Divulgar
idéias próprias, combater o discurso invertido corrente,
aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste
veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
31.7.02
Olá, pessoal! Eu, de novo. Hoje me sinto criança. Por isso, talvez, não me saia da cabeça um poeminha lindo de Cecília Meireles, dirigido aos leitores mirins ou aos que, de vez em quando, voltam a esse estágio, como se quisessem tomar novo folego para continuar a caminhada pela vida.
OU ISTO OU AQUILO
Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranquïlo.
Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo
Não é uma gracinha? Tenham sonhos leves como estes versos.
publicado
por Magaly Magalhães às 1:13 AM
28.7.02
Voltei com uma intenção : ser rápida e oferecer-lhes um poeminha de fabricação caseira, um modo carinhoso de fazermos as pazes.
MEDITANDO
Cá estou, a meditar, a tentar passar a limpo traços, riscos, rabiscos, dores, pendores, amores.
Traços luzentes, cinzentos, coloridos, doloridos, embaçados pelo tempo, esvaziados... queridos...
Resta uma saudade fluida a fertilizar a alma, a contornar o desânimo, a recuperar a calma.
Eis-me meditando ainda. Desses prováveis resgates a novos possíveis embates: Deixar a tarefa finda.
Magaly Magalhães 2001 / Rio
publicado
por Magaly Magalhães às 1:39 AM
27.7.02
Estou sem graça. Submeti vocês a uma situação inconveniente por um erro meu referente a postagens. Os textos dos dias 25 e 26 se repetem, como devem ter observado, quando só é válido o do dia 26. Não tive a intenção de que "A Flô de Puxinanã" e "Brasi Caboco" fizessem parte do post por serem longas e, num momento de distração, apertei o botão Publicar sem retirá-las do contexto. Alguma coisa deve, realmente, ter-me tirado a concentração, porque, ato contínuo, descartei as referidas peças e pressionei o botão Publicar para a versão reduzida. Resultado: mensagens repetidas. Desgastante para mim porque não é a primeira vez que cometo esse tipo de deslize (o anterior aconteceu numa tentativa de mudança de template, lembram-se?); e desgastante para vocês, pelo que peço desculpas, prometendo me policiar mais, de agora por diante. Como compensação, fico por aqui hoje, sem poemas, sem surpresas, mas com muita vontade de conseguir uma "performance" mais elaborada, menos amadora. Até mais.
publicado
por Magaly Magalhães às 7:32 PM
26.7.02
Visitinha rápida, não dá para falar muito hoje.Vou só deixar um cordel engraçadinho que encontrei em meus guardados para complementar os comentários de ontem. Se desse para explorar mais, eu o faria com gosto. Adoro mexer com esses assuntos, mas fico a me perguntar se os amigos me conferem o direito de ser insistente assim.
Severino de Andrade Silva (Zé da Luz), nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965
AI! SE SÊSSE!...
Se um dia nós se gostasse; Se um dia nós se queresse; Se nós dos se impariásse, Se juntinho nós dois vivesse! Se juntinho nós dois morasse Se juntinho nós dois drumisse; Se juntinho nós dois morresse! Se pro céu nós assubisse? Mas porém, se acontecesse qui São Pêdo não abrisse as portas do céu e fosse, te dizê quarqué toulíce? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, prá qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do céu furasse?... Tarvez qui nós dois ficasse tarvez qui nós dois caísse e o céu furado arriasse e as virge tôdas fugisse!!!
E aí? Valeu? Até breve, o mais breve possível.
publicado
por Magaly Magalhães às 12:21 AM
25.7.02
Visitinha rápida, não dá pra falar muito hoje. Vou só deixar um cordel muito bonitinho que encontrei agora para complementar os comentários de ontem. Se desse para explorar mais, eu o faria. Gosto de mexer com essas coisas, mas fico a me perguntar se os amigos me conferem o direito de ser prolixa ou insistente.
Vamos lá, então.
Severino de Andrade Silva (Zé da Luz), nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965
AI! SE SÊSSE!...
Se um dia nós se gostasse; Se um dia nós se queresse; Se nós dos se impariásse, Se juntinho nós dois vivesse! Se juntinho nós dois morasse Se juntinho nós dois drumisse; Se juntinho nós dois morresse! Se pro céu nós assubisse? Mas porém, se acontecesse qui São Pêdo não abrisse as portas do céu e fosse, te dizê quarqué toulíce? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, prá qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do céu furasse?... Tarvez qui nós dois ficasse tarvez qui nós dois caísse e o céu furado arriasse e as virge tôdas fugisse!!!
E aí? Valeu? Até mais.
AS FLÔ DE PUXINANÃ (Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão menezes)
Três muié ou três irmã, três cachôrra da mulesta, eu vi num dia de festa, no lugar Puxinanã.
A mais véia, a mais ribusta era mermo uma tentação! mimosa flô do sertão que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Guléimina, tinha uns ói qui ô! mardição! Matava quarqué critão os oiá déssa minina.
Os ói dela paricia duas istrêla tremendo, se apagando e se acendendo em noite de ventania.
A tercêra, era Maroca. Cum um cóipo muito má feito. Mas porém, tinha nos peito dois cuscús de mandioca.
Dois cuscús, qui, prú capricho, quando ela passou pru eu, minhas venta se acendeu cum o chêro vindo dos bicho.
Eu inté, me atrapaiava, sem sabê das três irmã qui ei vi im Puxinanã, qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz prá sair desse imbaraço, desejei, morrê nos braços, da dona dos dois cuscús!
BRASI CABOCO
O qui é Brasí Caboco? É um Brasi diferente do Brasí das capitá. É um Brasi brasilêro, sem mistura de instrangero, um Brasi nacioná!
É o Brasi qui não veste liforme de gazimira, camisa de peito duro, com butuadura de ouro... Brasi caboco só veste, camisa grossa de lista, carça de brim da "polista" gibão e chapéu de coro!
Brasi caboco num come assentado nos banquete, misturado cum os home de casaca e anelão... Brasi caboco só come o bode seco, o feijão, e as veiz uma panelada, um pirão de carne verde, nos dias da inleição quando vai servi de iscada prus home de posição.
Brasi caboco num sabe falá ingrês nem francês, munto meno o português qui os outros fala imprestado... Brasi caboco num inscreve; munto má assina o nome pra votar pru mode os home Sê gunverno e diputado
Mas porém. Brasi caboco, é um Brasi brasileiro, sem mistura de instrangero Um Brasi nacioná!
É o Brasi sertanejo dos coco, das imbolada, dos samba, dos vialejo, zabumba e caracaxá!
É o Brasi das vaquejada, do aboio dos vaquero, do arranco das boiada nos fechado ou tabulero!
É o Brasi das caboca qui tem os óio feiticero, qui tem a boca incarnada, como fruta de cardoro quando ela nasce alejada!
É o Brasi das promessa nas noite de São João! dos carro de boi cantano pela boca dos cocão.
É o Brasi das caboca qui cum sabença gunverna, vinte e cinco pá-de-birro cum a munfada entre as perna!
Brasi das briga de galo! do jogo de "sôco-tôco"! É o Brasi dos caboco amansadô de cavalo! É o Brasi dos cantadô, desses caboco afamado, qui nos verso improvisado, sirrindo, cantáro o amô; cantando choraro as mágua: Brasi de Pelino Guedes, de Inácio da Catingueira, de Umbelino do Texera e Romano de Mãe-d'água!
É o Brasi das caboca, qui de noite se dibruça, machucando o peito virge no batente das jinela... Vendo, os caboco pachola qui geme, chora e soluça nas cordas de uma viola, ruendo paxão pru ela!
É esse o Brasi caboco. Um Brasi bem brasilero, sem mistura de instrangêro Um Brasía nacioná!
Brasi, qui foi, eu tô certo argum dia discuberto, pru Pêdo Arves Cabrá.
publicado
por Magaly Magalhães às 12:59 AM
24.7.02
Olá, amigos. Promessa é dívida. Venho cumprir a minha - trazer o cordel para vocês, o que faço com extrema satisfação. O termo cordel tem origem erudita, influência de Portugal, e data do século XVI. Aqui, no Brasil, está fazendo cem anos e ainda se mostra uma literatura vigorosa, apesar de alguns prognósticos de que estaria morrendo a esta altura. Está aí, porém, com aceitação de seu público original e, ainda, despertando a curiosidade de estudiosos e unversitários, contando com mais de cem mil títulos e belos representantes, muitos deles em plena atividade. Este nome cordel é uma referência ao barbante em que os folhetos ficavam pendurados, em exposição. Sua temática é voltada para a natureza, ora rude por ação das secas prolongadas, ora viçosa a ressurgir da terra crestada e imprestável; para as lides com a terra e animais, onde a figura do vaqueiro é realçada por sua coragem, resistência e destemor; para o amor puro/cru da simplória gente interiorana. Não param aí os cordelistas. Há os que falam dos políticos, do poder dos latifundiários X servidão do homem da terra, das injustiças sociais. Há também os cordelistas urbanos falando dos problemas das cidades e capitais e, até mesmo, os que opinam sobre assuntos de interesse internacional. Esta literatura está ligada a cantorias e desafios, acompanhados de viola, podendo seus títulos levarem o nome de desafio, peleja ou embolada, em que há a participação de mais de um cantador, armando uma verdadeira contenda de opiniões, encontros que varam horas de improviso rápido e inteligente. Pode ser realizada em prosa ou verso. Aqui, no Brasil, prevalece a forma poética, em sextilhas de redondilha maior, ocorrendo as rimas no segundo, quarto e sexto versos. Apresento, como representantes do cordel, nomes consagrados - muitos atuantes, como: Patativa do Assaré, Cego Aderaldo, Romano da Mãe DáguaNega Chica Barrósa, Severino Milanês da Silva, Chico CaldasZé Limeira, Zé Praxedes, Zé da Luz, Antônio Gonçalves da Silva e muitos outros. Finalmente, para vocês terem uma idéia do sabor desta poesia ingênua e despojada, deixo umas estrofes soltas de alguns desses cantadores.
A FORÇA DA UNIÃO
A união faz a força Diz o dito popular O peso que um não levanta Dois conseguem levantar Um só a luta não faz Por isso cada vez mais Vamos unidos lutar
Chico Caldas
O VAQUEIRO
Eu venho derne menino Derne muito pequenino Cumprindo o belo destino Que me deu Nosso Senhô. Eu nasci pra ser vaqueiro, Sou o mais feliz brasilêro Eu não invejo dinhêro Nem diploma de dotô
Antônio Gonçalves da Silva
O PRÍNCIPE DO BARCO BRANCO E A PRINCESA DO VAI NÃO VOLTA
O remo do barco branco é defronte uma colina cortada por quatro rios de água potável e fina fica nos confins da Ásia bem perto da Palestina.
Severino Milanês da Silva
(trecho de uma embolada, resposta ao oponente)
No tempo em que eu era moço Comia meus ensopado Agora como sou cego, Só como macaco assado
Cego Aderaldo
E então? Consegui acrescentei alguma coisa? Voltarei o mais breve possível.
publicado
por Magaly Magalhães às 3:08 AM
21.7.02
Hoje, estou toda voltada para as minhas raízes. Uma saudade daquele chão que deixei de pisar há longos 50 anos e ao qual só voltei em rápidas visitas que só têm servido para intensificar esse sentimento nostálgico. Não que não ame o Rio Sou apaixonada por tudo isto aqui, de verdade. Mas aquilo lá, minha Maceió, conteve meu cordão umbelical. Por causa desta crise de origem, é que só me vêm à cabeça hoje trechos de Pastoril ("Boa-noite, meus senhores todos,/ E boa-noite, senhoras também,/ Eu peço palmas, peço fita e flores, / Aos partidários, peço proteção") ou dos Quilombos ("Folga negro / Branco não vem cá! / Si vinhé, / Pau há de levá") ou das Cheganças ("O Minas Gerais chegou ao porto / Com a sua marujada / Levar a mão a nosso quépe / Ter amor à nossa farda"). Para reverenciar nosso rico folclore. E as cantigas? Haekel Tavares com seu Azulão ( "Vai, Azulão, Azulão, companheiro, vai / Vai ver minha ingrata, / Diz que sem ela o sertão / Não é mais sertão / Vai, Azulão, companheiro, vai"). E a poesia que teve em Jorge de Lima sua mais pura expressão?
POETA, POETA, NÃO PODES
Desarrumar as terras do mundo. Poeta, podes fazer. Arrumar sem limites de pátria! Poeta, podes fazer. Derramar azeite no mar, plantar flores no topo dos montes, plantar trigo nos vales do mundo. Poeta, podes fazer Abrandar os tufões dos espaços, acabar com os tiranos do mundo. Poeta, podes fazer.
Extinguir a palavra de Deus afastar a Verdade da terra, Poeta, não podes fazer.
E o cordel? Ah! o cordel! Ficará para nosso próximo contato, eu prometo.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:52 AM
20.7.02
Saí do incêndio, das chamas, em que me meti.Vou voltar ao menos apelativo. Irei aos poucos. Brevemente, terei capacidade de exibir cores, links atraentes, figuras, fotos, até um som enfeitando meu diário, mas preciso estudar um pouco mais. Esperemos. Hoje, estou a zero, não li jornal, não assisti a noticiários na TV, não encontrei amigos nem parentes, estou com o apartamento em obra e só as batidas de marreta do dia inteiro permanecem troando na minha cabeça. Um dia neutro na acepção da palavra. Há, porém, como compensar tudo isto de maneira suave e agradável. É só recorrer ao meu arsenal de trovas, versos, cantares e cantigas, a assuntos relacionados ao mundo da poesia, onde moram as mais lindas fantasias, as verdades mais profundas, os mais suspirosos ais, os amores perfeitos e imperfeitos, a transcendência. Abri a esmo um livro de Mário Faustino (dos Santos e Silva), piauiense, jornalista, professor, crítico de poesia, funcionário da ONU, tudo isto dentro dos 32 anos de vida a que teve direito. Viajando para o exterior a fim de escrever reportagens especiais sobre Cuba, México e Estados Unidos, para o Jornal do Brasil, o avião que o transportava explodiu perto de Lima, caindo sobre o Cerro de las Cruces, nos Andes. Era o dia 27 de novembro de 1962.
APELO DE TERESÓPOLIS
Raiz da serra, raiz da serra
na raiz do ser está o mal.
Botão da rosa botão da coisa borbotões de sangue; o mangue, este é o mal.
Cimo de cerro no imo do ermo rasteja o erro
Nu. Neste dedo. A lousa raiada de restos. ---Pão para os que sobrevivem! Lá é rara a que sempre vive. Tomba a cara entre a lide e a vide ---
O sal da terra. ---(A leste , o mar.) O ser enfermo. Resto ---"Que resta de teu filho? As pombas ímpares hoje se odeiam. O sal, a serra a sul o mangue --- Longe se ateia vasto rastilho:
voz que reclama raiz da serra na foz da chama rosa de sangue na luz da lama cimo de cerro no limo do erro voz que proclama
Gente! Hoje estou compensada. Acabei de ler a coluna da competente Míriam Leitão, no caderno Economia de O Globo, relatando a entrevista que realizou com um dos mais importantes economistas do mundo - Jacob Frenkel - na qual ele faz uma avaliação do Risco-Brasil. Para se ter uma idéia, Frenkel é presidente da Merril Lynch Internacional, conta com uma bela carreira acadêmica, foi por muitos anos presidente do Banco Central de Israel e é presidente do Grupo dos 30 onde se encontram as principais lideranças financeiras do mundo e de que é parte o atual presidente de nosso Banco Central - Armínio Fraga. Ao avaliar nossa política econômica, ele deixa claro que o Brasil conseguiu a posição que ocupa hoje no panorama econômico mundial por ter aberto sua economia, aumentado a sua produtividade, tido uma política de metas de inflação consistente, um regime de câmbio flutuante flexível e ser um país transparente. Na realidade, problemas de outra ordem afetam o Brasil atualmente, como o reflexo da economia mundial, a incerteza eleitoral, os exageros das avaliações de risco das agências de classificação, os juros cobrados nos empréstimos ao país. E acrescenta que os dados mais significativos não estão sendo notados pelo mercado, como as melhoras na educação e na saúde.São suas estas afirmativas: "O sistema educacional brasileiro, da alfabetização ao número de PHDs, teve melhoras impressionantes. Isso é quase um milagre. Quando se fala em desenvolvimento, as pessoas pensam em máquinas, crescimento físico.O que é importante mesmo é o capital humano, a educação, o conhecimento, a capacidade de competir no mundo. Se os mercados olhassem essas estatísticas, ficariam muito bem impressionados." Voltando a falar na competência e no profissionalismo da nossa equipe econômica, afirmou: "Não falo como mercado, mas como professor, que eu sempre fui, admirando a qualidade do capital humano que é a equipe brasileira." O artigo de Míriam deve ser lido para abater um pouco o pessimismo com que é olhado nosso futuro dentro do mundo globalizado.
E agora? Amenidades? Sem nenhuma dúvida. Vamos aos epigramas. Adoro epigramas .Tenho dois hoje de Cecília Meireles. Como sabe dizer tanto em tão pouco espaço e tempo e com tanto ritmo!
EPIGRAMA Nº 9 O vento voa, a noite toda se atordoa, a folha cai.
Haverá mesmo algum pensamento sobre essa noite? sobre esse vento? sobre folha que se vai?
EPIGRAMA DO ESPELHO INFIEL A João de Castro Osório
Entre o desenho do meu rosto e o seu reflexo, meu sonho agoniza, perplexo.
Ah! pobres linhas do meu rosto, desmanchadas do lado oposto, e sem nexo!
E a lágrima de seu desgosto sumida no espelho convexo!
publicado
por Magaly Magalhães às 2:37 AM
17.7.02
Viram? Mudei o visual para um mais alegrinho. Houve, porém, uma pequena (?) falha. O cabeçalho (?) em letras muito grandes tomou o campo do texto que ficou ilegível. Vou tentar reproduzir os parágrafos prejudicados para dar sentido ao que vem em seguida.Só não sei se é válida esta tentativa ou se vou meter novamente a reprodução debaixo do letreiro incendiário. Caso isto aconteça, perdoem-me a incompetência prometendo, de antemão, tentar encurtar o espaço em que estão as letras da introdução, ok?
Antes de qualquer comentário, quero me penitenciar aqui, em público, por ter cometido a falta de omitir o nome da autora do poema transcrito em meu "post" do dia 15 do mês corrente. Trata-se do poema "Em Surdina" de Claudia Roquette Pinto. Nada intencional. Reverencio de modo especial a obra desta poeta, de metáforas esplêndidas, de linguagem contundente. Poeta que se destaca no panaroma contemporâneo das letras com brilho e com desenvoltura ímpar. Infelizmente, estou meio apressada hoje. Estou passando ligeirinho para dizer que sinto falta já deste encontro quase diário em que deixo impressões das notícias do dia, do que me pesa no conteúdo dessas notícias, do que me põe em alerta, do que me agrada ou me dá alguma esperança, enfim, um desabafo com aqueles que me procuram pelo blog.
publicado
por Magaly Magalhães às 7:33 PM
Antes de qualquer comentário, quero me penitenciar aqui, em público. Cometi a falta de omitir o nome da autora do poema transcrito no meu útimo post, de 15 do mês corrente. Nada intencional. Reverencio de modo especial a obra dessa poeta, de metáforas esplêndidas e de linguagem contundente. Poeta que se destaca no panorama das letras com brilho e com desenvoltura ímpar.
Infelizmente, estou meio apressada hoje. Estou passando ligeirinho para dizer que sinto falta já deste encontro quase diário em que deixo impressões das notícias do dia, do que me pesa no conteúdo dessas notícias, do que me põe em alerta, do que me agrada ou me dá alguma esperança, enfim, um desabafo com simpatizantes. Vou providenciar recursos para que haja possibilidade de troca de idéias entre nós. Comecei a usar o weblog há muito pouco tempo e ainda não tenho muito "jogo de cintura" nesse terreno.Tenho que explorá-lo e aprender seus segredos. Aí, vai ficar mais interessante com vocês dando idéias, contribuindo com argumentos e dados materiais, enfim, interagindo no melhor dos estilos. E, realmente, minha passagem hoje, por aqui, é de tal modo corrida que não selecionei um poema sequer para copiar para vocês. Vou, então, satisfazer o pedido de um irmão e passar a vocês um poema desta escriba aqui que, por sua vez, humildemente, pede que relevem a sua pretensão de produzir versos.
BUSCA
"Ser como o rio que flui" Manuel Bandeira
Por que calar? Por que fugir? Por que mesclar? Por que diluir?
São tantas áreas incongruentes conflitantes...
Como manifestar? Como interagir? Como elaborar? Como persistir?
São tantos espaços recipientes estimulantes...
A vida é um rio como todos obedece a uma correnteza em seu caminho para o mar
Pra que desconstruir? Pra que desnortear?
As águas do rio são profundas A alma pode apreender a tranquilidade dessa profundeza...
Magaly Campelo de Magalhães 1999/Rio
publicado
por Magaly Magalhães às 5:56 PM
15.7.02
Infelizmente, minha postagem de 15 de julho que me trazia de volta, depois de um problema em meu computador, não pôde aparecer nesta minha página. Houve um erro de publicação e ela está constando só dos arquivos. Em hora oportuna, eu a trarei a público. Nela, tocava num assunto que me vem preocupando sobremodo - a onda de discriminação racial em vários países, como também trazia para vocês a lusa lira de uma poeta muito expressiva. Não vou repeti-la aqui na esperança de poder resgatá-la para vocês, meus visitadores .Vamos a outros assuntos também pendentes e urgentes. Tenho usado a Internet em busca de programas que me possam abrir caminhos e me levem a operar na rede com um mínimo de habilidade e segurança. E o que está acontecendo é que, ao lado de páginas excelentes, tenho encontrado com muita freqüência textos mal lançados, onde o português aparece desfigurado, tal o número de erros e de construções truncadas. Sendo a Internet um veículo de comunicação e difusão de conhecimento, urge que haja um controle em forma de revisão dos textos propostos, principalmente os que contêm informações destinadas a estudantes, a candidatos a concursos, a profissionais de várias áreas. É importante que se use uma linguagem cuidada, sem agressões frontais à gramática e ao estilo. Um exemplo? Tenho visto o sinal de crase ser usado sem a menor cerimônia e responsabilidade, denunciando o desconhecimento, por parte de quem escreve, da própria definição desse processo de fusão. Isto para não falar da negligência com a concordância, a regência, a estrutura do texto, a concisão do conteúdo. Isso é incompreensível. Não podemos esquecer que um estudante que recorre a um texto imperfeitamente redigido vai absorver defeitos de linguagem de que dificilmente se livrará, o que é absolutamente nocivo à sua aprendizagem. Vamos estudar a língua que usamos. Um pouco mais de respeito ao idioma será uma ótima tomada de posição. Aqueles que desejam se comunicar por meio da palavra escrita, portanto, têm obrigação precípua de estar a par das leis fundamentais da gramática e lembrar sempre que "fora da sintaxe não há salvação". Tenho dito. Vamos à sobremesa.
EM SURDINA
(para um balé de Balanchine)
I
ela pode voar (ele acredita) no movimento que desmarra dentro - de entre os braços que um necessário apolo ergueu a tempo para essa alegoria - como se denso embora leve detendo-se o corpo se desse em asas - asas ao inverso, que nela o vôo não alça : desata - como se um vento (ou o que, íntimo, levita) soprando dentro sobre a água fixa da platéia a erguesse antes mesmo que os dedos-palafita de um parceiro a tocassem (como tocam agora) as costelas onde um par de asas se agita
II
o corpo um arco encordoado para fugas (ou será ela a própria flecha que dispara?)
publicado
por Magaly Magalhães às 8:29 PM
Problemas com a máquina, pessoal. Uma pena. Dias e dias afastada. Tudo resolvido agora, volto às minhas reflexões. Ando chocada com as notícias que vêm sendo veiculadas recentemente sobre a onda de racismo que vem percorrendo a Alemanha e a França, onde grupos populacionais perseguem minorias étnicas de forma constrangedora e odiosa, lembrando de alguma forma as perseguições aos judeus na época do nazismo. E isto ocorre quando o desenvolvimento da Antropologia logra lançar por terra as teorias racistas. Isto nos coloca diante de duas posições perante o mundo. De um lado, como uma população composta de várias raças, e, portanto, miscigenada, estamos expostos a uma situação de discriminação por parte de populações racistas. De outro lado, somos os candidatos naturais a liderar as minorias raciais em futuros confrontos. Basta para isso que elevemos o nível cultural de nossas populações. Somos, no momento, o povo que reúne as qualidades necessárias para os postos de comando das organizações internacionais . Temos capacidade de conseguir nossa cadeira no Conselho de Segurança Internacional. É uma reflexão válida, não ?
Procurando um lado mais ameno, vocês conhecem a poeta Maria Helena Varela? Há cinco ou seis anos no Brasil, esta poeta nascida em Portugal, com mestrado em Filosofia do Conhecimento na Universidade do Porto e doutorado em Letras - área do Pensamento em Língua Portuguesa - na PUC do Rio de Janeiro, fala-nos com paixão de sua pátria de adoção e de suas raízes lusas em seu inspirado Viagens, Labirintos e Mapas. Símbolo vivo de luso-brasilidade, Maria Helena canta as duas pátrias de língua comum, língua que ela valoriza, glorifica e na qual ela recupera sua herança cultural. A Terceira Margem é um dos seus mais belos e cativantes poemas.
A TERCEIRA MARGEM
Este é o meu jeito de ficar, partindo, fórmula mágica de fruir, fluindo; meu solo sem raiz, meu credo, meu sistema.
Esta é a saudade que me ata aos mares, o povo que falta e me ficou no ventre, meus irmãos que não tive e descobri que tinha; meu canto, meu conto, meu contento.
Este é o meu modo de pensar sentindo, meu gesto breve de não amar, amando e luso fado de existir, navegando; meu cogito, minha lira, meu poema.
Esta é a história incompleta que restou dos heróis do mar e quintos dos impérios, herança doce e leve, minha e vossa, minha pátria-rio e língua nossa.
Espero que tenha agradado. Fico por aqui. Amanhã estarei de volta.
publicado
por Magaly Magalhães às 1:25 AM
11.7.02
Hoje, novamente com dificuldade de tempo, estou comparecendo um pouco tarde. Daí, tenho que ser breve para não varar a madrugada. Vamos logo à escolha do poema de hoje, tarefa não muito fácil dado o número de preciosidades que tenho para oferecer-lhes.
Canção dos Romances Perdidos
Mário Quintana
Oh! O silêncio das salas de espera Onde esses pobres guarda-chuvas lentamente escorrem...
O silêncio das salas de espera E aquela última estrela...
Aquela última estrela E, na parede, esses quadros lívidos, De onde fugiram os retratos...
De onde fugiram todos os retratos...
E esta minha ternura, Meu Deus, Oh! toda esta ternura inútil, desaproveitada!...
Muito delicada e terna. Toquei na sensibilidade de vocês?. Acho Mário Quintana o poeta da simplicidade, que nos leva a valorizar os mínimos gestos humanos, que dá significado às menores coisas da vida, aos detalhes da Natureza. Fez falta a sua presença física, devido à sua identificação com todos que o cercavam, mas sua memória é presente e rica e permanece encantando muita gente.
Despeço-me aqui.Vou ter um dia de saudades especiais. Tenho que me preparar espiritualmente para ele. À demain, com carinho.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:02 AM
10.7.02
Muita ocupação não planejada. Resultado: falta de flexibilidade, dificuldade em cumprir objetivos.Como sei que leitor blogueiro, por natureza, é tolerante, aqui estou para tentar conversar um pouco. Volto ao tema que me tem preocupado e, acredito, tem tirado a sensação de segurança de muita gente - nossa exposição a atos de violência. Já observaram como o ato de sair à rua tornou-se traumático? Há que levar uns trocados em lugar estratégico para o caso de assalto, tendo-se que produzir um sistema seguro para salvaguardar talões de cheque, cartões, documentos, dinheiro em espécie. Ao entrar em um edifício ou sair dele, até mesmo o seu próprio, examinar o ambiente em volta para ver se há pesssoas em atitude suspeita. E, se tiver a infelicidade de ser abordada por um marginal, ter a sabedoria de não dar margem a ímpetos de indignação para não correr riscos maiores. Enfim, um sem número de gestos, cuidados, atitudes que desgastam a paciência e capacidade de tolerância - vida artificial e perigosa. Será que vamos ter que conviver com este estado de coisas indefinidamente? Nada tem logrado conter esta onda de brutalidade. Há a repressão pelas autoridades competentes, há o serviço das Ongs, há o louvável trabalho de grupos religiosos , mas nenhum resultado palpável. Não seria o caso de a sociedade toda motivar-se e começar a trabalhar em todas as posições para deter o avanço desses desregramentos? Cada um fazendo algo, dentro de suas qualificações, procurando pelo menos devolver à população excluída o sentido de dignidade pessoal. É uma tarefa muito difícil, mas vale a pena tentar. Sugestões são aceitas.
Tenho uma linda poesia para hoje, de um autor amazonense - Thiago de Mello. Poesia com força de rio gigante, impetuoso .
A APRENDIZAGEM AMARGA
Chega um dia em que o dia se termina antes que a noite caia inteiramente. Chega um dia em que a mão, já no caminho, de repente se esquece de seu gesto. Chega um dia em que a lenha já não chega para acender o fogo da lareira. Chega um dia em que o amor, que era infinito, de repente se acaba, de repente. Força é saber amar doce e constante com o encanto de rosa alta na haste, para que o amor ferido não se acabe na eternidade amarga de um instante.
Espero que se emocionem e aguardem com carinho o próximo poema.Até amanhã.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:39 AM
8.7.02
Um domingo lânguido, sem maiores apelativos. Que fazer? Tento entender coisas novas que surgem à minha frente, mas nem tudo é apreensível e nunca fui muito boa autodidata. Então, no que tange a conhecimento tecnológico, minhas dificuldades são muito grandes. Deploro não ter nascido dentro da linguagem cibernética. É tudo tão simples para o time infanto-juvenil! Tarde para lamentar. Luta-se com as armas que se tem nas mãos. E vou conseguir chegar aonde quero, prometo a mim mesma. E então? De que falaremos ? Algo que interesse a todos. Música? Popular, erudita? Por falar em música erudita, vocês já ouviram o barroco Zelenka? É o que faço neste momento, enquanto digito . Suas sonatas têm o poder de me transportar a uma atmosfera rarefeita, de tal modo que me sinto com novas energias para fazer face a qualquer dificuldade que se apresente. Ao som de tão perfeito fundo musical, vamos declamar nosso poema de hoje:
Ave Maria
Fernando Pessoa
Ave Maria, tão pura Virgem nunca maculada Ouvide a prece tirada No meu peito da amargura.
Vós que sois cheia de graça Escutai minha oração, Conduzi-me pela mão Por esta vida que passa.
Oh! Senhor, que é vosso filho Que seja sempre conosco, Assim como é convosco Eternamente seu brilho
Bendita sois vós, Maria, Entre as mulheres da Terra E voss'alma só encerra Doce imagem d'alegria.
Mais radiante do que a luz E bendito, oh Santa Mãe! É o fruto que provém Do vosso ventre, Jesus!
Ditosa Santa Maria, Vós que sois a Mãe de Deus E que morais lá nos céus Orai por nós cada dia.
Rogai por nós, pecadores, Ao vosso filho, Jesus, Que por nós morreu na cruz E que sofreu tantas dores. Rogai, agora, oh Mãe querida! E (quando quiser a sorte) Na hora da nossa morte Quando nos fugir a vida.
Ave Maria, tão pura Virgem nunca maculada, Ouvide a prece tirada No meu peito da amargura.
Dons divinos - música e poesia - para amenizar as asperezas da vida. Até amanhâ.
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publicado
por Magaly Magalhães às 1:28 AM
7.7.02
E hoje, que veremos? Talvez impressões sobre alguns blogs e sua repercussão.Vamos lá. Tenho tido a oportunidade de ler blogs excelentes. Refiro-me ao conteúdo, layout, riqueza de recursos utilizados, originalidade na exibição, propriedade na linguagem, vivacidade na comunicação. Visitar os blogs da mestra Cora Rónai é beber num manancial de informações, é conhecer lugares novos, é viajar com ela, é abastecer-se de entusiasmo e alegria de viver. E ganha-se muito também, navegando-se pelos blogs de Alexandre Magno (Omnimodo); da Meg, a festejada Meg, tão querida da família blogueira; da Carolina Porto (Carol); do Dudi; da Fabriani; enfim, de tantos que não daria para enumerá-los numa só postagem. E isto, graças à coluna do Gravatá, no caderno de Informática de O Globo. Espero que o blog tenha vindo para ficar, que não seja só modismo, plantando-se mesmo como tendência. É o direito de o cidadão comum poder expressar-se livremente.
Um dia desses, uma amiga me mandou um e-mail convidando-me a contribuir com uma quadrinha, para compor uma espécie de registro de versos, já que é difícil viver neste mundo lindo, mas cruelzinho, sem dar asas à fantasia. Timidamente, coloquei lá a minha e esperei o progresso da iniciativa. Não mais soube mais do destino de tão oportuna proposta. Agora, vejo que poderíamos tentar aqui uma experiência semelhante. Que tal, gente? Vamos incrementar nossos blogs com este tipo de interação?
Agora, o poema de hoje.
O CARDUME
Alberto Martins
Às vezes passa à toa como baleia do Atol das Rocas
e ninguém arpoa. Outras rente à praia
como o dia em que quase piso na aba escura de uma raia.
A maioria, porém, passa em segredo como passa agora
em torno desta mesa. Como há de passar ainda
- quem sabe quantas vezes! - sem que eu perceba
a mancha do cardume na simples correnteza.
Por hoje, é só. Uma linda madrugada para todos. ( "Amanhã é domingo, pé de cachimbo / areia fina, deu no sino..." )
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por Magaly Magalhães às 1:56 AM
6.7.02
Hoje, novamente, uma homenagem a uma outra amiga poeta.
Silêncio
Leda Motta
Raios de lua na noite do céu. Lua alta, lua prateada, lua de luz cama, fria. Lá fora o silêncio em contraste. Sim, o contraste do silêncio... Porque nem sempre o silêncio é calma, nem sempre o silêncio é paz. Há sempre vozes. A voz da consciência a murmurar ou gritar no silêncio, ou a do coração sussurrando amores, saudades, esperanças, desejos e sonhos Às vezes, uma melodia ou um poema... a encher de sons a solidão do silêncio. Silêncio... Ah! a tortura - ou o prazer? - das vozes do silêncio - ou do silêncio das vozes?
Já é madrugada. Vamos aproveitar o silêncio evocado e decantado pela fina sensibilidade de minha amiga e preparar corpo e alma para mais um dia em nossas vidas. Até mais.
publicado
por Magaly Magalhães às 2:07 AM
blogger.com publicado
por Magaly Magalhães às 1:31 AM
4.7.02
Começo, hoje, transcrevendo um dos mais inspirados poemas de uma amiga minha - Toninha. Uma homenagem, um gesto de Amizade :
SOLIDÃO
Choro, sim, choro... Estou vazia. Do fundo do meu vácuo Esta agonia. Choro palavras Choro letras e rimas. Tento com elas Liberar meus prantos Desencantos Meus cantos sufocados. Choro como as brandas rosas Já despidas Choro pétalas de flores Desprendidas Que ao menor toque de mão Caem copiosas... Que mistérios de dor Sofrem as rosas? Têm elas também Ânsias magoadas? Têm também afirmações negadas, Desejos e paixões Amordaçadas? Maria Antônia Bouzón Cruz de "Retalhos de Mim".
Agora, alguns comentários sobre o que vai rolando por aí.
Li, hoje, na coluna de Márcio Moreira Alves, de O Globo, uma afirmação de Roberto Gianotti da Fonseca, até bem pouco tempo secretário de Comércio Exterior, num seminário do Itaú Cultural / São Paulo : " O Brasil precisa aprender a exportar serviços. Temos o melhor sistema de informatização bancária do mundo e um sistema de informatização das eleições que já despertou o interesse de 12 países e de duas instituições internacionais, a OEA e a ONU. Procurado pelo repórter Moreira Alves para uma confirmação, o ministro Nelson Jobim, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, por sua vez, afirmou que o sistema brasileiro de eleições informatizadas tem, na verdade, despertado interesse no mundo inteiro, utilizando uma urna robusta e de baixo custo. Rústica, mas portando um sofisticado software, desenvolvido pela equipe de informática do TSE. E acrescenta que, apesar de sermos ao todo cerca de 115 milhões de eleitores, há um prognóstico de fornecimento do resultado das eleições para presidente em apenas 4 horas após o fechamento das seções eleitorais - um recorde mundial. O ministro pretende fazer depois leasings do sistema . "Será o Brasil ensinando o mundo a votar", diz com orgulho o nosso repórter .
Voltando ao futebol, sempre olhei com simpatia os campeonatos mundiais pela capacidade que têm de agregar diferentes nações, de ombrear diversas etnias. Agora, vejo na fala de J.Roberto Whitaker Penteado, em artigo de O Globo, de hoje, a ratificação de minhas lucubrações. Acatando a opinião do filósofo italiano Toni Negri de que a Copa do Mundo é um movimento útil, o único evento que pode realmente ser considerado global, Whittaker encerra seu artigo, dizendo: "Não há poder econômico ou militar que consiga, em tão pouco tempo e com tal abrangência, atingir grau comparável de hegemonia global, entre mentes e corações. E sem mágoas ou ofensas, mas com emoção e divertimento. Como num conto de fadas."
E vou ficando por aqui. Amanhã , outra dose de prosa.
publicado
por Magaly Magalhães às 1:06 AM
3.7.02
Passagem para o Além. Missão cumprida, Francisco Cândido Xavier retira-se da vida serenamente, do modo como viveu. Vida inteira dedicada a amparar os que precisavam de apoio espiritual, entregou-se igualmente ao serviço de divulgação da doutrina espírita que ele soube honrar e engrandecer. Do outro lado da vida, ele terá certamente uma recepção cheia de amor, do mesmo amor que ele soube tão bem espalhar entre seus irmãos aqui, na Terra. Que seu espírito, de onde estiver, continue espargindo sua luz radiosa em benefício de todos nós. Paralelamente, a cidade se engalana para receber nossos heróis do futebol. Coincidente com o que ele costumava repetir quando falava de suas pretensões. Queria partir num dia de festa coletiva, em que a alegria fosse geral. Desejo cumprido. Deve ter partido muito feliz.
O que tenho hoje pra vocês? Cabe bem um poema leve como um dos sonetos de Florbela Espanca, esta poeta lusitana, que lida com forma, rima e ritmo de maneira mágica. Vejamos o seu
SER POETA
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de ouro e cetim... É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, pedidamente... É seres alma e sangue e vida em mim E dizê-lo cantando a toda gente!
Não é lindo? E como abri para esta bela lusitana, vou fazer mais um pouquinho. Vou deixar com vocês um pensamento pinçado de "Poemas Inconjuntos" de outro lusitano não menos festejado, Fernando Pessoa :
" O único mistério do Universo é o mais e não o menos. Percebemos demais as cousas - eis o erro, a dúvida. O que existe transcende para mim o que julgo que existe. A Realidade é apenas real e não pensada."
Até mais, já é um bocado tarde. Hora de berço.
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por Magaly Magalhães às 3:25 AM
2.7.02
Um dia inteiro para degustar e digerir com grande felicidade o tão esperado PENTA. Agora, estou refeita para blogar. Com a alma em festa como estou, meu impulso é mergulhar fundo na poesia e é o que vou fazer. Sintam o charme de Arnaldo Antunes ao dizer:
"O sol vai embora de noite e volta quando a noite vai embora e vai embora quan- do a noite volta e dá a volta durante todo o dia atrás da noite de ontem.
Neste outro, Arnaldo expressa-se também com originalidade:
Os sapatos ficam entre os pés e o chão, no que são como as palavras. As meias entre os pés e os sapatos, como adjetivos. Os verbos,passos.Cadarços,laços. Os pés caminham lado a lado, calçados.Sapatos são calçados. Porque são e porque são usados. Palavras são pedaços. Os pés descalços caminham calados.
E por que não, para finalizar a sessão de hoje, oferecer a vocês a doce poesia de Manuel Bandeira, em seu
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intrasitivo: Te adoro,Teodora.
E então? Vamos entrar na terça-feira, 2 de julho, com a alma lavada e abastecida de poesia. Até mais.