Divulgar
idéias próprias, combater o discurso invertido corrente,
aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste
veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
Novidade! Quem leu a Meg sabe. Em seu post do dia 19 pp, ela anunciou que o forte de agora são os microcontos e falou até em concurso, válido para blogueiros portugueses e brasileiros. Vão lá e confiram.
Já o Nemo Nox concebeu A Casa das Mil Portas onde apresenta uma bela safra de microcontos. Visitem-no também.
E se a onda é de microcontos, eu que sou de onda, entro na onda já, pois não? Aprontei estes que se seguem pra vocês. Espero que apontem as falhas que posso ter cometido. Divirtam-se, meninas e meninos!
a) Que fazer se a vida dobrou a esquina errada?
b) Ia falar o que sabia quando sobreveio o espanto.
c) Ingênuo? De nascença? Passou a vida, não se deu conta.
d) Quem vem lá? Quem vem lá? Quem...? Pluft!... Pauleira!
e) Tinha que dar um jeito. Luz no fundo do vão. Gente, eureka!
f) Nem tão soft, nem tão hard: a vida em branco não é tão rara.
g) Choro, choro convulso, desatado... Atoleiro e caos.
h) De corpo em corpo, de léu em léu, de céu em céu, o sítio definitivo.
i) Ausência no ar. Silêncio fragilizante. Não vá, não agora!
j) Enfiou o boné até os olhos, cortou a rua, sumiu entre pneus.
Hoje, data histórica, por que não aproveitar o fato para me pôr em dia com a publicação de poemas?
ROMANCE LXII OU DO BÊBEDO DESCRENTE
Vi o penitente de corda ao pescoço. A morte era o menos: mais era o alvoroço. Se morrer é triste, por que tanta gente vinha pela rua com cara contente?
(Ai, Deus, homens, reis, rainhas... Eu vi a forca... e voltei Os paus vermelhos que tinha!) (...)
Parecia um santo, de mãos amarradas, no meio de cruzes, bandeiras e espadas. *Se aquela sentença já se conhecia, por que retardaram a sua agonia?*
(Não soube. Ninguém sabia.)
Traziam-lhe cestas de doce e de vinho para ganhar forças naquele caminho. *Se era condenado e iam dar-lhe a morte, por que ainda queriam que morresse forte?*
(Ninguém sabia. Não sei.)
Não era uma festa. Não era um enterro. Não era verdade e não era um erro. *Então por que se ouvem salmo e ladainha, se tudo é vontade da nossa Rainha?*
(Deus, homens, rainhas, reis... Que grande desgraça a minha! *Nunca vos entenderei!*)
Cecília Meireles, *Romanceiro da Inconfidência* / Rio de Janeiro / Nova Fronteira / 1989.
Tela de Portinari retratando o esquartejamento de Tiradentes
publicado
por Magaly Magalhães às 10:37 PM
11.4.05
FALANDO DE CINEMA
Com certeza, a maioria dos companheiros aqui já deve ter visto o filme intitulado O PIANO. Dirigido por Jane Campion tem como atores Holly Hunter Harvey Keitel, Sam Neil, Anna Paquin, Kerry Walker, Geneviève Lemon, Tungia Baker e data de 1993. É um filme denso que utiliza cenas do passado de alguns dos personagens, processos defensivos que *desarticulam o processo linear do pensamento lógico*.Quem diz isso é o psicanalista Waldemar Zusman, autor do livro OS FILMES QUE EU VI COM FREUD, no qual ele nos fornece uma interpretação psicanalítica do filme, ou seja,*um ângulo psicanalítico de abordagem da temática em exposição*. Em O PIANO, a protagonista Ada é uma mulher de uns 25 anos, muda desde os 6, mãe de uma menina com essa mesma idade. Um trauma emocional deve ter causado esse mutismo, o que se depreende das imagens lançadas na tela e da postura de Ada no início do filme. Logo se percebe que Ada, provavelmente surpreende sua mãe em atitude comprometedora com alguém e opta por ficar muda para não ter que contar a ocorrência ao pai. Entendendo-se com os circunstantes através de gesticulação ou bilhetes, compensa-se no piano ao qual se dedica ardorosamente e com o qual mantém conversas mentais. Essas deduções têm a ver com o fato de que sua mãe jamais é mencionada, em casa de seu pai, ao longo de todo o filme. É provável que tenha fugido com o amante. Ada é, portanto, mãe solteira e está pronta para ser levada pelo pai ao encontro de um fazendeiro neozelandês, o Sr. Stewart, com quem o progenitor resolve casá-la. E ela vai repetir compulsivamente a saga de sua mãe. Só que a filha de Ada não repete o comportamento da mãe quando desccobre que esta e seu aluno de piano não mantêm apenas a relação professor/aluno. Fala com seu pai adotivo e consegue que ele decida espionar Ada. É oportuno observar que o mutismo de Ada serve também a ela própria que, em suas fantasias edipianas, pode imaginar em ter o pai só para si. Chegadas à ilha, aportam numa praia deserta ela e a filha e aí pernoitam numa barraca improvisada ao lado de malas, baús e do piano de que Ada não consegue separar-se. No dia seguinte, aparece o marido para transportá-las até a fazenda. O piano, por ser muito pesado, permanece na praia para ser apanhado depois. Na fazenda do Sr. Stewart, uma foto é batida simbolizando o casamento. Enquanto isto, a filha de Ada põe-se à vontade no novo ambiente, contando para Nessie, uma das empregadas da casa, a história do primeiro casamento de sua mãe, num estilo indisfarçável de autovalorização, o que ela própria desmente logo em seguida, entrando com outra história fantasiosa na qual inclui a mudez materna como uma reação a um choque traumático aleatório. Na verdade, sabe-se agora que Ada é muda desde criança, depois da cena a que assiste entre sua mãe e seu professor de piano. A certa altura, a criança pede que Ada lhe conte a história de seu casamento, já tantas vezes contada e recontada. E Ada mais uma vez cede, apresentando-lhe mais uma versão mítica de sua relação amorosa com seu professor, e a comunicação entre os dois através da leitura da mente. A explicação para o casamento não se ter realizado é outra fantasia. Ela dá como razão uma surdez que assalta o professor, tomado pela emoção do medo. A construção da história denota que Ada tem conhecimento das razões de sua mudez. Na manhã seguinte, Ada e sua filha vão à casa de George Baines, um fazendeiro aculturado da região, para pedir-lhe que resgate o piano deixado na praia, já que o Sr Stewart se encontra viajando a negócios. O reencontro de Ada com o piano é delirante. Refratário à idéia do resgate no primeiro momento, George reconsidera o caso depois de arquitetar um plano que veremos se desdobrar adiante. Na primeira oportunidade, oferece ao Sr.Stewart um pedaço de suas terras em troca do piano, operação que é fechada à revelia de Ada. George, agora aluno de Ada, dá início ao seu plano de sedução. Ada o repele. Segue-se um jogo de insinuações até ficar acertado que o piano será devolvido depois de concessões por parte dela em número correspondente ao de teclas pretas do piano. A cena do banho que a filha de Ada pretende dar no cão Flynn que ela encontra sujo e molhado de chuva, tem sentido metafórico, prenunciando a denúncia do acordo entre os dois amantes ao pai adotivo ludibriado. Outro recurso usado para apontar os comportamentos desviantes é a encenação pelo pároco local de Barba Azul, que tem significação mítica na trama do filme, valendo como prenunciador do destino de certos personagens, como no coro das tragédias gregas. Ada, na platéia ladeada pelo marido e pelo amante, se mostra exultante. A encenação termina conturbada quando um jogo de sombras entra em ação para revelar a punição da última esposa do Barba Azul. Os habitantes locais, ainda primitivos, não conseguem elaborar a cena, invadem o palco. E o espetáculo é suspenso. As aulas têm prosseguimento e o comprometimento de Ada vai tomando vulto. Sua menina mostra desejo de assistir às aulas, o que lhe é negado. É o bastante para despertar a curiosidade infantil. Ela passa a espreitar os dois e descobre o segredo, que conta a seu pai adotivo como contrapartida à exclusão sofrida por parte de sua mãe. A esta altura, George ama Ada e passa a detestar a progressão do processo de prostituição engendrado por ele próprio. Já Ada mentaliza de maneira diversa a mesma experiência. *O piano era para ela algo que simbolizava as figuras mais significativas de sua vida, sua mãe e seu professor, com quem vivera um romance malogrado, de que resultara aquela filha que a acompanhava. Para ela, o piano só podia ser trocado por um outro amor verdadeiro, ainda que o caminho que a conduzisse a esse amor pudesse soar como vender-se pelas teclas que a levassem à recuperação do piano*. George prefere devolver o piano. Stewart, sem condições de pagar pelas terras trocadas pelo instrumento, opta por conquistar a esposa. Por seu lado, Ada sente o peso de uma tripla tensão: a filha está do lado do pai; George desiste do seu propósito com a renúncia ao piano; ela, Ada, sente-se mais ligada ainda a George. E procura-o como mulher. Continuando na tentativa de conquistar Ada, Stewart chega a fazer certos progressos, com o esforço de ambos. Até que souberam da pretensão de George de deixar a região. Ada vale-se do piano para expressar sua angústia. Stewart percebe e faz com que ela prometa não procurar o outro. Apesar de tudo, Ada retira uma das teclas pretas do piano, onde escreve: *Meu coração te pertence* e manda a filha entregá-la a George. Mais uma vez, a menina favorece o pai, entregando-lhe a mensagem de que era portadora. Transtornado, Stewart volta-se contra a esposa e lhe decepa o dedo indicador a machado. Enrola o dedo amputado num pano e manda-o para George pela menina, com o aviso de que seguirá amputando os dedos de Ada a cada encontro marcado. Não satisfeito, parte para matar George e o encontra dormindo. Nota aí que seu ódio já não tem aquela intensidade anterior. E, então, pergunta a George se alguma vez ouviu a voz de Ada, ao que George responde que apenas uns leves sinais. Stewart confessa que a ouviu em sua cabeça, apesar de os lábios de Ada não se moverem. Parecia dizer-me que tinha medo de seu próprio desejo e que eu deixasse que você a salvasse. Stewart tem a sensação de que está enclouquecendo. Hoje, sabe-se que isto é uma forma de comunicação extra-sensorial, conhecida como Identificação Projetiva, como ensina o autor psicanalista. Em seguida, pede a George Baines que se vá e a leve consigo. Eles se vão por mar para um povoado próximo. Volta à cena o piano apesar da recomendação dos nativos de que a canoa pode não agüentar a carga. A certa altura, Ada resolve desfazer-se do piano. George espanta-se, mas ela insiste. Em seu íntimo, opera-se uma revolução. Escrava daquele instrumento há tanto tempo, chega a um limite crítico. Sua ordem é cumprida. O piano é lançado ao mar. Com ele, porém, Ada é repentinamente arrastada como se aquilo fosse um suicídio premeditado, além da intenção de ali enterrar sua mãe que o piano simbolizava. A corda, que se emaranhara no sapato de Ada, surgia agora como um cordão umbilical ligando irremediavelmente as duas, cordão que ela consegue cortar ao se desembaraçar do sapato e, num esforço, voltar à superfície como se nascesse ali, naquele momento. Durante a ação de salvamento, ela se surpreende com sua voz mental: *Que morte, que destino, que surpresa. Minha vontade escolheu a vida? Ela me assustou como a muitos outros*. Ada, enfim, sente-se desembaraçada do domínio de sua vontade, até ali, mais forte do que sua razão: o seu inconsciente. A cumplicidade de Ada com sua mãe acarretara-lhe um profundo sentimento de culpa, que a tornou muda. Já sua filha, vivenciando situação idêntica, optou pela atitude inversa, pagando o preço de assistir, também culpada, à amputação do dedo de sua mãe, ligação de Ada com as teclas do piano.
Em seu outro novo lar, Ada continua a lecionar piano, aguarda a prótese do dedo, providenciada por George, e faz recuperação de voz. Nesses exercícios regulares, ela aparece com a cabeça coberta com um pano preto, que representa o luto pela perda da mãe. A imagem do piano no fundo do mar continua recorrente em sua mente ; ainda sente saudades dele. Nessas ocasiões, ela se encontra também com sua mãe, de quem já pode viver separada. Sente-se liberada; veste, enfim, sua própria identidade. O piano silente em seu profundo sepulcro é, agora, em muitas noites, sua real canção de ninar.
Então, galera, que acharam vocês de ver filme com Freud? Quem se interessar pelo texto na íntegra, pode encontrá-lo no livro Os filmes que vi com Freud, de Waldemar Zuzman.(Imago) Eu, por mim, penso que é de grande ajuda para o espectador comum, constituindo-se num valioso exercício de percepção.
Tenho privado vocês de poemas, contrariando meu costume ao blogar. É que, quando o post é longo, prefiro respeitar o tempo dos leitores que não podem ater-se a um único blog. Esperemos o próximo post.
publicado
por Magaly Magalhães às 11:38 PM
1.4.05
Imagem tirada de http://terraespiritual.locaweb.com.br
FALANDO DE FÍSICA
Há algumas semanas recebi por e-mail um curioso artigo sobre Aceleração do Tempo. Li e me surpreendi. E aí me veio uma curiosidade. Como se tratava de um assunto científico e a abordagem era feita por pessoa idônea, mas não cientista, resolvi procurar uma opinião baseada na ciência.
Tenho nos Estados Unidos uma amiga internauta, doutora em Física, autora de uma pesquisa de muitos anos sobre relâmpagos. Pedi-lhe que me mandasse referências sobre o fenômeno da ressonância de Schumann, que servira de base para as considerações de Leonardo Boff, ilustre autor do artigo a que me refiro.
Coincidentemente, a Dra. Natália Solorzano é casada com o cientista americano Jeremy Thomas, também físico, que atualmente desenvolve os estudos sobre ressonância: * a Ressonância Schumann*.
Transcrevo para os amigos leitores tanto o artigo de Leonardo Boff como o trecho em que a Dra. Natália, dona do blog A base do Otimismo, explica à luz da ciência o fenômeno da ressonância, de forma accessível ao leitor comum, além de emitir sua opinião sobre as conclusões a que chegou o Sr. Boff.
ACELERAÇÃO DO TEMPO
Não apenas as pessoas mais idosas, mas jovens também fazem a experiência de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem foi Carnaval, dentro em pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou é bem real?
Pela ressonância Schumann se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O.Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletro-magnético poderoso que se forma entre o pólo e aparte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (daí chamar-se ressonância Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo. Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma freqüência de 7,83 hertz.
Empiricamente faz-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa freqüência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagensa espaciais, ficam fora da ressonância Schumann, adoecem. Mas, submetidos à ação de um simulador Schumann, recuperam o equilíbrio e a saúde. Por milhares de anos, as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio biológico. Ocorre que, a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz.. O coração da Terra disparou. Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, mais atividade nos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas tem base real nesse transtorno da ressonância Schumann..
Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de retornar a seu equilíbrio natural. E vai consegui-lo, mas não sabemos a que preço a ser pago pela biosfera e pelos seres humanos. Aqui, abre-se o espaço para grupos esotéricos e outros futuristas projetarem cenários, ou dramáticos, com catástrofes terríveis, ou esperançadores, como a irrupção da quarta dimensão, pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o biorritmo da terra.
Não pretendo reforçar esse tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade formamos uma única entidade, como os astronautas testemunham de suas naves espaciais.
Nós, seres humanos, somos Terra que sente, pensa, ama e vence. Porque somos isso, possuímos a mesma natureza bioelétrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann.
EXPLICAÇÃO E CONSIDERAÇÕES DA DRA. NATÁLIA SOLORZANO SOBRE O ARTIGO ACIMA EXPOSTO
Falando de maneira simplista, o sistema Terra/Ionosfera constitui um capacitor imperfeito. Esse capacitor é continuamente recarregado pelos relâmpagos. Sem os relâmpagos, o capacitor, por ser imperfeito, descarregaria em questão de minutos. A Ressonância de Schumann (doravante RS) é o conjunto discreto de freqüências naturais desse circuito, o que significa que impulsos eletromagnéticos (ondas de radio, por exemplo) dentro desse conjunto de freqüências se propagarão pelo globo terrestre sem sofrer distorções. Essas freqüências são (arredondando) 8, 14, 20, 26, 32, 37 e 45 Hz. Alguns autores afirmam que esses números sofreram variacões nos ultimos 4.000 anos e, provavelmente, haverão de variar no futuro, principalmente em função da flutuação do campo magnético da Terra. Há uma hipótese de que o aquecimento global também provocaria uma variação: maiores temperaturas provocariam maior convecção e mais tempestades. As freqüências de Schumann também mudam com a altitude.
O mais interessante da RS, para mim, é que é possível monitorar a atividade global de relâmpagos medindo a amplitude dos picos dessas freqüências. Isso porque os relâmpagos emitem sinais de várias freqüências; os sinais de freqüência mais baixa coincidem com o espectro de Schumann, o que possibilita que sejam transmitidos sem nenhuma distorção, e possam ser medidos em qualquer parte do mundo. E talvez seja possível monitorar também o Efeito Estufa através da RS.
Mas há também um interesse estratégico na RS, porque certas freqüências de rádio também pertencem ao espectro de Schumann e os sinais se propagam sem distorções.
O problema é que a RS é alvo de um sem-número de especulações. Dizem que uma das freqüências desse conjunto coincide com a freqüência do cérebro humano e, portanto, se a RS variar, algo terrível vai acontecer. Mas a RS tem uma variação natural diurna, além de variacões maiores que já aconteceram e que vão continuar acontecendo. Tem gente até vendendo aparelhos para adequar a freqüência do cérebro a RS.
E sem essa de que a RS seria o batimento cardíaco da Terra. Como eu disse, é um CONJUNTO de freqüências. Só se a Terra tiver vários corações, todos eles com arritmia cardíaca.
Vou copiar o que se falou sobre a RS no site "Pergunte a um Astronomo", mantido pelo Observatório Nacional (http://www.on.br/):
Eu gostaria de saber o que há de verdadeiro, deixando as especulações místicas e opiniões pessoais isentas de observação e maior rigor na análise, o que a ciência conhece sobre o dito campo de ressonância Schumann e suas implicações para a vida na Terra, que foi objeto de recente artigo de Leonardo Boff, disponível no link: http://www.adital.org.br/asp2/noticia.asp?idioma=PTicia=11197
Frei Leonardo Boff, nesse texto, mistura fatos e conclusões. Os fatos, em sua maioria, são verdadeiros. As conclusões são enviesadas. Pelo que eu saiba, investiga-se a ressonância de Schumann no quadro da regulação dos relâmpagos. Possui uma distribuição de freqüências de 5 a 50 Hz (ref. http://www.oulu.fi/~spaceweb/textbook/schumann.html). Seu máximo é em torno 7,8 Hz, mas existem picos secundários em 14, 20 26 33, 39 e 45 Hz.
Se há relação entre a freqüência da ressonância de Schumann e as freqüências cerebrais dos animais vertebrados, desconheço. Situações de *crises de abstinência* das freqüências de Schumann nos astronautas, desconheço. Finalmente, não existe qualquer informação do valor das freqüências de ressonância de Schumann no passado. Esse efeito é mal e porcamente detectado nos dias de hoje, o que se dirá de evidências fósseis de tal efeito em outras eras. Se tal efeito tivesse importância capital nos seres vivos e se estamos assistindo a uma mudança em seus valores em até 80%, os resultados a se esperar deveriam ser catastróficos assim que tais mudanças se manifestassem.
Leonardo Boff é um autor sério. Leio seus textos com vivo interesse, sobretudo aqueles relacionados à ética e à espiritualidade. Mas é preciso considerar que, enquanto teólogo, suas considerações extravasam o nível do teórico, fazendo dele mais um metafísico do que qualquer outra coisa. É no plano metafísico que devemos considerar o que diz Leonardo Boff. Se o levarmos para o plano prático, o autor, às vezes, parece "viajar na maionese".
OBSERVAÇÃO:
Os leitores poderão comentar a postura dos intelectuais que se pronunciaram, enviar perguntas para elucidação de algum conceito, pedir alguma explicação a mais. Tentaremos responder dentro de nossas possibilidades, criteriosamente.
publicado
por Magaly Magalhães às 11:57 AM