Divulgar
idéias próprias, combater o discurso invertido corrente,
aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste
veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
H� precisamente 3 meses e dezenove dias, festejei aqui, na blogosfera, meu anivers�rio de 78 anos. Mal supunha que receberia parab�ns de tantos amigos quantos eram os anos que eu completava. Isso somou � minha vida um encanto todo especial que dura at� hoje. Repleto o sistema de coment�rio de mensagens de toda forma e tamanho, todas elas recebidas com extremo agrado e entusiasmo, corri a agradecer a todos de uma s� vez, o que fiz no pr�prio Coment�rios, j� que o agradecimento a cada um separadamente tomaria dias e eu queria dar satisfa��o a todos ao mesmo tempo. Aos poucos, depois, eu me dirigiria a cada um isoladamente. Cheguei a mandar os primeiros e-mails ou escrever coment�rios no blog de cada companheiro(a) Acontece que me sobreveio uma fase dif�cil e passei ausente do blog por algumas semanas. Ao voltar, j� estava distante o dia da festinha, eu n�o havia salvado os primeiros agradecimentos individuais e relaxei querendo me convencer de que todos teriam voltado ao meu Coment�rios e lido meu agradecimento geral. Em v�o quis esquecer esse trope�o. � muito mais comum n�o se voltar a ler coment�rios de posts passados, o que me leva agora a dar-lhes esta explica��o. Voc�s devem ter percebido que alasteci o intervalo de um post pra outro; o pessoal do Orkut est� de prova que s� apare�o l� uma vez ou outra para al�s ligeiros, assim como os do Multiply quase n�o me encontram tamb�m. Meu erro maior: eu deveria ter agradecido em forma de post, mais vis�vel para todo mundo. Fa�o-o neste exato momento transcrevendo a mensagem deixada em Coment�rios do post de 7 de mar�o p.p.:
Minha gente! Ainda estou meio anestesiada com tanta mensagem amorosa! Que lindeza! Eu queria ter certeza de que mere�o tanta felicidade como quero dizer que me rendo � delicadeza, � espontaneidade e ao carinho de todos. N�o vou repetir o gasto *obrigada* porque soaria vazio a essa altura; antes quero garantir a voc�s que nunca vou esquecer esse encontro t�o lindo e pedir a Papai do C�u um pedacinho de c�u para cada um de voc�s. Uma profus�o de ternos abra�os. Magaly 10/03/05 00:47
Melhor assim. Vou me sentir mais calma, em paz comigo mesma. N�o me queiram menos por isso. Todos voc�s me s�o muito caros.
Blue de S�rgio Fonseca
l�bios entreabertos
olhos de afeto de fome de riso de sede s�smicos
corpos molhados de mar de chuva de suor de fluidos
palavras t�teis movimentos flute sensa��es blue
Obrigada, S�rgio, pelo empr�stimo da linda foto e do sugestivo poema.
E a�, galera? Alma lavada e desforrada? Brasil 4 X Argentina 1 � isso a�! Brasiiiiil!
Apanhei na Cora:
publicado
por Magaly Magalhães às 12:26 AM
23.6.05
MEG! MEG! MEG! MEG!
Rosas para voc� pelo seu anivers�rio.
E mais Jorge de Lima, que voc� tanto ama, em tr�s tons, al�m de bel�ssimas homenagens de poetas ao grande poeta.
Pai Jo�o
"A filha de Pai Jo�o tinha um peito de Turina para os filhos de Ioi� mamar: Quando o peito secou a filha de Pai Jo�o Tamb�m secou agarrada num Ferro de engomar. A pele do Pai Jo�o ficou na ponta Dos chicotes. A for�a de Pai Jo�o ficou no cabo Da enxada e da foice. A mulher de Pai Jo�o o branco A roubou para fazer mucamas."
Anjo dalt�nico
Tempo da inf�ncia, cinza de borralho, tempo esfumado sobre vila e rio e tumba e cal e coisas que eu n�o valho, cobre isso tudo em que me denuncio.
H� tamb�m essa face que sumiu e o espelho triste e o rei desse baralho. Ponho as cartas na mesa. Jogo frio. Veste esse rei um manto de espantalho.
Era dalt�nico o anjo que o coseu, e se era anjo, senhores, n�o se sabe, que muita coisa a um anjo se assemelha.
Esses trapos azuis, olhai, sou eu. Se v�s n�o os vedes, culpa n�o me cabe de andar vestido em t�nica vermelha.
Extrato da obra Inven��o de Orfeu, XV
A garupa da vaca era palustre e bela, uma penugem havia em seu queixo formoso; e na fronte lunada onde ardia uma estrela pairava um pensamento em constante repouso. Esta a imagem da vaca, a mais pura e singela que do fundo do sonho eu �s vezes esposo e confunde-se � noite � outra imagem daquela que ama me amamentou e jaz no �ltimo pouso. Escuto-lhe o mugido ? era o meu acalanto, e seu olhar t�o doce inda sinto no meu: o seio e o ubre natais irrigam-me em seus veios. Confundo-os nessa ganga informe que � meu canto: semblante e leite, a vaca e a mulher que me deu o leite e a suavidade a manar de dois seios.
Mensagem que encerra a cosmogonia que se cont�m em
Inven��o de Orfeu
No momento de crer, criando contra as for�as da morte, a f� No momento da prece orando pela f� que perderam os outros No momento da f� crivado Com umas setas de amor �s m�os E os p�s, e o lado esquerdo Am�m.
De Murilo Mendes
Homenagem a Jorge de Lima
Inventor de novo corte e ritmo, Sopras o poema de mil bra�os, Fundas a realidade, Fundas a energia. Com a palavra gustativa, A carga espiritual E o signo pl�stico Nomeias todo ente. � fr�mito e movimento do teu verso Mantido pela forte e larga envergadura. Poder da imagem que provoca a vida E, respirando, manifesta O mal do nosso tempo, em sangue exposto. Aboliste as fronteiras da apar�ncia: No teu Livro f�rtil se conjugam Sono e vig�lia, Vida e morte, Sonho e a��o. Nutres a natureza que te nutre, Mesmo as bacantes que te exaurem o peito. Aplaca tua lira pedra e ang�stia: Cantando clarificas A subst�ncia de argila e estilha�os divinos Que mal somos.
De Carlos Drummond de Andrade
Era a Negra Ful� que nos chamava de seu negro vergel. E eram trombetas, salmos,carros de fogo, esses murm�rios de Deus a seus eleitos, eram puras
can��es de lavadeiras ao p� da fonte, era a fonte em si mesma, eram nost�lgicas emana��es de inf�ncia e de futuro, era um ai portugu�s desfeito em cama.
Era um fluir de ess�ncias e eram formas Al�m da cor terrestre e em volta ao homem, Era a inven��o do amor no temo at�mico,
O consult�rio m�tico e lunar (poesia antes da luz e depois dela), Era Jorge de Lima e eram seus anjos.
publicado
por Magaly Magalhães às 8:41 PM
17.6.05 http://WWW.rpsfeiras.com.br/Feiras
N�lida Pi�on e o Pr�mio de Ast�rias das Letras
Quem � N�lida Pi�on?
Vejamos alguns de seus tra�os, por ela mesma, aleatoriamente:
*Custei a entender que n�o cabia � mulher certas tarefas. Quando entendi, j� estava contaminada pelo v�rus da liberdade e da paix�o e eu disse: N�o vou levar uma vida acanhada, quero uma vida espl�ndida.*
*O preconceito � dram�tico porque n�o discrimina diretamente. Ent�o, se hoje voc� como mulher tem um espa�o, � porque foi uma luta imensa, tem que ser uma guerreira, Se n�o for guerreira, voc� dan�a.*
*Deus � uma pauta de conduta para o homem. Deus ainda � um sonho, uma quimera humana e acho que ajuda muito, mais do que atrapalha.*
*Acho que temos sabedoria para perceber quando o amor � ben�fico. O desejo nos deixa perplexos e � surpreendente.*
*N�o escrevo para o futuro, quero escrever para agora. Maravilhoso � o artista cujo livro, naquele momento, � lido e entendido.*
*Eu jamais fiz an�lise, sou filha da imagina��o. A partir do momento em que decidi n�o temer minhas vis�es do mundo, percebi os mist�rios que existem em tudo. Sou v�tima do sagrado e acho que sou meio vizinha dessa tal de psican�lise.*
A consagrada escritora brasileira N�lida Pi�on acaba de conquistar o Pr�mio de Ast�rias das Letras de 2005, escolhida entre 31 escritores de 16 pa�ses, tendo chegado �s finais ao lado dos americanos Paul Auster e Philip Roth e do israelense Amos Oz. Trata-se do maior pr�mio espanhol de literatura e, portanto, um feito de extraordin�ria import�ncia nunca antes conquistado por um brasileiro. Para a escritora, habituada � conquista de pr�mios ao longo de sua prof�cua carreira, este teve um significado especial pela proje��o que deu � literatura brasileira, ainda n�o totalmente reconhecida l� fora, apesar do seu indiscut�vel grau de qualidade. N�lida Pi�on, a primeira e at� agora �nica mulher que chegou a presidir a Academia Brasileira das Letras (ABL), considera o reconhecimento do j�ri um fator decisivo na luta de p�r fim *�s posi��es radicais e � discrimina��o no mundo todo*. De fato, a obra da brasileira, publicada em mais de 20 pa�ses e traduzida para dez idiomas, *transladou ao �mbito universal a complexa realidade da Am�rica Latina com uma prosa rica em registros que incorpora com extraordin�rio brilho as distintas tradi��es e ra�zes culturais do continente latino-americano*. Sens�vel e consciente da orienta��o recebida em sua forma��o, N�lida assim se expressa no ato de agradecer o pr�mio: *Este � um reconhecimento a minha obra e a todos os que me ajudaram a entender a vida e me ajudaram a exercer esse of�cio m�gico da literatura* Nascida no Rio de Janeiro e descendente de espanh�is, a escritora se definiu como uma filha de todas as ra�as e agradeceu o reconhecimento do j�ri ao car�ter mesti�o de sua obra.
Em suas pr�prias palavras:
*Foi importante ver que o j�ri destacou esse aspecto da minha obra. S�o palavras que definem minha f� na humanidade. Somos mesti�os, somos latinos, somos ib�ricos e somos africanos*. *Sou uma escritora de um pa�s mesti�o como o Brasil e filha de galegos. Tanto a Gal�cia como a Espanha t�m um peso muito importante em meu imagin�rio e em minha forma��o cultural*. *Minha literatura se pauta na mem�ria e na inven��o. Sou produto dessa mesti�agem que amplia a concep��o do mundo e nos transforma em filhos de todas as ra�as*.
Indicada ao Pr�mio Pr�ncipe de Ast�rias pelo diretor do Instituto Cervantes no Rio de Janeiro, Francisco Curral S�nchez-Cabezudo, ela disse estar *feliz, surpresa, honrada e agradecida* pelo pr�mio, pela import�ncia que tem e por proceder da Espanha.
Suas obras:
Guia-mapa de Gabriel Arcanjo, romance (1961)
Madeira feita de cruz, romance (1963)
Tempo das frutas, contos (1966)
Fundador, romance (1969)
A casa da paix�o, romance (1972)
Sala de armas, contos (1973) .
Tebas do meu cora��o, romance (1977)
A for�a do destino, romance (1978)
O calor das coisas, contos (1980)
A rep�blica dos sonhos, romance (1984)
A doce can��o de Caetana, romance (1987)
O p�o de cada dia: fragmentos, contos (1994)
A roda do vento, romance infanto-juvenil (1996)
At� amanh�, outra vez, romance (1999)
Cortejo do Divino e outros contos escolhidos, contos (2001)
O presum�vel cora��o da Am�rica, discursos (2002)
Vozes do deserto, romance (2004)
O ritual da arte, ensaio sobre a cria��o liter�ria (in�dito).
De seus livros, diz N�lida:
*Cada texto meu � uma manifesta��o de liberdade. Viajo sempre que posso entre um livro e outro. Esse banimento � muito positivo. De longe enxergo melhor o Brasil, nossa l�ngua, meu material de trabalho.*
publicado
por Magaly Magalhães às 11:49 PM
10.6.05
Sinto hoje que meu bem-estar est� comprometido apontando difusamente para diversas causas. N�o � acesso de baixa-estima; � auto-estima amea�ada, agredida pelos estreme��es com que a nossa pol�tica, sempre inoperante, faz a gente descrer que vive no seio de uma democracia. N�o sei se voc�s j� notaram que eu me escuso de tocar em assuntos de ordem pol�tica pelo meu despreparo natural. N�o me sinto bem em emitir opini�es sem embasamento ou sem par�metros onde me ap�ie. E nunca tive curiosidade maior nessa �rea. Acontece que, se desconhe�o as artimanhas pol�ticas, posso sentir na pele os seus efeitos. Abro o jornal de manh�, decep��o! Atualmente � o Mensal�o, a CPI dos Correios,a desmoraliza��o de servi�os importantes para o pa�s como a preserva��o da Floresta Amaz�nica e que tais. Uma enumera��o � servi�o penoso e irritante; qualquer ponta de tapete levantada exibe um sem n�mero de coisas il�citas. E os respons�veis vivem sua vida adamascada sem maiores remorsos. Gente! A democracia est� doente! Precisa de socorro, de antibi�tico, de higiene Precisamos achar um jeito de cuidar dela antes que seja tarde. A responsabilidade � de todos, cada um fazendo, dentro de seu raio de a��o, o que � poss�vel para reabilitar os valores �ticos e morais: dentro da fam�lia, dentro das comunidades, dentro dos organismos sociais.
Para infernizar mais a paci�ncia, vem a Argentina e pisa e repisa e sapateia na bola brasileira. N�o ag�ento. N�o d� para ag�entar meeesmo!
Sabem de uma coisa? Vou tirar da manga um recurso *tiro e baque*. Voc�s j� devem ter percebido que, pra mim, fora da poesia n�o h� salva��o. Convido-os, ent�o, a declamar com o nosso poeta Ferreira Gullar, que entende dessas coisas mal repartidas, este significativo poema:
Dois e dois: quatro
Como dois e dois s�o quatro sei que a vida vale a pena embora o p�o seja caro e a liberdade pequena.
Como teus olhos s�o claros e a tua pele morena.
Como � azul o oceano e a lagoa, serena.
Como um tempo de alegria por tr�s do terror me acena.
e a noite carrega o dia no seu colo de a�ucena
Sei que dois e dois s�o quatro sei que a vida vale a pena
mesmo que o p�o seja caro e a liberdade, pequena.
E como daqui a tr�s dias � Dia dos Namorados, um poema de amor (para ado�ar a p�lula), de nada mais, nada menos que o poeta Carlos Drummond de Andrade:
As Sem-Raz�es do Amor
Eu te amo porque te amo. N�o precisas ser amante, e nem sempre sabes s�-lo. Eu te amo porque te amo. Amor � estado de gra�a e com amor n�o se paga.
Amor � dado de gra�a, � semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicion�rios e a regulamentos v�rios.
Eu te amo porque n�o amo bastante ou demais a mim. Porque amor n�o se troca, n�o se conjuga nem se ama. Porque amor � amor a nada, feliz e forte em si mesmo.
Amor � primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.
De CORPO / Record / RJ
Feliz Dia dos Namorados! Amor, muito amor e felicidades!
UPDATE: Homenageando o poeta Fernando Pessoa na data de seu anivers�rio.
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta � um fingidor. Finge t�o completamente Que chega a fingir que � dor A dor que deveras sente
E os que l�em o que escreve, Na dor lida sentem bem, N�o as duas que ele teve, Mas s� as que eles n�o t�m.
E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a raz�o, Esse comboio de corda Que se chama o cora��o.
E VIVA! para Santo Ant�nio de P�dua que 13 de junho � o seu dia tamb�m!
publicado
por Magaly Magalhães às 10:57 PM