Divulgar
idéias próprias, combater o discurso invertido corrente,
aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste
veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
Estamos diante de um exemplo de efici�ncia em padr�o alt�ssimo. Trata-se do blog SUBROSA que faz seu primeiro q�inq��nio com a mesma for�a e vibra��o dos seus primeiros anos.
O SUBROSA �, sem d�vida, o exemplo vivo da intrepidez com que sua dign�ssima propriet�ria, a professora, cr�tica e fil�sofa Meg Guimar�es conduz suas aprecia��es, suas pesquisas, suas entrevistas e dicas visando sempre a descobrir blogueiros promissores revestindo tudo de um humor colorido e irresist�vel.
A poesia tem no Subrosa um lugar de excel�ncia, tanto que a Meg est� sempre a repetir: *Fora da poesia n�o h� salva��o*. E, realmente, � imposs�vel pensar em Meg sem fazer essa ila��o, tanto que fa�o uma pausa para inserir:
De William Blake:
INJUNCTION
The Angel that presided o�er my birth Said: *Little creature, formed of joy and mirth, Go, love without the help of anything on earth.*
e
LOVE�S SECRET
Never seek to tell thy love, Love that never told can be: For the gentle wind does move Silently, invisibly.
I told my love, I told my love, I told her all my life; Trembling, cold, in gastly fears, Ah! She did depart!
Soon as she was gone from me, A traveller came by, Silently, invisibly: He took her with a sigh.
� dif�cil continuar falando do Subrosa sen�o por meio de poemas que levar�o � Meg sua atmosfera encantat�ria, onde ela respira livremente e se realimenta.
De Charles Beaudelaire:
HARMONIE DU SOIR
(Les Fleurs du Mal, seconde �dition)
Voici venir les temps o� vibrant sur sa tige Chaque fleur s'�vapore ainsi qu'un encensoir ; Les sons et les parfums tournent dans l'air du soir ; Valse m�lancolique et langoureux vertige !
Chaque fleur s'�vapore ainsi qu'un encensoir ; Le violon fr�mit comme un coeur qu'on afflige ; Valse m�lancolique et langoureux vertige ! Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir.
Le violon fr�mit comme un coeur qu'on afflige, Un coeur tendre, qui hait le n�ant vaste et noir ! Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir ; Le soleil s'est noy� dans son sang qui se fige.
Un coeur tendre, qui hait le n�ant vaste et noir, Du pass� lumineux recueille tout vestige ! Le soleil s'est noy� dans son sang qui se fige... Ton souvenir en moi luit comme un ostensoir !
De Florbela Espanca:
OS VERSOS QUE TE FIZ
Deixa dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer ! S�o talhados em m�rmore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer.
T�m dol�ncia de veludos caros, S�o como sedas p�lidas a arder ... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu n�o tos digo ainda ... Que a boca da mulher � sempre linda Se dentro guarda um verso que n�o diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei ... E nesse beijo, Amor, que eu te n�o dei Guardo os versos mais lindos que te fiz!
De Carlos Drummond de Andrade
CONSIDERA��O DO POEMA
N�o rimarei a palavra sono com a incorrespondente palavra outono. Rimarei com a palavra carne ou qualquer outra, que todas me conv�m. As palavras n�o nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem, no c�u livre por vezes um desenho, s�o puras, largas, aut�nticas, indevass�veis.
Uma pedra no meio do caminho ou apenas um rastro, n�o importa. Estes poetas s�o meus. De todo o orgulho, de toda a precis�o se incorporam ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius sua mais l�mpida elegia. Bebo em Murilo. Que Neruda me d� sua gravata chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakovski. S�o todos meus irm�os, n�o s�o jornais nem deslizar de lancha entre cam�lias: � toda a minha vida que joguei.
Estes poemas s�o meus. � minha terra e � ainda mais do que ela. � qualquer homem ao meio-dia em qualquer pra�a. � a lanterna em qualquer estalagem, se ainda as h�. * H� mortos? h� mercados? h� doen�as?* � tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras, por que falsa mesquinhez me rasgaria? Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas. O beijo ainda � um sinal, perdido embora, da aus�ncia de com�rcio, boiando em tempos sujos.
Poeta do finito e da mat�ria, cantor sem piedade, sim, sem fr�geis l�grimas, boca t�o seca, mas ardor t�o casto. Dar tudo pela presen�a dos long�nquos, sentir que h� ecos, poucos, mas cristal, n�o rocha apenas, peixes circulando sob o navio que leva esta mensagem, e aves de bico longo conferindo sua derrota, e dois ou tr�s far�is, �ltimos! esperan�a do mar negro. Essa viagem � mortal, e come��-la. Saber que h� tudo. E mover-se em meio a milh�es e milh�es de formas raras, secretas, duras. Eis a� meu canto.
Ele � t�o baixo que sequer o escuta ouvido rente ao ch�o. Mas � t�o alto que as pedras o absorvem. Est� na mesa aberta em livros, cartas e rem�dios. Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua, o uniforme de col�gio se transformam, s�o ondas de carinho te envolvendo.
Como fugir ao m�nimo objeto ou recusar-se ao grande? Os temas passam, eu sei que passar�o, mas tu resistes, e cresces como fogo, como casa, como orvalho entre dedos, na grama, que repousam.
J� agora te sigo a toda parte, e te desejo e te perco, estou completo, me destino, me fa�o t�o sublime, t�o natural e cheio de segredos, t�o firme, t�o fiel... Tal uma l�mina, o povo, meu poema, te atravessa.
Ficam por aqui, Meg, nossos louvores a voc� e ao Subrosa. Que sua dedica��o e amor � cultura continuem a desempenhar com f�lego e sabedoria esse precioso trabalho nessa �rea t�o promissora, abrindo caminhos aos que t�m aptid�o e vontade de crescer.
Felizes trilhas, felizes resultados, FELICIDADES.
E aguardemos o dia de amanh�, 19 de setembro, o quinto ano de vida do valente SUBROSA.
Chegou a hora de dar meu adeusinho a voc�s. Claro que vou sentir um bocado, mas a maratona que me espera vai me deixar em tal roda viva que n�o vou ter muita folga para as saudades. Quando voltar, virei cheia de novidades e, ent�o, descontaremos o tempo de aus�ncia. Deverei estar sem internet j� na pr�xima semana. Ent�o, quero deixar um abra�o apertado a cada um de voc�s e um desejo profundo de que voc�s se conservem felizes neste meu per�odo de afastamento.
Deixo tamb�m uns poeminhas meus pra quem gosta de versos. N�o ficaram muito tempo em quarentena, como gosto que fiquem, mas tenho que fechar tudo pra balan�o. Aproveitem e sugiram altera��es. Quando estiver de volta considerarei as sugest�es apresentadas.
Pena que s�o versos tristes, mas a saudade trai a gente mesmo. � o companheiro da vida inteira que n�o volta. � o filho ausente que faz anivers�rio. Quem sabe, depois dessas mudan�as que come�o a acionar, meus versos tomem cores mais leves e saibam a alegria?
DESEJOS V�OS
Ao T�o
Vontade de estar contigo, desejo de ouvir tua voz. Desgaste n�o ver sentido no que fa�o, no que olho, no que paira sobre n�s.
Parem a m�sica! Parem a dan�a! Quero estar s� com meus ais. Voltar � fase crian�a... N�o v�em que peno e choro a dor de n�o t�-lo mais?!
Hoje sou s� uma sombra a preencher os desv�os da vida que inda me honra. Reflito, medito e oro. O resto... desejos v�os...
31/ 05/06, Rio de Janeiro
EST�V�O 2006
Dia frio, molhado, lacrimoso. Recolho lembran�as, choro saudades. Tento reunir retalhos da tua imagem, recompor tua face de mand�bulas rijas, nelas ancorado sempre aquele teu riso espont�neo, pronto a soltar-se com alarde ou a desfazer-se de mansinho, preludiando algo l�dico e prazeroso.
Quanta falta me tens feito! Tr�s anos de desalentada aus�ncia. Meninos continuam meninos, homens, mulheres (poucos os de boa vontade) continuam por a�. Sem ti.
Em familia, �s lembrado com a ternura de sempre e a cada evoca��o recebemos contentes os chuviscos de alegria que da� esparzes
Feliz dia de teu anivers�rio, filho, enquanto durar meu ex�lio aqui.
04 /08 /2006, Rio de Janeiro
E,
para n�o dizer que s� falei de tristezas e saudades, deixo este poema de um tempo mais ing�nuo.
O POETA E A LUA
Solta a lua na noite aberta, desce e vem prender-se a alado ser � sua espera �brios um do outro e transl�cidos planam juntos, a lua e o poeta.
- Preciso de tua luz compensadora sou um oceano de revoltas emo��es. S� tua reveladora claridade pode ater-me � vida nessas condi��es.
- Tua eu sou, poeta ensandecido, mas n�o s� tua, de todos os poetas carentes de frios raios de luz a atenuar-lhes a fervescente verve.
- Vem, fa�amos uma fina parceria, a vida � fugaz e me deixa alerta. Em sua eternidade, como poderia ela ser s� minha se haver� sempre poetas?
1998 / Rio de Janeiro
Beijos, beijos, beijos.
Antes de finalizar, quero lembrar a todos que o SUBROSA faz seu 5� anivers�rio no pr�ximo dia 19 e que vai haver festa. Vamos todos l� dar nosso Viva ao blog mais palpitante da internet?
E mais: o Subrosa lan�a um post revelador. Vale constatar o que digo. Corram l�.
E v�o tamb�m ao CIRCULANDO para ler: *Cidad�o, assuma-se e confirme*.