Eu Pensando

Nosso Concurso presta uma justa homenagem ao poeta recifense que h� 49 anos, no dia 2 de agosto, deixou o Rio de Janeiro menos risonho.

Multifacetado em mat�ria de talento, Manuel Bastos Tigre foi jornalista, poeta, compositor, teatr�logo, humorista, publicit�rio, revist�grafo, al�m de engenheiro e bibliotec�rio, tendo obtido sucesso em todas as �reas em que atuou.

Bastos Tigre iniciou, no Brasil, a literatura publicit�ria. Fez poesia de propaganda para diversos produtos sempre com a originalidade com que abordou tantos outros g�neros.
*Num verdadeiro esbanjamento de talento, escrevia com a mesma inspira��o
sobre amor ou sobre produto farmac�utico; sobre um tema patri�tico, ou
sobre uma marca de cerveja; sobre um fato religioso, ou sobre as qualidades
de um sabonete, de um corante, de um cigarro.
Ainda est�o na lembran�a dos mais velhos as *Bromil�adas*, par�dia de OS LUIS�ADAS
que Bastos Tigre publicou no D. Quixote, exaltando as virtudes do *Xarope Bromil*.
Os mais novos/ou menos novos talvez se recordem das *Eucalinas*, s�rie de poesias
publicadas durante muito tempo no Jornal O Globo, como propaganda do Sabonete Eucalol.
Foi o criador do *Chopp em Garrafa* para a Cervejaria Brahma, companhia
da qual era chefe da publicidade; do termo *Credi�rio* para ser usado por
*A Exposi��o*, magazine carioca e que passou para o vern�culo
para caracterizar um sistema de vendas a cr�dito; o nome *DUCAL* tamb�m foi produto de sua imagina��o, para designar a roupa de duas cal�as, e que, de t�o popular, foi registrado como nome da loja que a vendia. Lan�ou, tamb�m, slogans publicit�rios, tal como o *Se � Bayer � bom*, adotado pela firma no mundo inteiro e hoje traduzido em todas as l�nguas.*
Por essa brilhante atua��o como redator de propaganda, recebeu da classe publicit�ria uma medalha especialmente cunhada para homenagear a passagem de seu jubileu publicit�rio.

Como bibliotec�rio, foi um homem risonho e plenamente realizado. Imenso era o seu entusiasmo e confian�a no poder do livro, por ele considerado *ve�culo de id�ias, que trouxe o passado at� o presente, levar� o presente ao infinito dos tempos*
Amava o livro com devo��o e foi o primeiro bibliotec�rio eleito em concurso p�blico em todo o pa�s. Com tal dedica��o entregou-se � carreira, que foi honrado com o t�tulo de Patrono dos Bibliotec�rios.

Quanto � poesia, deixamos, propositadamente, para o final a exalta��o do Poeta.
Bastos Tigre foi, essencialmente, um poeta. A poesia foi seu divertimento e seu ganha-p�o. Viveu, sobretudo, da sua pena. Ele mesmo o confessa.

Mostremos dois momentos diferentes desse poeta:

A��O DE GRA�AS DO POETA

Gra�as a V�s, Senhor, pela ventura
De poder isolar-me na Poesia,
Ter nela o al�vio � prova��o mais dura,
E, no sonho, o meu p�o de cada dia.

Sentir albor de luar na noite escura,
Achar descanso e paz na nostalgia;
E ver, at� no pranto da amargura,
Um consolo vizinho da alegria.

Gra�as a V�s por este dom divino
Que me defende do destino adverso,
Tornando-me senhor do meu destino.

E se, em mim pr�prio, ruge o mal perverso,
Puro, alegre, feliz, o mal domino
E alo-me aos c�us nas asas do meu verso.

A BRINCADEIRA

Neste mundo de mis�ria
Irritar-se a gente � asneira.
A grande escola � a pilh�ria:
Leve-se a coisa mais s�ria
Na brincadeira.

Se algu�m nos prega, zangado,
Terr�vel descal�adeira,
A gente escuta-a, calado:
Engole todo o recado
Na brincadeira.

Se ele, al�m disso, inda amea�a
E dar pancada nos queira
Diz-se-Ihe assim: "Mas tem gra�a. . .
Oh! meu amigo, n�o fa�a
Tal brincadeira.

Amor pr�prio? Uma tolice!
Corre a vida t�o ligeira!
Desaforo algu�m nos disse?
A gente disfar�a e ri-se,
Por brincadeira.

� em Paris je m'en fichismo,
Em Lisboa � chuchadeira,
Era na Gr�cia cinismo;
Aqui no Brasil eu o crismo
De brincadeira.

Atira-se � vida alheia
Da perf�dia a arma trai�oeira.
A a��o � m�? baixa? feia?
Qual nada! � apenas a velha
Da brincadeira.. .

Bem tolo � quem se amofina!
Se algu�m nos bate � moleira,
� correr, dobrar a esquina
E aplicar-se a lugolina
Da brincadeira.

Ser f�til inda brincando
� a doutrina verdadeira:
Vai-se trepando, trepando
E galga-se o alto, no brando,
Na brincadeira.

E nessa terra, que � a nossa
N�o vale ser de outra maneira;
Nada ao car�ter faz mossa:
Pois se isso � um pa�s de tro�a...
De brincadeira!...

Bastos Tigre, 1933

Para encerrar, uma chamada de aten��o importante:

Vamos proceder ao sorteio dos 6 DVDs. Sortearemos os DVDs pelos respectivos t�tulos tirando os dois primeiros para o 1� colocado; em seguida, cada um dos outros para cada contemplado at� o 5� lugar. Entendidos?

Para o 1� lugar: Pollock e Terra de Ningu�m
Para o 2� lugar: As Horas
Para o 3� lugar: Jackie Brown
Para o 4� lugar: Chocolate
Para o 5� lugar: O Talentoso Ripley

Palmas para todos ! E... c�est finie la contradanse!