�os, acabar com os tiranos do mundo. Poeta, podes fazer.
Extinguir a palavra de Deus afastar a Verdade da terra, Poeta, n�o podes fazer.
E o cordel? Ah! o cordel! Ficar� para nosso pr�ximo contato, eu prometo.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:52 AM
20.7.02
Sa� do inc�ndio, das chamas, em que me meti.Vou voltar ao menos apelativo. Irei aos poucos. Brevemente, terei capacidade de exibir cores, links atraentes, figuras, fotos, at� um som enfeitando meu di�rio, mas preciso estudar um pouco mais. Esperemos. Hoje, estou a zero, n�o li jornal, n�o assisti a notici�rios na TV, n�o encontrei amigos nem parentes, estou com o apartamento em obra e s� as batidas de marreta do dia inteiro permanecem troando na minha cabe�a. Um dia neutro na acep��o da palavra. H�, por�m, como compensar tudo isto de maneira suave e agrad�vel. � s� recorrer ao meu arsenal de trovas, versos, cantares e cantigas, a assuntos relacionados ao mundo da poesia, onde moram as mais lindas fantasias, as verdades mais profundas, os mais suspirosos ais, os amores perfeitos e imperfeitos, a transcend�ncia. Abri a esmo um livro de M�rio Faustino (dos Santos e Silva), piauiense, jornalista, professor, cr�tico de poesia, funcion�rio da ONU, tudo isto dentro dos 32 anos de vida a que teve direito. Viajando para o exterior a fim de escrever reportagens especiais sobre Cuba, M�xico e Estados Unidos, para o Jornal do Brasil, o avi�o que o transportava explodiu perto de Lima, caindo sobre o Cerro de las Cruces, nos Andes. Era o dia 27 de novembro de 1962.
APELO DE TERES�POLIS
Raiz da serra, raiz da serra
na raiz do ser est� o mal.
Bot�o da rosa bot�o da coisa borbot�es de sangue; o mangue, este � o mal.
Cimo de cerro no imo do ermo rasteja o erro
Nu. Neste dedo. A lousa raiada de restos. ---P�o para os que sobrevivem! L� � rara a que sempre vive. Tomba a cara entre a lide e a vide ---
O sal da terra. ---(A leste , o mar.) O ser enfermo. Resto ---"Que resta de teu filho? As pombas �mpares hoje se odeiam. O sal, a serra a sul o mangue --- Longe se ateia vasto rastilho:
voz que reclama raiz da serra na foz da chama rosa de sangue na luz da lama cimo de cerro no limo do erro voz que proclama
Gente! Hoje estou compensada. Acabei de ler a coluna da competente M�riam Leit�o, no caderno Economia de O Globo, relatando a entrevista que realizou com um dos mais importantes economistas do mundo - Jacob Frenkel - na qual ele faz uma avalia��o do Risco-Brasil. Para se ter uma id�ia, Frenkel � presidente da Merril Lynch Internacional, conta com uma bela carreira acad�mica, foi por muitos anos presidente do Banco Central de Israel e � presidente do Grupo dos 30 onde se encontram as principais lideran�as financeiras do mundo e de que � parte o atual presidente de nosso Banco Central - Arm�nio Fraga. Ao avaliar nossa pol�tica econ�mica, ele deixa claro que o Brasil conseguiu a posi��o que ocupa hoje no panorama econ�mico mundial por ter aberto sua economia, aumentado a sua produtividade, tido uma pol�tica de metas de infla��o consistente, um regime de c�mbio flutuante flex�vel e ser um pa�s transparente. Na realidade, problemas de outra ordem afetam o Brasil atualmente, como o reflexo da economia mundial, a incerteza eleitoral, os exageros das avalia��es de risco das ag�ncias de classifica��o, os juros cobrados nos empr�stimos ao pa�s. E acrescenta que os dados mais significativos n�o est�o sendo notados pelo mercado, como as melhoras na educa��o e na sa�de.S�o suas estas afirmativas: "O sistema educacional brasileiro, da alfabetiza��o ao n�mero de PHDs, teve melhoras impressionantes. Isso � quase um milagre. Quando se fala em desenvolvimento, as pessoas pensam em m�quinas, crescimento f�sico.O que � importante mesmo � o capital humano, a educa��o, o conhecimento, a capacidade de competir no mundo. Se os mercados olhassem essas estat�sticas, ficariam muito bem impressionados." Voltando a falar na compet�ncia e no profissionalismo da nossa equipe econ�mica, afirmou: "N�o falo como mercado, mas como professor, que eu sempre fui, admirando a qualidade do capital humano que � a equipe brasileira." O artigo de M�riam deve ser lido para abater um pouco o pessimismo com que � olhado nosso futuro dentro do mundo globalizado.
E agora? Amenidades? Sem nenhuma d�vida. Vamos aos epigramas. Adoro epigramas .Tenho dois hoje de Cec�lia Meireles. Como sabe dizer tanto em t�o pouco espa�o e tempo e com tanto ritmo!
EPIGRAMA N� 9 O vento voa, a noite toda se atordoa, a folha cai.
Haver� mesmo algum pensamento sobre essa noite? sobre esse vento? sobre folha que se vai?
EPIGRAMA DO ESPELHO INFIEL A Jo�o de Castro Os�rio
Entre o desenho do meu rosto e o seu reflexo, meu sonho agoniza, perplexo.
Ah! pobres linhas do meu rosto, desmanchadas do lado oposto, e sem nexo!
E a l�grima de seu desgosto sumida no espelho convexo!
publicado
por Magaly Magalhães às 2:37 AM
17.7.02
Viram? Mudei o visual para um mais alegrinho. Houve, por�m, uma pequena (?) falha. O cabe�alho (?) em letras muito grandes tomou o campo do texto que ficou ileg�vel. Vou tentar reproduzir os par�grafos prejudicados para dar sentido ao que vem em seguida.S� n�o sei se � v�lida esta tentativa ou se vou meter novamente a reprodu��o debaixo do letreiro incendi�rio. Caso isto aconte�a, perdoem-me a incompet�ncia prometendo, de antem�o, tentar encurtar o espa�o em que est�o as letras da introdu��o, ok?
Antes de qualquer coment�rio, quero me penitenciar aqui, em p�blico, por ter cometido a falta de omitir o nome da autora do poema transcrito em meu "post" do dia 15 do m�s corrente. Trata-se do poema "Em Surdina" de Claudia Roquette Pinto. Nada intencional. Reverencio de modo especial a obra desta poeta, de met�foras espl�ndidas, de linguagem contundente. Poeta que se destaca no panaroma contempor�neo das letras com brilho e com desenvoltura �mpar. Infelizmente, estou meio apressada hoje. Estou passando ligeirinho para dizer que sinto falta j� deste encontro quase di�rio em que deixo impress�es das not�cias do dia, do que me pesa no conte�do dessas not�cias, do que me p�e em alerta, do que me agrada ou me d� alguma esperan�a, enfim, um desabafo com aqueles que me procuram pelo blog.
publicado
por Magaly Magalhães às 7:33 PM
Antes de qualquer coment�rio, quero me penitenciar aqui, em p�blico. Cometi a falta de omitir o nome da autora do poema transcrito no meu �timo post, de 15 do m�s corrente. Nada intencional. Reverencio de modo especial a obra dessa poeta, de met�foras espl�ndidas e de linguagem contundente. Poeta que se destaca no panorama das letras com brilho e com desenvoltura �mpar.
Infelizmente, estou meio apressada hoje. Estou passando ligeirinho para dizer que sinto falta j� deste encontro quase di�rio em que deixo impress�es das not�cias do dia, do que me pesa no conte�do dessas not�cias, do que me p�e em alerta, do que me agrada ou me d� alguma esperan�a, enfim, um desabafo com simpatizantes. Vou providenciar recursos para que haja possibilidade de troca de id�ias entre n�s. Comecei a usar o weblog h� muito pouco tempo e ainda n�o tenho muito "jogo de cintura" nesse terreno.Tenho que explor�-lo e aprender seus segredos. A�, vai ficar mais interessante com voc�s dando id�ias, contribuindo com argumentos e dados materiais, enfim, interagindo no melhor dos estilos. E, realmente, minha passagem hoje, por aqui, � de tal modo corrida que n�o selecionei um poema sequer para copiar para voc�s. Vou, ent�o, satisfazer o pedido de um irm�o e passar a voc�s um poema desta escriba aqui que, por sua vez, humildemente, pede que relevem a sua pretens�o de produzir versos.
BUSCA
"Ser como o rio que flui" Manuel Bandeira
Por que calar? Por que fugir? Por que mesclar? Por que diluir?
S�o tantas �reas incongruentes conflitantes...
Como manifestar? Como interagir? Como elaborar? Como persistir?
S�o tantos espa�os recipientes estimulantes...
A vida � um rio como todos obedece a uma correnteza em seu caminho para o mar
Pra que desconstruir? Pra que desnortear?
As �guas do rio s�o profundas A alma pode apreender a tranquilidade dessa profundeza...
Magaly Campelo de Magalh�es 1999/Rio
publicado
por Magaly Magalhães às 5:56 PM
15.7.02
Infelizmente, minha postagem de 15 de julho que me trazia de volta, depois de um problema em meu computador, n�o p�de aparecer nesta minha p�gina. Houve um erro de publica��o e ela est� constando s� dos arquivos. Em hora oportuna, eu a trarei a p�blico. Nela, tocava num assunto que me vem preocupando sobremodo - a onda de discrimina��o racial em v�rios pa�ses, como tamb�m trazia para voc�s a lusa lira de uma poeta muito expressiva. N�o vou repeti-la aqui na esperan�a de poder resgat�-la para voc�s, meus visitadores .Vamos a outros assuntos tamb�m pendentes e urgentes. Tenho usado a Internet em busca de programas que me possam abrir caminhos e me levem a operar na rede com um m�nimo de habilidade e seguran�a. E o que est� acontecendo � que, ao lado de p�ginas excelentes, tenho encontrado com muita freq��ncia textos mal lan�ados, onde o portugu�s aparece desfigurado, tal o n�mero de erros e de constru��es truncadas. Sendo a Internet um ve�culo de comunica��o e difus�o de conhecimento, urge que haja um controle em forma de revis�o dos textos propostos, principalmente os que cont�m informa��es destinadas a estudantes, a candidatos a concursos, a profissionais de v�rias �reas. � importante que se use uma linguagem cuidada, sem agress�es frontais � gram�tica e ao estilo. Um exemplo? Tenho visto o sinal de crase ser usado sem a menor cerim�nia e responsabilidade, denunciando o desconhecimento, por parte de quem escreve, da pr�pria defini��o desse processo de fus�o. Isto para n�o falar da neglig�ncia com a concord�ncia, a reg�ncia, a estrutura do texto, a concis�o do conte�do. Isso � incompreens�vel. N�o podemos esquecer que um estudante que recorre a um texto imperfeitamente redigido vai absorver defeitos de linguagem de que dificilmente se livrar�, o que � absolutamente nocivo � sua aprendizagem. Vamos estudar a l�ngua que usamos. Um pouco mais de respeito ao idioma ser� uma �tima tomada de posi��o. Aqueles que desejam se comunicar por meio da palavra escrita, portanto, t�m obriga��o prec�pua de estar a par das leis fundamentais da gram�tica e lembrar sempre que "fora da sintaxe n�o h� salva��o". Tenho dito. Vamos � sobremesa.
EM SURDINA
(para um bal� de Balanchine)
I
ela pode voar (ele acredita) no movimento que desmarra dentro - de entre os bra�os que um necess�rio apolo ergueu a tempo para essa alegoria - como se denso embora leve detendo-se o corpo se desse em asas - asas ao inverso, que nela o v�o n�o al�a : desata - como se um vento (ou o que, �ntimo, levita) soprando dentro sobre a �gua fixa da plat�ia a erguesse antes mesmo que os dedos-palafita de um parceiro a tocassem (como tocam agora) as costelas onde um par de asas se agita
II
o corpo um arco encordoado para fugas (ou ser� ela a pr�pria flecha que dispara?)
publicado
por Magaly Magalhães às 8:29 PM
Problemas com a m�quina, pessoal. Uma pena. Dias e dias afastada. Tudo resolvido agora, volto �s minhas reflex�es. Ando chocada com as not�cias que v�m sendo veiculadas recentemente sobre a onda de racismo que vem percorrendo a Alemanha e a Fran�a, onde grupos populacionais perseguem minorias �tnicas de forma constrangedora e odiosa, lembrando de alguma forma as persegui��es aos judeus na �poca do nazismo. E isto ocorre quando o desenvolvimento da Antropologia logra lan�ar por terra as teorias racistas. Isto nos coloca diante de duas posi��es perante o mundo. De um lado, como uma popula��o composta de v�rias ra�as, e, portanto, miscigenada, estamos expostos a uma situa��o de discrimina��o por parte de popula��es racistas. De outro lado, somos os candidatos naturais a liderar as minorias raciais em futuros confrontos. Basta para isso que elevemos o n�vel cultural de nossas popula��es. Somos, no momento, o povo que re�ne as qualidades necess�rias para os postos de comando das organiza��es internacionais . Temos capacidade de conseguir nossa cadeira no Conselho de Seguran�a Internacional. � uma reflex�o v�lida, n�o ?
Procurando um lado mais ameno, voc�s conhecem a poeta Maria Helena Varela? H� cinco ou seis anos no Brasil, esta poeta nascida em Portugal, com mestrado em Filosofia do Conhecimento na Universidade do Porto e doutorado em Letras - �rea do Pensamento em L�ngua Portuguesa - na PUC do Rio de Janeiro, fala-nos com paix�o de sua p�tria de ado��o e de suas ra�zes lusas em seu inspirado Viagens, Labirintos e Mapas. S�mbolo vivo de luso-brasilidade, Maria Helena canta as duas p�trias de l�ngua comum, l�ngua que ela valoriza, glorifica e na qual ela recupera sua heran�a cultural. A Terceira Margem � um dos seus mais belos e cativantes poemas.
A TERCEIRA MARGEM
Este � o meu jeito de ficar, partindo, f�rmula m�gica de fruir, fluindo; meu solo sem raiz, meu credo, meu sistema.
Esta � a saudade que me ata aos mares, o povo que falta e me ficou no ventre, meus irm�os que n�o tive e descobri que tinha; meu canto, meu conto, meu contento.
Este � o meu modo de pensar sentindo, meu gesto breve de n�o amar, amando e luso fado de existir, navegando; meu cogito, minha lira, meu poema.
Esta � a hist�ria incompleta que restou dos her�is do mar e quintos dos imp�rios, heran�a doce e leve, minha e vossa, minha p�tria-rio e l�ngua nossa.
Espero que tenha agradado. Fico por aqui. Amanh� estarei de volta.
publicado
por Magaly Magalhães às 1:25 AM
11.7.02
Hoje, novamente com dificuldade de tempo, estou comparecendo um pouco tarde. Da�, tenho que ser breve para n�o varar a madrugada. Vamos logo � escolha do poema de hoje, tarefa n�o muito f�cil dado o n�mero de preciosidades que tenho para oferecer-lhes.
Can��o dos Romances Perdidos
M�rio Quintana
Oh! O sil�ncio das salas de espera Onde esses pobres guarda-chuvas lentamente escorrem...
O sil�ncio das salas de espera E aquela �ltima estrela...
Aquela �ltima estrela E, na parede, esses quadros l�vidos, De onde fugiram os retratos...
De onde fugiram todos os retratos...
E esta minha ternura, Meu Deus, Oh! toda esta ternura in�til, desaproveitada!...
Muito delicada e terna. Toquei na sensibilidade de voc�s?. Acho M�rio Quintana o poeta da simplicidade, que nos leva a valorizar os m�nimos gestos humanos, que d� significado �s menores coisas da vida, aos detalhes da Natureza. Fez falta a sua presen�a f�sica, devido � sua identifica��o com todos que o cercavam, mas sua mem�ria � presente e rica e permanece encantando muita gente.
Despe�o-me aqui.Vou ter um dia de saudades especiais. Tenho que me preparar espiritualmente para ele. � demain, com carinho.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:02 AM
10.7.02
Muita ocupa��o n�o planejada. Resultado: falta de flexibilidade, dificuldade em cumprir objetivos.Como sei que leitor blogueiro, por natureza, � tolerante, aqui estou para tentar conversar um pouco. Volto ao tema que me tem preocupado e, acredito, tem tirado a sensa��o de seguran�a de muita gente - nossa exposi��o a atos de viol�ncia. J� observaram como o ato de sair � rua tornou-se traum�tico? H� que levar uns trocados em lugar estrat�gico para o caso de assalto, tendo-se que produzir um sistema seguro para salvaguardar tal�es de cheque, cart�es, documentos, dinheiro em esp�cie. Ao entrar em um edif�cio ou sair dele, at� mesmo o seu pr�prio, examinar o ambiente em volta para ver se h� pesssoas em atitude suspeita. E, se tiver a infelicidade de ser abordada por um marginal, ter a sabedoria de n�o dar margem a �mpetos de indigna��o para n�o correr riscos maiores. Enfim, um sem n�mero de gestos, cuidados, atitudes que desgastam a paci�ncia e capacidade de toler�ncia - vida artificial e perigosa. Ser� que vamos ter que conviver com este estado de coisas indefinidamente? Nada tem logrado conter esta onda de brutalidade. H� a repress�o pelas autoridades competentes, h� o servi�o das Ongs, h� o louv�vel trabalho de grupos religiosos , mas nenhum resultado palp�vel. N�o seria o caso de a sociedade toda motivar-se e come�ar a trabalhar em todas as posi��es para deter o avan�o desses desregramentos? Cada um fazendo algo, dentro de suas qualifica��es, procurando pelo menos devolver � popula��o exclu�da o sentido de dignidade pessoal. � uma tarefa muito dif�cil, mas vale a pena tentar. Sugest�es s�o aceitas.
Tenho uma linda poesia para hoje, de um autor amazonense - Thiago de Mello. Poesia com for�a de rio gigante, impetuoso .
A APRENDIZAGEM AMARGA
Chega um dia em que o dia se termina antes que a noite caia inteiramente. Chega um dia em que a m�o, j� no caminho, de repente se esquece de seu gesto. Chega um dia em que a lenha j� n�o chega para acender o fogo da lareira. Chega um dia em que o amor, que era infinito, de repente se acaba, de repente. For�a � saber amar doce e constante com o encanto de rosa alta na haste, para que o amor ferido n�o se acabe na eternidade amarga de um instante.
Espero que se emocionem e aguardem com carinho o pr�ximo poema.At� amanh�.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:39 AM
8.7.02
Um domingo l�nguido, sem maiores apelativos. Que fazer? Tento entender coisas novas que surgem � minha frente, mas nem tudo � apreens�vel e nunca fui muito boa autodidata. Ent�o, no que tange a conhecimento tecnol�gico, minhas dificuldades s�o muito grandes. Deploro n�o ter nascido dentro da linguagem cibern�tica. � tudo t�o simples para o time infanto-juvenil! Tarde para lamentar. Luta-se com as armas que se tem nas m�os. E vou conseguir chegar aonde quero, prometo a mim mesma. E ent�o? De que falaremos ? Algo que interesse a todos. M�sica? Popular, erudita? Por falar em m�sica erudita, voc�s j� ouviram o barroco Zelenka? � o que fa�o neste momento, enquanto digito . Suas sonatas t�m o poder de me transportar a uma atmosfera rarefeita, de tal modo que me sinto com novas energias para fazer face a qualquer dificuldade que se apresente. Ao som de t�o perfeito fundo musical, vamos declamar nosso poema de hoje:
Ave Maria
Fernando Pessoa
Ave Maria, t�o pura Virgem nunca maculada Ouvide a prece tirada No meu peito da amargura.
V�s que sois cheia de gra�a Escutai minha ora��o, Conduzi-me pela m�o Por esta vida que passa.
Oh! Senhor, que � vosso filho Que seja sempre conosco, Assim como � convosco Eternamente seu brilho
Bendita sois v�s, Maria, Entre as mulheres da Terra E voss'alma s� encerra Doce imagem d'alegria.
Mais radiante do que a luz E bendito, oh Santa M�e! � o fruto que prov�m Do vosso ventre, Jesus!
Ditosa Santa Maria, V�s que sois a M�e de Deus E que morais l� nos c�us Orai por n�s cada dia.
Rogai por n�s, pecadores, Ao vosso filho, Jesus, Que por n�s morreu na cruz E que sofreu tantas dores. Rogai, agora, oh M�e querida! E (quando quiser a sorte) Na hora da nossa morte Quando nos fugir a vida.
Ave Maria, t�o pura Virgem nunca maculada, Ouvide a prece tirada No meu peito da amargura.
Dons divinos - m�sica e poesia - para amenizar as asperezas da vida. At� amanh�.
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publicado
por Magaly Magalhães às 1:28 AM
7.7.02
E hoje, que veremos? Talvez impress�es sobre alguns blogs e sua repercuss�o.Vamos l�. Tenho tido a oportunidade de ler blogs excelentes. Refiro-me ao conte�do, layout, riqueza de recursos utilizados, originalidade na exibi��o, propriedade na linguagem, vivacidade na comunica��o. Visitar os blogs da mestra Cora R�nai � beber num manancial de informa��es, � conhecer lugares novos, � viajar com ela, � abastecer-se de entusiasmo e alegria de viver. E ganha-se muito tamb�m, navegando-se pelos blogs de Alexandre Magno (Omnimodo); da Meg, a festejada Meg, t�o querida da fam�lia blogueira; da Carolina Porto (Carol); do Dudi; da Fabriani; enfim, de tantos que n�o daria para enumer�-los numa s� postagem. E isto, gra�as � coluna do Gravat�, no caderno de Inform�tica de O Globo. Espero que o blog tenha vindo para ficar, que n�o seja s� modismo, plantando-se mesmo como tend�ncia. � o direito de o cidad�o comum poder expressar-se livremente.
Um dia desses, uma amiga me mandou um e-mail convidando-me a contribuir com uma quadrinha, para compor uma esp�cie de registro de versos, j� que � dif�cil viver neste mundo lindo, mas cruelzinho, sem dar asas � fantasia. Timidamente, coloquei l� a minha e esperei o progresso da iniciativa. N�o mais soube mais do destino de t�o oportuna proposta. Agora, vejo que poder�amos tentar aqui uma experi�ncia semelhante. Que tal, gente? Vamos incrementar nossos blogs com este tipo de intera��o?
Agora, o poema de hoje.
O CARDUME
Alberto Martins
�s vezes passa � toa como baleia do Atol das Rocas
e ningu�m arpoa. Outras rente � praia
como o dia em que quase piso na aba escura de uma raia.
A maioria, por�m, passa em segredo como passa agora
em torno desta mesa. Como h� de passar ainda
- quem sabe quantas vezes! - sem que eu perceba
a mancha do cardume na simples correnteza.
Por hoje, � s�. Uma linda madrugada para todos. ( "Amanh� � domingo, p� de cachimbo / areia fina, deu no sino..." )
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por Magaly Magalhães às 1:56 AM
6.7.02
Hoje, novamente, uma homenagem a uma outra amiga poeta.
Sil�ncio
Leda Motta
Raios de lua na noite do c�u. Lua alta, lua prateada, lua de luz cama, fria. L� fora o sil�ncio em contraste. Sim, o contraste do sil�ncio... Porque nem sempre o sil�ncio � calma, nem sempre o sil�ncio � paz. H� sempre vozes. A voz da consci�ncia a murmurar ou gritar no sil�ncio, ou a do cora��o sussurrando amores, saudades, esperan�as, desejos e sonhos �s vezes, uma melodia ou um poema... a encher de sons a solid�o do sil�ncio. Sil�ncio... Ah! a tortura - ou o prazer? - das vozes do sil�ncio - ou do sil�ncio das vozes?
J� � madrugada. Vamos aproveitar o sil�ncio evocado e decantado pela fina sensibilidade de minha amiga e preparar corpo e alma para mais um dia em nossas vidas. At� mais.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:07 AM
blogger.com publicado
por Magaly Magalhães às 1:31 AM
4.7.02
Come�o, hoje, transcrevendo um dos mais inspirados poemas de uma amiga minha - Toninha. Uma homenagem, um gesto de Amizade :
SOLID�O
Choro, sim, choro... Estou vazia. Do fundo do meu v�cuo Esta agonia. Choro palavras Choro letras e rimas. Tento com elas Liberar meus prantos Desencantos Meus cantos sufocados. Choro como as brandas rosas J� despidas Choro p�talas de flores Desprendidas Que ao menor toque de m�o Caem copiosas... Que mist�rios de dor Sofrem as rosas? T�m elas tamb�m �nsias magoadas? T�m tamb�m afirma��es negadas, Desejos e paix�es Amorda�adas? Maria Ant�nia Bouz�n Cruz de "Retalhos de Mim".
Agora, alguns coment�rios sobre o que vai rolando por a�.
Li, hoje, na coluna de M�rcio Moreira Alves, de O Globo, uma afirma��o de Roberto Gianotti da Fonseca, at� bem pouco tempo secret�rio de Com�rcio Exterior, num semin�rio do Ita� Cultural / S�o Paulo : " O Brasil precisa aprender a exportar servi�os. Temos o melhor sistema de informatiza��o banc�ria do mundo e um sistema de informatiza��o das elei��es que j� despertou o interesse de 12 pa�ses e de duas institui��es internacionais, a OEA e a ONU. Procurado pelo rep�rter Moreira Alves para uma confirma��o, o ministro Nelson Jobim, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, por sua vez, afirmou que o sistema brasileiro de elei��es informatizadas tem, na verdade, despertado interesse no mundo inteiro, utilizando uma urna robusta e de baixo custo. R�stica, mas portando um sofisticado software, desenvolvido pela equipe de inform�tica do TSE. E acrescenta que, apesar de sermos ao todo cerca de 115 milh�es de eleitores, h� um progn�stico de fornecimento do resultado das elei��es para presidente em apenas 4 horas ap�s o fechamento das se��es eleitorais - um recorde mundial. O ministro pretende fazer depois leasings do sistema . "Ser� o Brasil ensinando o mundo a votar", diz com orgulho o nosso rep�rter .
Voltando ao futebol, sempre olhei com simpatia os campeonatos mundiais pela capacidade que t�m de agregar diferentes na��es, de ombrear diversas etnias. Agora, vejo na fala de J.Roberto Whitaker Penteado, em artigo de O Globo, de hoje, a ratifica��o de minhas lucubra��es. Acatando a opini�o do fil�sofo italiano Toni Negri de que a Copa do Mundo � um movimento �til, o �nico evento que pode realmente ser considerado global, Whittaker encerra seu artigo, dizendo: "N�o h� poder econ�mico ou militar que consiga, em t�o pouco tempo e com tal abrang�ncia, atingir grau compar�vel de hegemonia global, entre mentes e cora��es. E sem m�goas ou ofensas, mas com emo��o e divertimento. Como num conto de fadas."
E vou ficando por aqui. Amanh� , outra dose de prosa.
publicado
por Magaly Magalhães às 1:06 AM
3.7.02
Passagem para o Al�m. Miss�o cumprida, Francisco C�ndido Xavier retira-se da vida serenamente, do modo como viveu. Vida inteira dedicada a amparar os que precisavam de apoio espiritual, entregou-se igualmente ao servi�o de divulga��o da doutrina esp�rita que ele soube honrar e engrandecer. Do outro lado da vida, ele ter� certamente uma recep��o cheia de amor, do mesmo amor que ele soube t�o bem espalhar entre seus irm�os aqui, na Terra. Que seu esp�rito, de onde estiver, continue espargindo sua luz radiosa em benef�cio de todos n�s. Paralelamente, a cidade se engalana para receber nossos her�is do futebol. Coincidente com o que ele costumava repetir quando falava de suas pretens�es. Queria partir num dia de festa coletiva, em que a alegria fosse geral. Desejo cumprido. Deve ter partido muito feliz.
O que tenho hoje pra voc�s? Cabe bem um poema leve como um dos sonetos de Florbela Espanca, esta poeta lusitana, que lida com forma, rima e ritmo de maneira m�gica. Vejamos o seu
SER POETA
Ser poeta � ser mais alto, � ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! � ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aqu�m e de Al�m Dor!
� ter de mil desejos o esplendor E n�o saber sequer que se deseja! � ter c� dentro um astro que flameja, � ter garras e asas de condor!
� ter fome, � ter sede de Infinito! Por elmo, as manh�s de ouro e cetim... � condensar o mundo num s� grito!
E � amar-te, assim, pedidamente... � seres alma e sangue e vida em mim E diz�-lo cantando a toda gente!
N�o � lindo? E como abri para esta bela lusitana, vou fazer mais um pouquinho. Vou deixar com voc�s um pensamento pin�ado de "Poemas Inconjuntos" de outro lusitano n�o menos festejado, Fernando Pessoa :
" O �nico mist�rio do Universo � o mais e n�o o menos. Percebemos demais as cousas - eis o erro, a d�vida. O que existe transcende para mim o que julgo que existe. A Realidade � apenas real e n�o pensada."
At� mais, j� � um bocado tarde. Hora de ber�o.
publicado
por Magaly Magalhães às 3:25 AM
2.7.02
Um dia inteiro para degustar e digerir com grande felicidade o t�o esperado PENTA. Agora, estou refeita para blogar. Com a alma em festa como estou, meu impulso � mergulhar fundo na poesia e � o que vou fazer. Sintam o charme de Arnaldo Antunes ao dizer:
"O sol vai embora de noite e volta quando a noite vai embora e vai embora quan- do a noite volta e d� a volta durante todo o dia atr�s da noite de ontem.
Neste outro, Arnaldo expressa-se tamb�m com originalidade:
Os sapatos ficam entre os p�s e o ch�o, no que s�o como as palavras. As meias entre os p�s e os sapatos, como adjetivos. Os verbos,passos.Cadar�os,la�os. Os p�s caminham lado a lado, cal�ados.Sapatos s�o cal�ados. Porque s�o e porque s�o usados. Palavras s�o peda�os. Os p�s descal�os caminham calados.
E por que n�o, para finalizar a sess�o de hoje, oferecer a voc�s a doce poesia de Manuel Bandeira, em seu
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intrasitivo: Te adoro,Teodora.
E ent�o? Vamos entrar na ter�a-feira, 2 de julho, com a alma lavada e abastecida de poesia. At� mais.