Divulgar
idéias próprias, combater o discurso invertido corrente,
aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste
veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
26.6.03
Hoje, pretendo oferecer as poesias que fiquei devendo no post passado. Nada como uma canção de Cecília Meireles para nos enternecer e nos conduzir a alguma reflexão.
strong> CANÇÃO
Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; - depois, abri o mar com as mãos para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre dos meus dedos colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito: praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas.
Só mesmo a Cecília para se desfazer tão liricamente de um sonho! Afogar o sonho por quê? Então, não adianta sonhar? É que o sonho pode refletir a imperfeição de todas as coisas.
A respeito da força motriz desse sonho de não-sonho, escreveu Massaud Moisés:
"...percebe-se que Cecília vê o mundo como uma esfera em que nada se possui, e o próprio sonho tem de ser naufragado para se alcançar uma utópica perfeição. Paradoxo, portanto. Cosmovisão em que o resgate da pessoa humana se opera pela rejeição do que precisamente lhe resta para continuar o "ofício" de viver sem desesperança: o sonho. Mundividência em que o humano se dilataria aos confins da perfectibilidade quando expelisse de si aquilo que constitui o próprio cerne de sua condição: o sonho.
Depois de Cecília, só a voz delicada, mas intensa, de Florbela Espanca a revelar-se em seus sonetos como uma alma terna e ardorosa e verdadeira.
A FLOR DO SONHO
A Flor do Sonho alvíssima, divina Miraculosamente abriu em mim, Como se uma magnólia de cetim Fosse ruir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina E não posso entender como é que, enfim, Essa tão rara flor abriu assim!... Milagre... fantasia... ou talvez, sina...
Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos. Que tem que sejam tristes os meus olhos Se eles são tristes pelo amor de ti?!
Desde que em mim nasceste em noite calma, Voou ao longe a asa da minh´alma E nunca, nunca mais eu me entendi...
Acho que estou em dia com vocês, pois não?
Quero chamar a atenção de que o Blogspot está me pondo nas mãos, hoje, o blog reestruturado e otimizado e este post é uma estréia, então. Vamos apostar no Blogspot. Há novidades a descobrir. Estou feliz! Ciao!
publicado
por Magaly Magalhães às 5:27 PM
21.6.03
Alguém leu "Matrix" é contra o homem e a favor da máquina de Jabor, no Segundo Caderno de O Globo, de 17 / 06? De tudo que li sobre Matrix foi o que mais me calou no espírito. Acho que ele pegou essência da coisa em si. "Matrix é um sintoma: finge denunciar uma desumanização da vida para, com este pretexto, propalar justamente a beleza fria de uma desumanização em curso há muito tempo." E continua mais adiante: Matrix finge ser contra a máquina fazendo a apologia dela o tempo todo: finge ser contra a aridez da automação, mas está ali para vender computadores. Os personagens principais não são as pessoas; são as Coisas, os carros em duelo, helicópteros, os lasers, os supercomputadores, os infinitos gadgets de um mundo da ciência que formam um gigantesco showroom de utilidades tecnológicas." Diz mais:"Ali, não há drama, pois o desejo dos produtores é justamente fazer o apagamento do drama humano em nossas cabeças. A ação na tela é incessante, de modo a nos paralisar na vida; o conflito é permanente, de modo a privar o espestador de ver seus conflitos reais". E mais: "O filme vende a perversão como afeto, a coolness total como modo moderno de ser: rostos impassíveis, competências velozes, capas negras, óculos impessoais, tudo num clima de superdesfile de moda, com uma elegância cruel, com ressonâncias punk, ecos do que seria um comportamento revolucionário. O filme finge ser uma crítica à modernidade capitalista, justamente para afirmá-la. Não há sangue, apesar das muitas mortes. Antes, os filmes violentos trabalhavam em cima de nosa fome de morbidez e sadismo sangrento. Agora, é o prazer da eficiência em eliminar inimigos ou competidores, como num boliche.. A morte não é mais banalizada nesses filmes, como nos anos 80. Agora não há propriamente morte, mas a substituição de peças, re-fill , reabastecimento. Os heróis não vencem porque têm um ideal mais justo; vencem por mais competência." A poucos passos da conclusão, o cronista defende: "Filmes como Matrix mostram que surgiu uma nova mercadoria: a liberdade. A América Corporativa se apossou da transgressão e fetichizou-a também. Este é o supremo simulacro. Tomando conta da liberdade e programando-a como um bem de consumo, a repressão se perpetua." E, finalmente, comenta: "Quanta coisa maravilhosa a América já nos deu - dos Boeings aos antibióticos, a música, o cinema, tantas coisas... Mas, hoje, o que nos dá, além da arrogância de potência única? Haverá espaço para uma reação da verdadeira democracia americana?"
Achei esplêndida a crítica, oportuna, ferindo fundo o ponto nevrálgico da questão - o lento esgotamento da sociedade e a dúvida quanto à reação efetiva do homem. Do ponto de vista antropológico, só há dois caminhos: ou a sociedade se extingue, desaparece ou reage e ressurge de suas próprias cinzas.
Vou ficar por aqui. hoje, vou ficar devendo a poesia que pagarei em dobro, assim que puder. Bom fim de semana pra todos.
publicado
por Magaly Magalhães às 1:13 AM
14.6.03 SEXTA-FEIRA, 13 ! Dia de azar? NÃO ! Dia de fé em Santo Antônio, que ajuda os namorados, que protege o amor, que dá força à união dos que buscam um encontro pra valer! É o dia das adivinhações para saber sa a moça casa ou não casa ; se casa com pretendente jovem ou maduro ; se ela própria vai sair cedo ou tarde do "caritó". E a imaginação nos carrega para as pequenas cidades do interior, onde esse tipo de superstição fervorosa combina com a ingenuidade de seus habitantes . O linguajar, quase dialeto, completa a originalidade do quadro.
Duas poetisas inspiradas e sagazes, com vivência interiorana, nos trazem hoje uma contribuição perfeita que nos vai permitir comemorar o dia do Santo Casamenteiro com estilo e propriedade. Viva Santo Antõnio! Viva!
SANTANTÔNIO Mercília Rodrigues
Santantônio, ô meu santo! To cansada da espera. Todu treze eu mi espantu, Pois cadê u meu paquera? Santantônio, Antoninho, Vou robá teu minininho! Só devorvo quando achá Um namorado pra casá! Seja ele bunitinho, Ajeitadu, cherosinho E que goste di abraçá... Tô esperanu já faiz tempo. Dá um jeitu, num agüentu! Traiz pra eu esse tar home. Tô loquinha, tô danada, tô cum fome! Perciso disincaiá! Podi sê brancu... preto, Amarelo,desbotadu... Sendu homi, tá arranjadu! Ti devorvu o mulequinhu, Esti teu Jesus Cristinhu Só adepois di mi casá!
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MEU SANTIM! Lêda Mello
Ô, Tonhim, ocê inscuitô U pididu aguniadu Dessa muié seim amô, Querênu um xodó di ladu, Chorânu qui é um cramô Di quem tá disisperado.
Inté jurô di roubá U seu amado fiinhu Qui é pra modi forçá Ocê di dá um jeitinhu Saí corrênu i arrumá Pra coitada, um maridinhu
Eu tava aqui assuntânu Um negóci pra falá... Vai dá céito, num mingano! Senti aqui, pra cunvéisá. Nóis pódi fazê uns pranu Pra módi ela ajudá.
Já qui tô arresoivida Di ficá nu caritó, Tô cansada dessa lida Di amá i ficá só Ajudo ess'áima sufrida A disatá esse nó
Intérru minhas mazela Máis peço uma coisa procê: Arranja marido pra ela Qui pra módi agradicê Ieu toco fogo im déis vela. Das grandi, pra ocê vê!
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Obrigada pela companhia de todos vocês nesta comemoração e obrigada, em particular, à Leda e à Mercília pela graça das poesias.
publicado
por Magaly Magalhães às 12:35 AM
12.6.03
Vamos comemorar? O Dia dos Namorados?
Aurélio registra: Namorado/a ---> aquele/a que se enamorou. Namorar ------> procurar inspirar amor; cortejar, galantear. Namoro -----> ato de namorar; galanteio. E por aí vai, uma série de palavras cognatas de que tão bem conhecemos o significado que seria perda de tempo defini-las: namoradeiro/a, namorador, namoração, namorável, namoriscar, namorico/e, namorisco, namorilho, namoratório. E não é pra menos, pois nascemos namorando. Namoramos pais, namoramos professores, namoramos na juventude os candidatos/as, prosseguimos namorando nossos/as maridos/mulheres. Namoramos coisas materiais como objeto do desejo (o vestido da vitrine, o relógio másculo, o colar de pérolas, o violão espanhol); namoramos uma posição ou situação de vida (a viagem ao exterior, a nomeação para diretor/a da empresa); enfim, estamos sempre namorando alguém ou alguma coisa.
No entanto, é de bom tom colocar essas digressões na palavra de quem é mestre como observador da pessoa humana e, ao mesmo tempo, mestre no fazer literário. Com a palavra o nosso cronista maior Artur da Távola em:
DIGRESSÕES INCONSEQÜENTES SOBRE O DIA DOS NAMORADOS
Namorado é quem também não pode, mas quer e demonstra:disfarçado-disfarçando. Namorado é quem se encontra em cada reconciliação sabendo renascer e reviver dentro da mesma relação. Namorado é quem acaba compreendendo porque está junto. Mesmo que pese, mesmo que doa. Mesmo que venha sendo ou tenha sido difícil. Namorado é quem redescobre as emoções de quando namorou e as traduz num olhar diferente ou numa emoção que já não dá para contar. Namorado é quem provoca a outra parte como forma de se aproximar dela.É quem fere e arranha para depois beijar. Namorado é quem suspira e se lembra de como era e do que sentia no dia daquela fotografia vista anos depois. Namorado é aquele que, mesmo incômodo quando presente, faz inexplicável falta quando ausente. Namorado é o que fez da impossibilidade o alimento para mais amor guardado; e do amor guardado o abastecimento para o amor exercido. E do amor exercido a provisão para a estação da saudade. Namorado é o que reclama mesmo injustamente, mas para poder ser amado à sua maneira, muito mais e melhor. Namorado é a viúva ou o viúvo levando flores ao túmulo, num dia qualquer em que a saudade chega, sem necessidade de data especial. Namorado é quem levou um pedaço de vida que permaneceu durando mesmo sem ter existido, porque tudo acabou. Namorado é o que seria se tivesse sido, mas durou ainda que por instantes na fantasia. Namorado é o núcleo da recordação daquela namorada que não chegou a ser. Mas viveu na beleza infinita da impossibilidade fantasiada. Namorado é o casal idoso feito amizade. Namorado é o marido em cada vitória sobre o tédio conjugal; é o que pára e num momento de lucidez conclui que sem ela teria sido pior. Namorado é o pedaço de possibilidade em forma de deslumbramento. É um clima, um estado especial, uma espécie de vertigem com gosto de chegada à lua, misturado com refresco de pitanga. Namorado é o amor que está ao lado, o possível, o adivinhado, o portador das nossas melhores expectativas; a fôrma do nosso exato modelo; o cheiro e gosto de pele das indefiníveis atrações vindas da infância. Namorado não é quem assim se denomina, como se namorar fosse o começo de uma escala hierárquica que depois continua com noivado e casamento. Nada disso! Namorado é o noivo, o marido, o amante, o tímido desejoso, o fiel impossibilitado, o infiel aturdido, o frustrado, o reprimido, sempre que neles se riscar o fogo da vontade e se acender o clarão de sua verdade. Namorado é o ser humano em estado de amor, pouco importa os nomes dados a ele. Namorado, portanto, é o eterno proibido, porque é sempre aquele que ainda vai conseguir. Mesmo de quem pode. Namorado é um estado do sentir antes de qualquer encontro e de todas as suas descobertas, mesmo as impossíveis; pouco importa se ocorre entre casados, solteiros, noivos, viúvos ou namorados mesmo. Namorado é o que viveu o sempre-depois e o nunca exercido, de um olhar que se cruzou dizendo e adivinhando um tudo que não precisou de constatação para ser vivido. Namorado é o que sempre acaba voltando: em carne e osso ou 30 anos depois, sentado no trono dourado da fantasia, lembrança, amargura, saudade doce, breve recordação ou vivência nunca morta. Namorado é tudo o que representa o melhor de cada um de nós, ditribuído em mil faixas de luz. São as luzes das partes que nunca alcançamos; são as luzes das vontadesque nunca satisfizemoe e nunca satisfaremos; são as luzes dos sentimentos que nunca envelheceram; são as luzes dos sonhos que nunca se apagaram, porque deles nutrimos a ânsia de viver, num mundo onde os namoros são a prova de que as pessoas estão ávidas do Encontro com o que são e gostariam de trocar. Namorado:um espelho que reflete o outro, o morador desconhecido dentro de nós. Euele. Eleeu. Eutu -Tueu - Nós.
A todos, Feliz Dia dos Namorados !
Posso fazer um apelo para uma ingênua brincadeira em cima deste texto gostoso?
Cada leitor deve escolher dentro do texto apresentado a definição de namorado/a que mais toca a sua sensibilidade. Deixe sua opção em "Comentar?"De acordo?
publicado
por Magaly Magalhães às 4:26 PM
9.6.03
Pensei que podia estar de volta com menos tempo, mas esta semana se passou com uma rapidez incrível. A pilha de livros, revistas e até partes de jornais esperando que eu tenha tempo de folheá-los esta bem grandinha.
Vocês sabem o que é pensar digitalmente?
Lendo Dagomir Marquezi, articulista da Info Exame, aprendi que "pensar digitalmente é pensar livremente.É rearranjar o cérebro para que analise, compreenda e aja em qualquer situação da melhor maneira para resolvê-la. O raciocínio digital é mais ágil, mais eficiente, mais capaz de reagir às mudanças. Claro que o rumo das ações vai depender de algo mais complexo que pode ser chamado de princípio ético, mas aí já estamos falando de hardware. Pensar analogicamente é seguir caminhos preestabelecidos de raciocínio e análise. É encaixar os ensinamentos e fatos da vida numa seqüência predeterminada como eu fazia com as letras de música num único documento dividido por décadas. As grandes religiões com regras imutáveis tendem ser analógicas. O budismo, com seus enigmas e o caminho da auto-iluminação, é um exemplo de religião digital. E não há nada mais analógico do que seguir cegamente ideologias. Achar que um filósofo alemão do meio do século 19 (ou aquele barbudo das camosetas) é capaz de explicar o que acontece no mundo de 2003 é como tentar instalar o Windows XP num 286 com modestos 16 MB de memória".
Não é um bom esclarecimento?
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Vocês sabem que há no Brasil 3.000 refugiados?
Desses refugiados, muitos deles escapando do estado de guerra em seu país, 2300 se encontram no Rio de Janeiro, a maoiria deles morando no Complexo da Maré, uma das favelas mais agressivas do Rio, isto de acordo com uma pesquisa inédita realizada pela Acnur, a agência da ONU para os refugiados. O curioso da situação é que esses fugitivos apenas trocaram de campo de batallha já que foram parar no "paiol do Comando Vermelho e do Terceiro Comando".
A notícia acima encontra-se na revista Veja, nº 22, de 04/06/03
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Amenidades
Preparada a moçada para o Dia dos Namorados?
Que seja um dia de sol, de alegria, de passeios, de juras de amor, juras que, durando ou não, encham por enauanto de vibração o coração dos apaixonados. É lindo o amor comemorado! Bom dia dos Namorados.
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O AR Vinicus de Morais
Com mão contente a Amada abre a janela
Sequiosa de vento no seu rosto
E o vento, folgazão, entra disposto
A comprazer-se com a vontade dela.
Mas ao tocá-la e constatar que bela
E que macia, e o corpo que bem-posto
O vento, de repente, toma gosto
E por ali põe-se a brincar com ela.
Eu a princípio não percebo nada...
Mas ao notar depois que a Amada tem
Um ar confuso e uma expressão corada
A cada vez que o velho vento vem,
Eu o expulso dali, e levo a Amada
- Também brinco de vento muito bem !
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Até o próximo encontro.
publicado
por Magaly Magalhães às 3:14 AM
2.6.03
De volta! Sim, passei por uma experiência dessas não muito agradáveis, mas estou de volta ao meu feinho, onde me sinto limitada, mas à vontade. Desculpem o período de ausência, mas vcs estão sempre tão bem servidos, com tanta gente falando de tantos assuntos e com tanta criatividade que ausência como esta minha não chega a causar espécie. Agora, confesso: quase morri de saudade. Eu, sim, tive saudades mesmo. A gente se acostuma, pois não?
Tenho que me colocar em dia com o que anda rolando por aí. Em pouco tempo, a gente se sente defasada; o mundo movido a blog é trepidante.Tudo circula tão rapidamente! Mas tenho também que ajeitar o blog que sofreu uns desajustes físicos. Poderia ter cuidado disso antes de voltar a falar com vocês, mas nem tentei. Não preciso ter aqui preocupação com aparência, este blog é mesmo só ... de conversa fiada.
É isso aí, voltei, já dei meu alô a todos, vou providenciar os arranjos necessários para o blog voltar à fisionomia anterior, mas antes, vamos juntos mergulhar no mundo das rimas e ritmos que marcam sempre o final de meus posts.
CONSELHO
Fernando Pessoa
Cerca de grandes muros quem te sonhas. Depois, onde é visível o jardim Através do portão de grade dada, Pôe quantas flores são as mais risonhas, Para que te conheçam só assim. Onde ninguém o vir não ponhas nada.
Faze canteiros como os que outros têm, Onde os olhares possam entrever O teu jardim como lho vais mostrar. Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém, Deixa as flores que vêm do chão crescer E deixa as ervas naturais medrar.
Faze de ti um duplo ser guardado; E que ninguém, que veja e fite, possa Saber mais que um jardim de quem tu és - Um jardim ostensivo e reservado, Por trás do qual a flor nativa roça A erva tão pobre que nem tu a vês...
ESSES INQUIETOS VENTOS Mário Quintana
Esses inquietos ventos andarilhos Passam e dizem: "Vamos caminhar, Nós conhecemos misteriosos trilhos, Bosques antigos onde é bom sonhar...
E há tantas virgens a sonhar idílios! E tu não vieste, sob a paz lunar, Beijar os seus entrefechados cílios E as dolorosas bocas a ofegar..."
Os ventos vêm e batem-me à janela: "A tua vida, que fizeste dela?" E chega a morte: "Anda! Vem dormir..."