Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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31.7.02
 
Ol�, pessoal! Eu, de novo. Hoje me sinto crian�a. Por isso, talvez, n�o me saia da cabe�a um poeminha lindo de Cec�lia Meireles, dirigido aos leitores mirins ou aos que, de vez em quando, voltam a esse est�gio, como se quisessem tomar novo folego para continuar a caminhada pela vida.

OU ISTO OU AQUILO

Ou se tem chuva e n�o se tem sol
ou se tem sol e n�o se tem chuva!

Ou se cal�a a luva e n�o se p�e o anel,
ou se p�e o anel e n�o se cal�a a luva!

Quem sobe nos ares n�o fica no ch�o,
quem fica no ch�o n�o sobe nos ares.

� uma grande pena que n�o se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e n�o compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

N�o sei se brinco, n�o sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqu�lo.

Mas n�o consegui entender ainda
qual � melhor: se � isto ou aquilo


N�o � uma gracinha? Tenham sonhos leves como estes versos.

publicado por Magaly Magalhães às 1:13 AM
28.7.02
 
Voltei com uma inten��o : ser r�pida e oferecer-lhes um poeminha de fabrica��o caseira, um modo carinhoso de fazermos as pazes.

MEDITANDO


C� estou, a meditar,
a tentar passar a limpo
tra�os, riscos, rabiscos,
dores, pendores, amores.


Tra�os luzentes, cinzentos,
coloridos, doloridos,
emba�ados pelo tempo,
esvaziados... queridos...


Resta uma saudade fluida
a fertilizar a alma,
a contornar o des�nimo,
a recuperar a calma.


Eis-me meditando ainda.
Desses prov�veis resgates
a novos poss�veis embates:
Deixar a tarefa finda.


Magaly Magalh�es
2001 / Rio





publicado por Magaly Magalhães às 1:39 AM
27.7.02
 
Estou sem gra�a. Submeti voc�s a uma situa��o inconveniente por um erro meu referente a postagens. Os textos dos dias 25 e 26 se repetem, como devem ter observado, quando s� � v�lido o do dia 26. N�o tive a inten��o de que "A Fl� de Puxinan�" e "Brasi Caboco" fizessem parte do post por serem longas e, num momento de distra��o, apertei o bot�o Publicar sem retir�-las do contexto. Alguma coisa deve, realmente, ter-me tirado a concentra��o, porque, ato cont�nuo, descartei as referidas pe�as e pressionei o bot�o Publicar para a vers�o reduzida. Resultado: mensagens repetidas. Desgastante para mim porque n�o � a primeira vez que cometo esse tipo de deslize (o anterior aconteceu numa tentativa de mudan�a de template, lembram-se?); e desgastante para voc�s, pelo que pe�o desculpas, prometendo me policiar mais, de agora por diante.
Como compensa��o, fico por aqui hoje, sem poemas, sem surpresas, mas com muita vontade de conseguir uma "performance"
mais elaborada, menos amadora.
At� mais.

publicado por Magaly Magalhães às 7:32 PM
26.7.02
 
Visitinha r�pida, n�o d� para falar muito hoje.Vou s� deixar um cordel engra�adinho que encontrei em meus guardados para complementar os coment�rios de ontem. Se desse para explorar mais, eu o faria com gosto. Adoro mexer com esses assuntos, mas fico a me perguntar se os amigos me conferem o direito de ser insistente assim.


Severino de Andrade Silva (Z� da Luz), nasceu em Itabaiana, PB, em
29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965

AI! SE S�SSE!...

Se um dia n�s se gostasse;
Se um dia n�s se queresse;
Se n�s dos se impari�sse,
Se juntinho n�s dois vivesse!
Se juntinho n�s dois morasse
Se juntinho n�s dois drumisse;
Se juntinho n�s dois morresse!
Se pro c�u n�s assubisse?
Mas por�m, se acontecesse
qui S�o P�do n�o abrisse
as portas do c�u e fosse,
te diz� quarqu� toul�ce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
pr� qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do c�u furasse?...
Tarvez qui n�s dois ficasse
tarvez qui n�s dois ca�sse
e o c�u furado arriasse
e as virge t�das fugisse!!!


E a�? Valeu?
At� breve, o mais breve poss�vel.


publicado por Magaly Magalhães às 12:21 AM
25.7.02
 
Visitinha r�pida, n�o d� pra falar muito hoje. Vou s� deixar um cordel muito bonitinho que encontrei agora para complementar os coment�rios de ontem.
Se desse para explorar mais, eu o faria. Gosto de mexer com essas coisas, mas fico a me perguntar se os amigos me conferem
o direito de ser prolixa ou insistente.

Vamos l�, ent�o.

Severino de Andrade Silva (Z� da Luz), nasceu em Itabaiana, PB, em
29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965

AI! SE S�SSE!...

Se um dia n�s se gostasse;
Se um dia n�s se queresse;
Se n�s dos se impari�sse,
Se juntinho n�s dois vivesse!
Se juntinho n�s dois morasse
Se juntinho n�s dois drumisse;
Se juntinho n�s dois morresse!
Se pro c�u n�s assubisse?
Mas por�m, se acontecesse
qui S�o P�do n�o abrisse
as portas do c�u e fosse,
te diz� quarqu� toul�ce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
pr� qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do c�u furasse?...
Tarvez qui n�s dois ficasse
tarvez qui n�s dois ca�sse
e o c�u furado arriasse
e as virge t�das fugisse!!!

E a�? Valeu?
At� mais.




AS FL� DE PUXINAN�
(Par�dia de As "Fl� de Geremat�ia"
de Napole�o menezes)

Tr�s mui� ou tr�s irm�,
tr�s cach�rra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinan�.

A mais v�ia, a mais ribusta
era mermo uma tenta��o!
mimosa fl� do sert�o
que o povo chamava Ogusta.

A segunda, a Gul�imina,
tinha uns �i qui �! mardi��o!
Matava quarqu� crit�o
os oi� d�ssa minina.

Os �i dela paricia
duas istr�la tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.

A terc�ra, era Maroca.
Cum um c�ipo muito m� feito.
Mas por�m, tinha nos peito
dois cusc�s de mandioca.

Dois cusc�s, qui, pr� capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o ch�ro vindo dos bicho.

Eu int�, me atrapaiava,
sem sab� das tr�s irm�
qui ei vi im Puxinan�,
qual era a qui mi agradava.

Inscuiendo a minha cruz
pr� sair desse imbara�o,
desejei, morr� nos bra�os,
da dona dos dois cusc�s!





BRASI CABOCO

O qui � Bras� Caboco?
� um Brasi diferente
do Bras� das capit�.
� um Brasi brasil�ro,
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacion�!

� o Brasi qui n�o veste
liforme de gazimira,
camisa de peito duro,
com butuadura de ouro...
Brasi caboco s� veste,
camisa grossa de lista,
car�a de brim da "polista"
gib�o e chap�u de coro!

Brasi caboco num come
assentado nos banquete,
misturado cum os home
de casaca e anel�o...
Brasi caboco s� come
o bode seco, o feij�o,
e as veiz uma panelada,
um pir�o de carne verde,
nos dias da inlei��o
quando vai servi de iscada
prus home de posi��o.

Brasi caboco num sabe
fal� ingr�s nem franc�s,
munto meno o portugu�s
qui os outros fala imprestado...
Brasi caboco num inscreve;
munto m� assina o nome
pra votar pru mode os home
S� gunverno e diputado

Mas por�m. Brasi caboco,
� um Brasi brasileiro,
sem mistura de instrangero
Um Brasi nacion�!

� o Brasi sertanejo
dos coco, das imbolada,
dos samba, dos vialejo,
zabumba e caracax�!

� o Brasi das vaquejada,
do aboio dos vaquero,
do arranco das boiada
nos fechado ou tabulero!

� o Brasi das caboca
qui tem os �io feiticero,
qui tem a boca incarnada,
como fruta de cardoro
quando ela nasce alejada!

� o Brasi das promessa
nas noite de S�o Jo�o!
dos carro de boi cantano
pela boca dos coc�o.

� o Brasi das caboca
qui cum saben�a gunverna,
vinte e cinco p�-de-birro
cum a munfada entre as perna!

Brasi das briga de galo!
do jogo de "s�co-t�co"!
� o Brasi dos caboco
amansad� de cavalo!
� o Brasi dos cantad�,
desses caboco afamado,
qui nos verso improvisado,
sirrindo, cant�ro o am�;
cantando choraro as m�gua:
Brasi de Pelino Guedes,
de In�cio da Catingueira,
de Umbelino do Texera
e Romano de M�e-d'�gua!

� o Brasi das caboca,
qui de noite se dibru�a,
machucando o peito virge
no batente das jinela...
Vendo, os caboco pachola
qui geme, chora e solu�a
nas cordas de uma viola,
ruendo pax�o pru ela!

� esse o Brasi caboco.
Um Brasi bem brasilero,
sem mistura de instrang�ro
Um Bras�a nacion�!

Brasi, qui foi, eu t� certo
argum dia discuberto,
pru P�do Arves Cabr�.





publicado por Magaly Magalhães às 12:59 AM
24.7.02
 
Ol�, amigos. Promessa � d�vida. Venho cumprir a minha - trazer o cordel para voc�s, o que fa�o com extrema satisfa��o.
O termo cordel tem origem erudita, influ�ncia de Portugal, e data do s�culo XVI. Aqui, no Brasil, est� fazendo cem anos e ainda se mostra uma literatura vigorosa, apesar de alguns progn�sticos de que estaria morrendo a esta altura. Est� a�, por�m, com aceita��o de seu p�blico original e, ainda, despertando a curiosidade de estudiosos e unversit�rios, contando com mais de cem mil t�tulos e belos representantes, muitos deles em plena atividade. Este nome cordel � uma refer�ncia ao barbante em que os folhetos ficavam pendurados, em exposi��o.
Sua tem�tica � voltada para a natureza, ora rude por a��o das secas prolongadas, ora vi�osa a ressurgir da terra crestada e imprest�vel; para as lides com a terra e animais, onde a figura do vaqueiro � real�ada por sua coragem, resist�ncia e destemor; para o amor puro/cru da simpl�ria gente interiorana. N�o param a� os cordelistas. H� os que falam dos pol�ticos, do poder dos latifundi�rios X servid�o do homem da terra, das injusti�as sociais.
H� tamb�m os cordelistas urbanos falando dos problemas das cidades e capitais e, at� mesmo, os que opinam sobre assuntos de interesse internacional.
Esta literatura est� ligada a cantorias e desafios, acompanhados de viola, podendo seus t�tulos levarem o nome de desafio, peleja ou embolada, em que h� a participa��o de mais de um cantador, armando uma verdadeira contenda de opini�es, encontros que varam horas de improviso r�pido e inteligente. Pode ser realizada em prosa ou verso. Aqui, no Brasil, prevalece a forma po�tica, em sextilhas de redondilha maior, ocorrendo as rimas no segundo, quarto e sexto versos.
Apresento, como representantes do cordel, nomes consagrados - muitos atuantes, como: Patativa do Assar�, Cego Aderaldo, Romano da M�e D�gua Nega Chica Barr�sa, Severino Milan�s da Silva, Chico CaldasZ� Limeira, Z� Praxedes, Z� da Luz, Ant�nio Gon�alves da Silva e muitos outros.
Finalmente, para voc�s terem uma id�ia do sabor desta poesia ing�nua e despojada, deixo umas estrofes soltas de alguns desses cantadores.

A FOR�A DA UNI�O

A uni�o faz a for�a
Diz o dito popular
O peso que um n�o levanta
Dois conseguem levantar
Um s� a luta n�o faz
Por isso cada vez mais
Vamos unidos lutar

Chico Caldas


O VAQUEIRO

Eu venho derne menino
Derne muito pequenino
Cumprindo o belo destino
Que me deu Nosso Senh�.
Eu nasci pra ser vaqueiro,
Sou o mais feliz brasil�ro
Eu n�o invejo dinh�ro
Nem diploma de dot�

Ant�nio Gon�alves da Silva


O PR�NCIPE DO BARCO BRANCO E A PRINCESA DO VAI N�O VOLTA

O remo do barco branco
� defronte uma colina
cortada por quatro rios
de �gua pot�vel e fina
fica nos confins da �sia
bem perto da Palestina.

Severino Milan�s da Silva


(trecho de uma embolada, resposta ao oponente)

No tempo em que eu era mo�o
Comia meus ensopado
Agora como sou cego,
S� como macaco assado

Cego Aderaldo


E ent�o? Consegui acrescentei alguma coisa?
Voltarei o mais breve poss�vel.

publicado por Magaly Magalhães às 3:08 AM
21.7.02
 
Hoje, estou toda voltada para as minhas ra�zes. Uma saudade daquele ch�o que deixei de pisar h� longos 50 anos e ao qual s� voltei em r�pidas visitas que s� t�m servido para intensificar esse sentimento nost�lgico. N�o que n�o ame o Rio Sou apaixonada por tudo isto aqui, de verdade. Mas aquilo l�, minha Macei�, conteve meu cord�o umbelical.
Por causa desta crise de origem, � que s� me v�m � cabe�a hoje trechos de Pastoril ("Boa-noite, meus senhores todos,/ E boa-noite, senhoras tamb�m,/ Eu pe�o palmas, pe�o fita e flores, / Aos partid�rios, pe�o prote��o") ou dos Quilombos ("Folga negro / Branco n�o vem c�! / Si vinh�, / Pau h� de lev�") ou das Chegan�as ("O Minas Gerais chegou ao porto / Com a sua marujada / Levar a m�o a nosso qu�pe / Ter amor � nossa farda"). Para reverenciar nosso rico folclore. E as cantigas? Haekel Tavares com seu Azul�o ( "Vai, Azul�o, Azul�o, companheiro, vai / Vai ver minha ingrata, / Diz que sem ela o sert�o / N�o � mais sert�o / Vai, Azul�o, companheiro, vai"). E a poesia que teve em Jorge de Lima sua mais pura express�o?

POETA, POETA, N�O PODES

Desarrumar as terras do mundo.
Poeta, podes fazer.
Arrumar sem limites de p�tria!
Poeta, podes fazer.
Derramar azeite no mar,
plantar flores no topo dos montes,
plantar trigo nos vales do mundo.
Poeta, podes fazer
Abrandar os tuf�es dos espa�os,
acabar com os tiranos do mundo.
Poeta, podes fazer.

Extinguir a palavra de Deus
afastar a Verdade da terra,
Poeta, n�o podes fazer.

E o cordel? Ah! o cordel!
Ficar� para nosso pr�ximo contato, eu prometo.

publicado por Magaly Magalhães às 2:52 AM
20.7.02
 
Sa� do inc�ndio, das chamas, em que me meti.Vou voltar ao menos apelativo. Irei aos poucos. Brevemente, terei capacidade de exibir cores, links atraentes, figuras, fotos, at� um som enfeitando meu di�rio, mas preciso estudar um pouco mais. Esperemos.
Hoje, estou a zero, n�o li jornal, n�o assisti a notici�rios na TV, n�o encontrei amigos nem parentes, estou com o apartamento em obra e s� as batidas de marreta do dia inteiro permanecem troando na minha cabe�a. Um dia neutro na acep��o da palavra. H�, por�m, como compensar tudo isto de maneira suave e agrad�vel. � s� recorrer ao meu arsenal de trovas, versos, cantares e cantigas, a assuntos relacionados ao mundo da poesia, onde moram as mais lindas fantasias, as verdades mais profundas, os mais suspirosos ais, os amores perfeitos e imperfeitos, a transcend�ncia.
Abri a esmo um livro de M�rio Faustino (dos Santos e Silva), piauiense, jornalista, professor, cr�tico de poesia, funcion�rio da ONU, tudo isto dentro dos 32 anos de vida a que teve direito. Viajando para o exterior a fim de escrever reportagens especiais sobre Cuba, M�xico e Estados Unidos, para o Jornal do Brasil, o avi�o que o transportava explodiu perto de Lima, caindo sobre o Cerro de las Cruces, nos Andes. Era o dia 27 de novembro de 1962.

APELO DE TERES�POLIS

Raiz da serra,
raiz da serra

na raiz do ser
est� o mal.

Bot�o da rosa
bot�o da coisa
borbot�es de sangue;
o mangue,
este � o mal.

Cimo de cerro
no imo do ermo
rasteja o erro

Nu.
Neste dedo.
A lousa
raiada de restos.
---P�o
para os que sobrevivem!
L�
� rara a que sempre vive.
Tomba
a cara entre a lide e a vide ---

O sal da terra.
---(A leste , o mar.)
O ser enfermo.
Resto
---"Que resta de teu filho?
As pombas
�mpares
hoje se odeiam.
O sal, a serra a sul o mangue ---
Longe se ateia
vasto rastilho:

voz que reclama
raiz da serra
na foz da chama
rosa de sangue
na luz da lama
cimo de cerro
no limo do erro
voz que proclama

---N�o h� bombas
limpas.


publicado por Magaly Magalhães às 1:30 AM
19.7.02
 

















Gente! Hoje estou compensada. Acabei de ler a coluna da competente M�riam Leit�o, no caderno Economia de O Globo, relatando a entrevista que realizou com um dos mais importantes economistas do mundo - Jacob Frenkel - na qual ele faz uma
avalia��o do Risco-Brasil.
Para se ter uma id�ia, Frenkel � presidente da Merril Lynch Internacional, conta com uma bela carreira acad�mica, foi por muitos anos presidente do Banco Central de Israel e � presidente do Grupo dos 30 onde se encontram as principais lideran�as financeiras do mundo e de que � parte o atual presidente de nosso Banco Central - Arm�nio Fraga.
Ao avaliar nossa pol�tica econ�mica, ele deixa claro que o Brasil conseguiu a posi��o que ocupa hoje no panorama econ�mico mundial por ter aberto sua economia, aumentado a sua produtividade, tido uma pol�tica de metas de infla��o consistente, um regime de c�mbio flutuante flex�vel e ser um pa�s transparente.
Na realidade, problemas de outra ordem afetam o Brasil atualmente, como o reflexo da economia mundial, a incerteza eleitoral, os exageros das avalia��es de risco das ag�ncias de classifica��o, os juros cobrados nos empr�stimos ao pa�s.
E acrescenta que os dados mais significativos n�o est�o sendo notados pelo mercado, como as melhoras na educa��o
e na sa�de.S�o suas estas afirmativas: "O sistema educacional brasileiro, da alfabetiza��o ao n�mero de PHDs, teve melhoras impressionantes. Isso � quase um milagre. Quando se fala em desenvolvimento, as pessoas pensam em m�quinas, crescimento f�sico.O que � importante mesmo � o capital humano, a educa��o, o conhecimento, a capacidade de competir no mundo. Se os mercados olhassem essas estat�sticas, ficariam muito bem impressionados."
Voltando a falar na compet�ncia e no profissionalismo da nossa equipe econ�mica, afirmou: "N�o falo como mercado, mas como professor, que eu sempre fui, admirando a qualidade do capital humano que � a equipe brasileira."
O artigo de M�riam deve ser lido para abater um pouco o pessimismo com que � olhado nosso futuro dentro do mundo globalizado.


E agora? Amenidades? Sem nenhuma d�vida.
Vamos aos epigramas. Adoro epigramas .Tenho dois hoje de Cec�lia Meireles. Como sabe dizer tanto em t�o pouco espa�o e tempo e com tanto ritmo!

EPIGRAMA N� 9
O vento voa,
a noite toda se atordoa,
a folha cai.


Haver� mesmo algum pensamento
sobre essa noite? sobre esse vento?
sobre folha que se vai?


EPIGRAMA DO ESPELHO INFIEL
A Jo�o de Castro Os�rio


Entre o desenho do meu rosto
e o seu reflexo,
meu sonho agoniza, perplexo.

Ah! pobres linhas do meu rosto,
desmanchadas do lado oposto,
e sem nexo!

E a l�grima de seu desgosto
sumida no espelho convexo!










publicado por Magaly Magalhães às 2:37 AM
17.7.02
 
Viram? Mudei o visual para um mais alegrinho. Houve, por�m, uma pequena (?) falha. O cabe�alho (?) em letras muito grandes tomou o campo do texto que ficou ileg�vel. Vou tentar reproduzir os par�grafos prejudicados para dar sentido ao que vem em seguida.S� n�o sei se � v�lida esta tentativa ou se vou meter novamente a reprodu��o debaixo do letreiro incendi�rio. Caso isto aconte�a, perdoem-me a incompet�ncia prometendo, de antem�o, tentar encurtar o espa�o em que est�o as letras da introdu��o, ok?

Antes de qualquer coment�rio, quero me penitenciar aqui, em p�blico, por ter cometido a falta de omitir o nome da autora do poema transcrito em meu "post" do dia 15 do m�s corrente. Trata-se do poema "Em Surdina" de Claudia Roquette Pinto. Nada intencional. Reverencio de modo especial a obra desta poeta, de met�foras espl�ndidas, de linguagem contundente. Poeta que se destaca no panaroma contempor�neo das letras com brilho e com desenvoltura �mpar.
Infelizmente, estou meio apressada hoje. Estou passando ligeirinho para dizer que sinto falta j� deste encontro quase di�rio em que deixo impress�es das not�cias do dia, do que me pesa no conte�do dessas not�cias, do que me p�e em alerta, do que me agrada ou me d� alguma esperan�a, enfim, um desabafo com aqueles que me procuram pelo blog.

publicado por Magaly Magalhães às 7:33 PM

 
Antes de qualquer coment�rio, quero me penitenciar aqui, em p�blico. Cometi a falta de omitir o nome da autora do poema transcrito no meu �timo post, de 15 do m�s corrente. Nada intencional. Reverencio de modo especial a obra dessa poeta, de met�foras espl�ndidas e de linguagem contundente. Poeta que se destaca no panorama das letras com brilho e com desenvoltura �mpar.

Infelizmente, estou meio apressada hoje. Estou passando ligeirinho para dizer que sinto falta j� deste encontro quase di�rio em que deixo impress�es das not�cias do dia, do que me pesa no conte�do dessas not�cias, do que me p�e em alerta, do que me agrada ou me d� alguma esperan�a, enfim, um desabafo com simpatizantes.
Vou providenciar recursos para que haja possibilidade de troca de id�ias entre n�s. Comecei a usar o weblog h� muito pouco tempo
e ainda n�o tenho muito "jogo de cintura" nesse terreno.Tenho que explor�-lo e aprender seus segredos. A�, vai ficar mais interessante
com voc�s dando id�ias, contribuindo com argumentos e dados materiais, enfim, interagindo no melhor dos estilos.
E, realmente, minha passagem hoje, por aqui, � de tal modo corrida que n�o selecionei um poema sequer para copiar para voc�s.
Vou, ent�o, satisfazer o pedido de um irm�o e passar a voc�s um poema desta escriba aqui que, por sua vez, humildemente, pede que relevem a sua pretens�o de produzir versos.

BUSCA

"Ser como o rio que flui"
Manuel Bandeira

Por que calar?
Por que fugir?
Por que mesclar?
Por que diluir?

S�o tantas �reas
incongruentes
conflitantes...

Como manifestar?
Como interagir?
Como elaborar?
Como persistir?

S�o tantos espa�os
recipientes
estimulantes...

A vida � um rio como todos
obedece a uma correnteza
em seu caminho para o mar

Pra que desconstruir?
Pra que desnortear?

As �guas do rio s�o profundas
A alma pode apreender
a tranquilidade dessa profundeza...

Magaly Campelo de Magalh�es
1999/Rio

publicado por Magaly Magalhães às 5:56 PM
15.7.02
 
Infelizmente, minha postagem de 15 de julho que me trazia de volta, depois de um problema em meu computador, n�o p�de aparecer nesta minha p�gina. Houve um erro de publica��o e ela est� constando s� dos arquivos. Em hora oportuna, eu a trarei a p�blico.
Nela, tocava num assunto que me vem preocupando sobremodo - a onda de discrimina��o racial em v�rios pa�ses, como tamb�m trazia para voc�s a lusa lira de uma poeta muito expressiva.
N�o vou repeti-la aqui na esperan�a de poder resgat�-la para voc�s, meus visitadores .Vamos a outros assuntos tamb�m pendentes e urgentes.
Tenho usado a Internet em busca de programas que me possam abrir caminhos e me levem a operar na rede com um m�nimo de habilidade e seguran�a. E o que est� acontecendo � que, ao lado de p�ginas excelentes, tenho encontrado com muita freq��ncia textos mal lan�ados, onde o portugu�s aparece desfigurado, tal o n�mero de erros e de constru��es truncadas.
Sendo a Internet um ve�culo de comunica��o e difus�o de conhecimento, urge que haja um controle em forma de revis�o dos textos propostos, principalmente os que cont�m informa��es destinadas a estudantes, a candidatos a concursos, a profissionais de v�rias �reas. � importante que se use uma linguagem cuidada, sem agress�es frontais � gram�tica e ao estilo. Um exemplo? Tenho visto o sinal de crase ser usado sem a menor cerim�nia e responsabilidade, denunciando o desconhecimento, por parte de quem escreve, da pr�pria defini��o desse processo de fus�o. Isto para n�o falar da neglig�ncia com a concord�ncia, a reg�ncia, a estrutura do texto, a concis�o do conte�do. Isso � incompreens�vel. N�o podemos esquecer que um estudante que recorre a um texto imperfeitamente redigido vai absorver defeitos de linguagem de que dificilmente se livrar�, o que � absolutamente nocivo � sua aprendizagem.
Vamos estudar a l�ngua que usamos. Um pouco mais de respeito ao idioma ser� uma �tima tomada de posi��o. Aqueles que desejam se comunicar por meio da palavra escrita, portanto, t�m obriga��o prec�pua de estar a par das leis fundamentais da gram�tica e lembrar sempre que "fora da sintaxe n�o h� salva��o". Tenho dito.
Vamos � sobremesa.


EM SURDINA

(para um bal� de Balanchine)

I

ela pode voar
(ele acredita)
no movimento
que desmarra dentro
- de entre os bra�os
que um necess�rio apolo
ergueu a tempo para essa alegoria -
como se denso
embora leve
detendo-se o corpo se desse
em asas
- asas ao inverso,
que nela o v�o
n�o al�a : desata -
como se um vento (ou
o que, �ntimo, levita)
soprando dentro
sobre a �gua fixa da plat�ia a erguesse
antes mesmo
que os dedos-palafita
de um parceiro a tocassem
(como tocam agora) as
costelas
onde um par de asas se agita

II

o corpo um arco
encordoado para fugas
(ou ser� ela
a pr�pria flecha
que dispara?)


publicado por Magaly Magalhães às 8:29 PM

 
Problemas com a m�quina, pessoal. Uma pena. Dias e dias afastada. Tudo resolvido agora, volto �s minhas reflex�es.
Ando chocada com as not�cias que v�m sendo veiculadas recentemente sobre a onda de racismo que vem percorrendo
a Alemanha e a Fran�a, onde grupos populacionais perseguem minorias �tnicas de forma constrangedora e odiosa, lembrando de alguma forma as persegui��es aos judeus na �poca do nazismo. E isto ocorre quando o desenvolvimento da Antropologia logra lan�ar por terra as teorias racistas.
Isto nos coloca diante de duas posi��es perante o mundo. De um lado, como uma popula��o composta de v�rias ra�as, e, portanto, miscigenada, estamos expostos a uma situa��o de discrimina��o por parte de popula��es racistas. De outro lado, somos
os candidatos naturais a liderar as minorias raciais em futuros confrontos. Basta para isso que elevemos o n�vel cultural de nossas popula��es. Somos, no momento, o povo que re�ne as qualidades necess�rias para os postos de comando das organiza��es internacionais . Temos capacidade de conseguir nossa cadeira no Conselho de Seguran�a Internacional.
� uma reflex�o v�lida, n�o ?


Procurando um lado mais ameno, voc�s conhecem a poeta Maria Helena Varela?
H� cinco ou seis anos no Brasil, esta poeta nascida em Portugal, com mestrado em Filosofia do Conhecimento na Universidade do Porto e doutorado em Letras - �rea do Pensamento em L�ngua Portuguesa - na PUC do Rio de Janeiro, fala-nos com paix�o de sua p�tria de ado��o e de suas ra�zes lusas em seu inspirado Viagens, Labirintos e Mapas.
S�mbolo vivo de luso-brasilidade, Maria Helena canta as duas p�trias de l�ngua comum, l�ngua que ela valoriza, glorifica e na qual ela recupera sua heran�a cultural.
A Terceira Margem � um dos seus mais belos e cativantes poemas.


A TERCEIRA MARGEM

Este � o meu jeito de ficar, partindo,
f�rmula m�gica de fruir, fluindo;
meu solo sem raiz, meu credo, meu sistema.

Esta � a saudade que me ata aos mares,
o povo que falta e me ficou no ventre,
meus irm�os que n�o tive e descobri que tinha;
meu canto, meu conto, meu contento.

Este � o meu modo de pensar sentindo,
meu gesto breve de n�o amar, amando
e luso fado de existir, navegando;
meu cogito, minha lira, meu poema.

Esta � a hist�ria incompleta que restou
dos her�is do mar e quintos dos imp�rios,
heran�a doce e leve, minha e vossa,
minha p�tria-rio e l�ngua nossa.


Espero que tenha agradado. Fico por aqui. Amanh� estarei de volta.







publicado por Magaly Magalhães às 1:25 AM
11.7.02
 
Hoje, novamente com dificuldade de tempo, estou comparecendo um pouco tarde. Da�, tenho que ser breve para n�o varar a madrugada.
Vamos logo � escolha do poema de hoje, tarefa n�o muito f�cil dado o n�mero de preciosidades que tenho para oferecer-lhes.


Can��o dos Romances Perdidos

M�rio Quintana

Oh! O sil�ncio das salas de espera
Onde esses pobres guarda-chuvas
lentamente escorrem...


O sil�ncio das salas de espera
E aquela �ltima estrela...


Aquela �ltima estrela
E, na parede, esses quadros l�vidos,
De onde fugiram os retratos...

De onde fugiram todos os retratos...


E esta minha ternura,
Meu Deus,
Oh! toda esta ternura in�til,
desaproveitada!...


Muito delicada e terna. Toquei na sensibilidade de voc�s?. Acho M�rio Quintana o poeta da simplicidade, que nos leva a valorizar os m�nimos gestos humanos, que d� significado �s menores coisas da vida, aos detalhes da Natureza.
Fez falta a sua presen�a f�sica, devido � sua identifica��o com todos que o cercavam, mas sua mem�ria � presente e rica e permanece encantando muita gente.


Despe�o-me aqui.Vou ter um dia de saudades especiais. Tenho que me preparar espiritualmente para ele. � demain, com carinho.
























































publicado por Magaly Magalhães às 2:02 AM
10.7.02
 
Muita ocupa��o n�o planejada. Resultado: falta de flexibilidade, dificuldade em cumprir objetivos.Como sei que leitor blogueiro,
por natureza, � tolerante, aqui estou para tentar conversar um pouco.
Volto ao tema que me tem preocupado e, acredito, tem tirado a sensa��o de seguran�a de muita gente - nossa exposi��o a atos de viol�ncia.
J� observaram como o ato de sair � rua tornou-se traum�tico? H� que levar uns trocados em lugar estrat�gico para o caso de assalto, tendo-se que produzir um sistema seguro para salvaguardar tal�es de cheque, cart�es, documentos, dinheiro em esp�cie.
Ao entrar em um edif�cio ou sair dele, at� mesmo o seu pr�prio, examinar o ambiente em volta para ver se h� pesssoas em atitude suspeita. E, se tiver a infelicidade de ser abordada por um marginal, ter a sabedoria de n�o dar margem a �mpetos de indigna��o para n�o correr riscos maiores. Enfim, um sem n�mero de gestos, cuidados, atitudes que desgastam a paci�ncia e capacidade de toler�ncia - vida artificial e perigosa.
Ser� que vamos ter que conviver com este estado de coisas indefinidamente? Nada tem logrado conter esta onda de brutalidade. H� a repress�o pelas autoridades competentes, h� o servi�o das Ongs, h� o louv�vel trabalho de grupos religiosos , mas nenhum resultado palp�vel.
N�o seria o caso de a sociedade toda motivar-se e come�ar a trabalhar em todas as posi��es para deter o avan�o desses desregramentos? Cada um fazendo algo, dentro de suas qualifica��es, procurando pelo menos devolver � popula��o exclu�da o sentido de dignidade pessoal.
� uma tarefa muito dif�cil, mas vale a pena tentar. Sugest�es s�o aceitas.

Tenho uma linda poesia para hoje, de um autor amazonense - Thiago de Mello. Poesia com for�a de rio gigante, impetuoso .


A APRENDIZAGEM AMARGA


Chega um dia em que o dia se termina
antes que a noite caia inteiramente.
Chega um dia em que a m�o, j� no caminho,
de repente se esquece de seu gesto.
Chega um dia em que a lenha j� n�o chega
para acender o fogo da lareira.
Chega um dia em que o amor, que era infinito,
de repente se acaba, de repente.
For�a � saber amar doce e constante
com o encanto de rosa alta na haste,
para que o amor ferido n�o se acabe
na eternidade amarga de um instante.


Espero que se emocionem e aguardem com carinho o pr�ximo poema.At� amanh�.


publicado por Magaly Magalhães às 2:39 AM
8.7.02
 
Um domingo l�nguido, sem maiores apelativos. Que fazer? Tento entender coisas novas que surgem � minha frente, mas nem tudo � apreens�vel e nunca fui muito boa autodidata. Ent�o, no que tange a conhecimento tecnol�gico, minhas dificuldades s�o muito grandes. Deploro n�o ter nascido dentro da linguagem cibern�tica. � tudo t�o simples para o time infanto-juvenil!
Tarde para lamentar. Luta-se com as armas que se tem nas m�os. E vou conseguir chegar aonde quero, prometo a mim mesma.
E ent�o? De que falaremos ? Algo que interesse a todos. M�sica? Popular, erudita?
Por falar em m�sica erudita, voc�s j� ouviram o barroco Zelenka? � o que fa�o neste momento, enquanto digito . Suas sonatas t�m o poder de me transportar a uma atmosfera rarefeita, de tal modo que me sinto com novas energias para fazer face a qualquer dificuldade que se apresente.
Ao som de t�o perfeito fundo musical, vamos declamar nosso poema de hoje:



Ave Maria

Fernando Pessoa

Ave Maria, t�o pura
Virgem nunca maculada
Ouvide a prece tirada
No meu peito da amargura.

V�s que sois cheia de gra�a
Escutai minha ora��o,
Conduzi-me pela m�o
Por esta vida que passa.

Oh! Senhor, que � vosso filho
Que seja sempre conosco,
Assim como � convosco
Eternamente seu brilho

Bendita sois v�s, Maria,
Entre as mulheres da Terra
E voss'alma s� encerra
Doce imagem d'alegria.

Mais radiante do que a luz
E bendito, oh Santa M�e!
� o fruto que prov�m
Do vosso ventre, Jesus!

Ditosa Santa Maria,
V�s que sois a M�e de Deus
E que morais l� nos c�us
Orai por n�s cada dia.

Rogai por n�s, pecadores,
Ao vosso filho, Jesus,
Que por n�s morreu na cruz
E que sofreu tantas dores.
Rogai, agora, oh M�e querida!
E (quando quiser a sorte)
Na hora da nossa morte
Quando nos fugir a vida.

Ave Maria, t�o pura
Virgem nunca maculada,
Ouvide a prece tirada
No meu peito da amargura.

Dons divinos - m�sica e poesia - para amenizar as asperezas da vida.
At� amanh�.





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publicado por Magaly Magalhães às 1:28 AM
7.7.02
 
E hoje, que veremos? Talvez impress�es sobre alguns blogs e sua repercuss�o.Vamos l�.
Tenho tido a oportunidade de ler blogs excelentes. Refiro-me ao conte�do, layout, riqueza de recursos utilizados, originalidade na exibi��o, propriedade na linguagem, vivacidade na comunica��o.
Visitar os blogs da mestra Cora R�nai � beber num manancial de informa��es, � conhecer lugares novos, � viajar com ela, � abastecer-se de entusiasmo e alegria de viver. E ganha-se muito tamb�m, navegando-se pelos blogs de Alexandre Magno (Omnimodo); da Meg, a festejada Meg, t�o querida da fam�lia blogueira; da Carolina Porto (Carol); do Dudi; da Fabriani; enfim, de tantos que n�o daria para enumer�-los numa s� postagem. E isto, gra�as � coluna do Gravat�, no caderno de Inform�tica de O Globo.
Espero que o blog tenha vindo para ficar, que n�o seja s� modismo, plantando-se mesmo como tend�ncia. � o direito de o cidad�o comum poder expressar-se livremente.


Um dia desses, uma amiga me mandou um e-mail convidando-me a contribuir com uma quadrinha, para compor uma esp�cie de registro de versos, j� que � dif�cil viver neste mundo lindo, mas cruelzinho, sem dar asas � fantasia. Timidamente, coloquei l� a minha e esperei o progresso da iniciativa. N�o mais soube mais do destino de t�o oportuna proposta. Agora, vejo que poder�amos tentar aqui uma experi�ncia semelhante. Que tal, gente? Vamos incrementar nossos blogs com este tipo de intera��o?



Agora, o poema de hoje.

O CARDUME

Alberto Martins

�s vezes passa � toa
como baleia do Atol das Rocas

e ningu�m arpoa.
Outras rente � praia

como o dia em que quase piso
na aba escura de uma raia.

A maioria, por�m, passa em segredo
como passa agora

em torno desta mesa.
Como h� de passar ainda

- quem sabe quantas vezes! -
sem que eu perceba

a mancha do cardume
na simples correnteza.


Por hoje, � s�. Uma linda madrugada para todos. ( "Amanh� � domingo, p� de cachimbo / areia fina, deu no sino..." )






publicado por Magaly Magalhães às 1:56 AM
6.7.02
 
Hoje, novamente, uma homenagem a uma outra amiga poeta.

Sil�ncio

Leda Motta

Raios de lua na noite do c�u.
Lua alta, lua prateada,
lua de luz cama, fria.
L� fora o sil�ncio em contraste.
Sim, o contraste do sil�ncio...
Porque nem sempre o sil�ncio � calma,
nem sempre o sil�ncio � paz.
H� sempre vozes.
A voz da consci�ncia
a murmurar ou gritar no sil�ncio,
ou a do cora��o
sussurrando amores, saudades, esperan�as,
desejos e sonhos
�s vezes, uma melodia ou um poema...
a encher de sons a solid�o do sil�ncio.
Sil�ncio...
Ah! a tortura - ou o prazer? -
das vozes do sil�ncio
- ou do sil�ncio das vozes?


J� � madrugada. Vamos aproveitar o sil�ncio evocado e decantado pela fina sensibilidade de minha amiga e preparar corpo e alma para mais um dia em nossas vidas. At� mais.



publicado por Magaly Magalhães às 2:07 AM

 
blogger.com

publicado por Magaly Magalhães às 1:31 AM
4.7.02
 
Come�o, hoje, transcrevendo um dos mais inspirados poemas de uma amiga minha - Toninha. Uma homenagem, um gesto de Amizade :

SOLID�O

Choro, sim, choro...
Estou vazia.
Do fundo do meu v�cuo
Esta agonia.
Choro palavras
Choro letras e rimas.
Tento com elas
Liberar meus prantos
Desencantos
Meus cantos sufocados.
Choro como as brandas rosas
J� despidas
Choro p�talas de flores
Desprendidas
Que ao menor toque de m�o
Caem copiosas...
Que mist�rios de dor
Sofrem as rosas?
T�m elas tamb�m
�nsias magoadas?
T�m tamb�m afirma��es negadas,
Desejos e paix�es
Amorda�adas?
Maria Ant�nia Bouz�n Cruz de "Retalhos de Mim".


Agora, alguns coment�rios sobre o que vai rolando por a�.

Li, hoje, na coluna de M�rcio Moreira Alves, de O Globo, uma afirma��o de Roberto Gianotti da Fonseca, at� bem pouco tempo secret�rio de Com�rcio Exterior, num semin�rio do Ita� Cultural / S�o Paulo : " O Brasil precisa aprender a exportar servi�os.
Temos o melhor sistema de informatiza��o banc�ria do mundo e um sistema de informatiza��o das elei��es que j� despertou o interesse de 12 pa�ses e de duas institui��es internacionais, a OEA e a ONU.
Procurado pelo rep�rter Moreira Alves para uma confirma��o, o ministro Nelson Jobim, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, por sua vez, afirmou que o sistema brasileiro de elei��es informatizadas tem, na verdade, despertado interesse no mundo inteiro, utilizando uma urna robusta e de baixo custo. R�stica, mas portando um sofisticado software, desenvolvido pela equipe de inform�tica do TSE. E acrescenta que, apesar de sermos ao todo cerca de 115 milh�es de eleitores, h� um progn�stico de fornecimento do resultado das elei��es para presidente em apenas 4 horas ap�s o fechamento das se��es eleitorais - um recorde mundial.
O ministro pretende fazer depois leasings do sistema .
"Ser� o Brasil ensinando o mundo a votar", diz com orgulho o nosso rep�rter .


Voltando ao futebol, sempre olhei com simpatia os campeonatos mundiais pela capacidade que t�m de agregar diferentes na��es, de ombrear diversas etnias. Agora, vejo na fala de J.Roberto Whitaker Penteado, em artigo de O Globo, de hoje, a ratifica��o de minhas lucubra��es.
Acatando a opini�o do fil�sofo italiano Toni Negri de que a Copa do Mundo � um movimento �til, o �nico evento que pode realmente ser considerado global, Whittaker encerra seu artigo, dizendo: "N�o h� poder econ�mico ou militar que consiga, em t�o pouco tempo e com tal abrang�ncia, atingir grau compar�vel de hegemonia global, entre mentes e cora��es. E sem m�goas ou ofensas, mas com emo��o e divertimento. Como num conto de fadas."


E vou ficando por aqui. Amanh� , outra dose de prosa.

publicado por Magaly Magalhães às 1:06 AM
3.7.02
 
Passagem para o Al�m. Miss�o cumprida, Francisco C�ndido Xavier retira-se da vida serenamente, do modo como viveu. Vida inteira dedicada a amparar os que precisavam de apoio espiritual, entregou-se igualmente ao servi�o de divulga��o da doutrina esp�rita que ele soube honrar e engrandecer. Do outro lado da vida, ele ter� certamente uma recep��o cheia de amor, do mesmo amor que ele soube t�o bem espalhar entre seus irm�os aqui, na Terra. Que seu esp�rito, de onde estiver, continue espargindo sua luz radiosa em benef�cio de todos n�s.
Paralelamente, a cidade se engalana para receber nossos her�is do futebol. Coincidente com o que ele costumava repetir quando falava de suas pretens�es. Queria partir num dia de festa coletiva, em que a alegria fosse geral. Desejo cumprido. Deve ter partido muito feliz.


O que tenho hoje pra voc�s? Cabe bem um poema leve como um dos sonetos de Florbela Espanca, esta poeta lusitana, que lida com forma, rima e ritmo de maneira m�gica. Vejamos o seu


SER POETA

Ser poeta � ser mais alto, � ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
� ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aqu�m e de Al�m Dor!

� ter de mil desejos o esplendor
E n�o saber sequer que se deseja!
� ter c� dentro um astro que flameja,
� ter garras e asas de condor!


� ter fome, � ter sede de Infinito!
Por elmo, as manh�s de ouro e cetim...
� condensar o mundo num s� grito!

E � amar-te, assim, pedidamente...
� seres alma e sangue e vida em mim
E diz�-lo cantando a toda gente!


N�o � lindo?
E como abri para esta bela lusitana, vou fazer mais um pouquinho. Vou deixar com voc�s um pensamento pin�ado de "Poemas Inconjuntos" de outro lusitano n�o menos festejado, Fernando Pessoa :

" O �nico mist�rio do Universo � o mais e n�o o menos.
Percebemos demais as cousas - eis o erro, a d�vida.
O que existe transcende para mim o que julgo que existe.
A Realidade � apenas real e n�o pensada."

At� mais, j� � um bocado tarde. Hora de ber�o.



publicado por Magaly Magalhães às 3:25 AM
2.7.02
 
Um dia inteiro para degustar e digerir com grande felicidade o t�o esperado PENTA. Agora, estou refeita para blogar.
Com a alma em festa como estou, meu impulso � mergulhar fundo na poesia e � o que vou fazer. Sintam o charme de Arnaldo Antunes ao dizer:

"O sol vai embora de
noite e volta quando
a noite vai embora
e vai embora quan-
do a noite volta e
d� a volta durante
todo o dia atr�s da
noite de ontem.

Neste outro, Arnaldo expressa-se tamb�m com originalidade:

Os sapatos ficam entre os p�s
e o ch�o, no que s�o como as
palavras. As meias entre os p�s
e os sapatos, como adjetivos.
Os verbos,passos.Cadar�os,la�os.
Os p�s caminham lado a lado,
cal�ados.Sapatos s�o cal�ados.
Porque s�o e porque s�o usados.
Palavras s�o peda�os. Os p�s
descal�os caminham calados.

E por que n�o, para finalizar a sess�o de hoje, oferecer a voc�s a doce poesia de Manuel Bandeira, em seu

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intrasitivo:
Te adoro,Teodora.

E ent�o? Vamos entrar na ter�a-feira, 2 de julho, com a alma lavada e abastecida de poesia. At� mais.



publicado por Magaly Magalhães às 1:07 AM