Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

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27.7.03
 
Hoje, 26 de julho, é o dia em que se comemora uma figura humana especial na constelação familiar: a avó. Para as vovós felizes ou não, alegres ou tristes, saudáveis ou desestimuladas, esta carta de criança que há de emocionar qualquer vovó, esteja ela ou não em seus melhores dias.

O QUE É UMA AVÓ?

Carta de um aluno da terceira série.

Uma avó é uma mulher velhinha que não tem filhos. Ela gosta dos filhos dos outros. Um avô é um homem-avó. Ele leva os meninos para passear e conversa com eles sobre pescaria e outros assuntos parecidos.
As avós não fazem nada e por isso podem ficar mais tempo com a gente. Como elas são velhinhas, não conseguem
rolar pelo chão ou correr. Mas não faz mal, porque nos levam ao shopping e compram tudo o que nossos pais não querem comprar. Na casa delas tem sempre um vidro com balas e uma lata cheia de suspiros. Contam histórias de nosso pai ou nossa mãe quando eram pequenos, histórias da Bíblia, histórias de uns livros bem velhos com umas figuras lindas.
Passeiam conosco mostrando as flores, ensinando seus nomes, nos fazendo sentir o perfume. Avós nunca dizem ´Apresse-se´,´Arrume seu quarto´, ´Coma com modos´.
Normalmente, as avós são gordinhas, mas, mesmo assim, elas nos ajudam a amarrar os sapatos. Quase todas usam óculos e eu já vi uma tirando os dentes e as gengivas.
Quando a gente faz uma pergunta, a avó não diz: ´Menino, não vê que estou ocupada!´Ela pára, pensa e responde de um jeito que a gente entende. As avós sabem um bocado de coisas.
As avós não falam com a gente como se nós fôssemos umas criancinhas idiotas, nem apertam nosso queixo dizendo ´Que gracinha!´, como fazem algumas visitas chatas. Quando lêem para nós, não pulam pedaços das histórias nem se importam de ler a história várias vezes. O colo das avós é quente e fofinho, bom de a gente sentar quando está triste. A minha avó sabe fazer uma festinha bem de leve nas minhas costas que eu adoro.
Todo mundo devia tentar ter uma avó porque são os únicos adultos que têm tempo para nós.


Um grande abraço às avós de todo o universo.


Autor desconhecido

Extraído do livro intitulado Histórias para aquecer o coração das
mães
, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorn e Marci Shimoff.

publicado por Magaly Magalhães às 1:44 AM
25.7.03
 
Menos um ator entre nós, um comediante, um cidadão que ´se incomodava com a mediocridade humana´ . Estimado em seu meio, o seu Flor de `A grande Família´vai deixar saudades.
A ausência de Rogério Cardoso na telinha será sentida por todos quantos se haviam acostumado com sua graça, sua alegria, seu espírito humanitário. Que seu desempenho no novo plano seja o da franca evolução espiritual.


//////////////////////////////////


Recebi de uma amiga a historinha abaixo que repasso como a graça possível para o momento;

GESTÃO POR RESULTADOS
Era uma vez uma aldeia onde vivam dois homens que tinham o mesmo nome: Joaquim Gonçalves. Um era sacerdote e o outro, taxista. Quis o destino que os dois morressem no mesmo dia.
Chegam ao céu, onde os espera São Pedro.
- O teu nome? - pergunta São Pedro ao primeiro.
- Joaquim Gonçalves.
- O sacerdote?
- Não, não, o taxista.
São Pedro consulta a suas anotações e diz:
- Bom, ganhaste o Paraíso. Levas estas túnicas com fios de ouro e este cetro de platina com incrustações de rubis. Podes entrar...
Passam mais duas pessoas, e chega a vez do outro Joaquim.
- O teu nome?
- Joaquim Gonçalves.
- O sacerdote ?
- Sim.
- Muito bem, meu filho. Ganhaste o Paraíso. Levas esta bata de linho e este cetro de ferro com incrustações de granito.
O sacerdote diz:
- Desculpe, não é por nada, mas... deve haver engano. Eu sou Joaquim
Gonçalves, o sacerdote!
- Sim, meu filho, ganhaste o Paraíso. Levas esta bata de linho e...
- Não, não pode ser! Eu conheço o outro senhor, era taxista, vivia na minha aldeia, e era um desastre! Subia nas calçadas, batia seu carro todos os dias. Mais de uma vez bateu contra muros e casas, dirigia pessimamente, levava tudo pela frente, assustava todo mundo e não se corrigia mesmo após multas e repreensões policiais...
E, quanto a mim, passei setenta e cinco anos da minha vida pregando todos os domingos na paróquia. Como é que lhe
dão a túnica com fios de ouro e o cetro de platina e a mim. isto?... Deve haver engano!
- Não, não é nenhum engano - diz São Pedro. O que ocorre é que aqui, no Céu, estamos efetuando uma "gestão" mais profissional, como a que vocês fazem lá, na terra.
- Como? Não entendo.
- Eu explico... Agora, orientamo-nos por ´resultados ´... É assim: durante os últimos vinte e cinco anos, cada vez que tu pregavas, as pessoas adormeciam; mas, cada vez que ele dirigia seu táxi, as pessoas começavam a rezar. É isso:
Resultados !!!... Percebeste agora?
Gestão por Resultados!


///////////////////////////////////


O poema de hoje:


ONDE PAIRA A CANÇÃO RECOMEÇADA


Onde paira a canção recomeçada
No capitel de acanto de teu lar?
Onde prossegue a dança terminada
Nas lajes de meu tempo de chorar?
Rapaz, em minhas mãos cheias de areia
Conto os astros que faltam no horizonte
Da praia soluçante onde passeia
A espuma de teu fim, pranto sem fonte.
Oh juventude, um pálio de inocência
Jamais se estenderá sobre outra aurora
Mais clara que esta clara adolescência
Que o lupanar da noite hoje devora:
Que vale o lenço impuro da elegia
Sobre teu rosto, lúcida alegria?


//////////////////////////////////


Deixo-os aqui. Advirão posts menos tristes.






publicado por Magaly Magalhães às 1:47 AM
21.7.03
 
Alô. pessoal, venho deixar meu abraço carinhoso e amigo no dia dedicado aos amigos.
Um viva para todos os meus amigos!

publicado por Magaly Magalhães às 1:07 AM
20.7.03
 
Leda Yara, que todos vocês já conhecem pelas poesias publicadas aqui, recebeu da amiga Mercília Rodrigues, também poeta, o belo poema Ator, que transcrevo abaixo com muita satisfação. Leda é inspirada e sensível e costuma refletir em cima dos textos que recebe e lê, sempre com extrema propriedade e bom senso. Vocês vão ter assim oportunidade de conhecer seus dotes em prosa também.


A T O R

Mercília Rodrigues


A máscara do rosto cai!
A primeira?
Não! Múltiplas facetas.
História que se esvai...
Contada em cada tempo de um jeito,
no farfalhar de páginas rasgadas,
com fantasias embutidas nos trejeitos.
Longe as máscaras atiradas !
Todas? Todas nunca arremetidas,
Em cada instante de vivência,
até em espelho refletida,
mostra-se apenas aparência!
Palco da vida! Teatro de fantoches!
As mil figuras que se enlaçam
traçam o enredo de deboches,
cenas ocultas que perpassam...
no conduzir o desfecho em cada ato,
desempenho da função de mil atores
mascarados de si mesmos com aparato,
nas mentiras se alojam seus valores!
Cai o pano... disfarces escondem-se.
Hipocrisia? Inveja ou ironia?
Onde?
No teatro imenso do teu eu!
Contracenando contigo lado a lado,
neste papel de ator que é teu...
Vais despedaçando imagens do passado!


REFLEXÕES

Leda Yara


A vida é um grande palco. Quase sempre ficamos meio desnorteados com os diversos papéis desempenhados à nossa volta, diariamente, por aqueles que cruzam conosco ou mesmo convivem conosco. Muitas vezes, nem percebemos que estamos contracenando com os outros atores e o espetáculo continua, sem que nos demos conta de que a próxima "fala" do outro é uma seqüencia da nossa "fala", no espetáculo.

Aos poucos, à medida que vamos nos aprofundando no conhecimento de nós mesmos e amadurecendo para os mistérios da vida, as dificuldades, os desnorteamentos, os desapontamentos, as decepções vão cedendo lugar à compreensão dos atores e dos papéis que eles escolheram para desempenhar no palco da vida. Esta é uma das grandes ciências da escola do viver: conhecer-se e compreender.

Muitos dos que seguem a doutrina espírita costumam eximir-se da responsabilidade de seus atos ou desqualificam a responsabilidade dos atos dos outros, despejando as conseqüências das escolhas feitas, quando já estamos aqui, sobre "os compromissos assumidos antes de retornarmos ao plano físico". Acredito que não são tantos os encargos que assumimos antes de voltarmos aqui. Aliás, acho mesmo que são poucos, quando comparados com o desempenho inteiro da nossa vida. A maioria dos nossos estados, seja no plano espiritual, seja no físico, seja no emocional, enfim, a maioria dos acontecimentos da vida são conseqüência das nossas escolhas quando já estamos no plano terrestre.

Nós nascemos livres. Almas e mentes transparentes como o ar, papel em branco e lápis na mão, prontos para as anotações do script que vamos representar no palco da vida. Nem mesmo sabemos falar direito e já temos pequenos scripts para decorar, já começamos a criar nossas primeiras máscaras e disfarces, para nos sairmos melhor das situações e aplaudidos pela pequena platéia que nos assiste, então.

À medida que vamos crescendo, mais e mais scripts vão sendo anotados no nosso bloco de notas. As máscaras e os disfarces vão ficando sedimentados pelos jogos partilhados com os demais atores da peça.

Pronto! Chegamos ao ponto em que já decoramos nossos papéis, definimos como atuar nos diversos atos do espetáculo e nos sentimos prontos para nos apresentarmos no palco da vida. E saímos por aí, vida afora, repetindo os nossos espetáculos, cada vez que uma mesma situação se apresenta. Na maioria das vezes, ou por inocência, ou por falta de coragem ou de humildade, não paramos um pouco para avaliarmos o nosso desempenho. Não paramos para rever os efeitos da nossa atuação sobre os outros e, mais importante ainda, sobre nós mesmos, já que, pela lei da causa e efeito, tudo retorna pará nós na mesma forma em que executamos nosso papel.

Amadurecer, significa reavaliar e reescrever os nossos próprios papéis e aceitar os papéis que os outros escolheram para si. Aceitar não significa compartilhar, estimular ou se apiedar. Aceitar é compreender que o outro é livre para escolher os seus papéis, mas que deve se responsabilizar pelas conseqüências de suas escolhas, sejam essas conseqüências boas ou não. Quando não deixamos ao outro a responsabilidade pelos seus pensamentos, atos e palavras, estamos lhe negando oportunidades valiosas de crescer e de amadurecer.

A mente humana é a maior e única ferramenta exclusiva, pessoal e intransferível que o Pai nos doou. É uma ferramenta tão poderosa que se constitui na única pela qual nos comunicamos com o Divino. " Quando a cabeça não pensa, o corpo padece" ou, "O corpo vai pra onde a cabeça manda". Todos nós já ouvimos, com certeza, esses ditados. É na nossa mente que está o controle de todos os estados de cada um de nós. E os nossos scripts estão , exatamente, aí. Na nossa mente. É aí que estão os papéis que os atores desempenham no palco da vida.

Eu os compreendo. Compreendo-os e os aceito. Aceito-os e os respeito pelo direito que têm de escolher os seus próprios destinos. Aceito-os e os respeito porque talvez nem percebam que podem modificar seus papéis no momento em que bem quiserem. Aceito-os, porque me aceito como sou e é a partir dos outros que tomo consciência do quanto ainda tenho que progredir na minha caminhada.


ooooooooooooooooooooooooooooooooooo


Abertos poema e prosa pra apreciação. Quem quiser expressar alguma opinião, estão aí o sistema de comentários e o e-mail. Podemos conversar à vontade. Por mim, elas, as autoras, estão em crédito.
Até mais.



Aber



publicado por Magaly Magalhães às 1:24 AM
15.7.03
 
Não podia deixar de passar esta pra vocês:



De Américo Esteves Menezes, grande seresteiro das Minas Gerais, exilado voluntariamente em Brasília:

Em Campina Grande, na Paraíba, em 1955, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão.
Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da faculdade e que também apreciava uma boa seresta.
Ele peticionou em Juízo para que fosse liberado o violão. Esse petitório ficou conhecido como "Habeas Pinho"e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados ebares em praias do Nordeste.
Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito deputado estadual, prefeito de Campina Grande (cassado pela Revolução),
senador da República, governador do Estado e, hoje, deputado federal. Veja a famosa petição:

HABEAS PINHO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca:

O instrumento do crime que se arrola
neste processo de contravenção
não é faca, revólver nem pistola,
é simplesmente, doutor, um violão.

Um violão, doutor, que na verdade
não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
de quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
instrumento de amor e de saudade.
O crime a ele nunca se mistura.
Inexiste entre eles afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
dos menestréis de alma enternecida
que cantam as mágoas que povoam a vida
e sufocam suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
é sentimento vida e alegria,
é pureza é néctar que extasia,
é adorno espiritual do coração.

Seu viver como o nosso é transitório,
mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
e não para ser arquivo de cartório.

Mande soltá-lo pelo amor da noite
que se sente vazia em suas horas,
p'ra que volte a sentir o terno açoite
de suas cordas leves e sonoras.

Libere o violão, Dr. Juiz,
em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime e, afinal, será pecado,
será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado
derramando na rua as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
na certeza do seu acolhimento.
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos também DEFERIMENTO.

Ronaldo Cunha Lima, advogado.



O juiz Arthur Moura deu sua sentença no mesmo tom:

Para que eu não carregue
remorso no coração,
determino que se entregue
ao seu dono, o violão.



Gostaram? Volto outra hora.

publicado por Magaly Magalhães às 1:22 AM
14.7.03
 
Democracia é a escolha feita por muitos incompetentes. Ditadura é a indicação feita por uns poucos.

O que este País precisa não é de democracia - é de menos gente que toma liberdades com a democracia.

A educação substitui a ignorância confiante pela incerteza ponderada.

Ausência de evidência não é evidência de ausência.

O bom executivo toma decisões rapidamente e manda logo alguém executar o trabalho.

A liberdade é sempre perigosa, mas é a coisa mais segura que a gente tem.

Por mais escassa que a verdade seja, a oferta é sempre maior do que a procura.

A variedade pode ser a alegria da vida, mas a monotonia é que põe a mesa.

Nada: faca sem cabo cuja lâmina se perdeu.

Deixe sempre para amanhã aquilo que você na certa iria bagunçar hoje

De mão em mão a verdade vira ficção.

Em terra de olho, quem tem um cego... errei!


Já vou explicar:
Caiu-me nas mãos o livrinho Eu gostaria de ter dito isso! em que Luís Carlos Bravo compilou um bom número de frases de espírito, simplesmente para fazer rir o leitor comum. Carioca da gema, é o autor da idéia, talvez influenciado por Sérgio Porto com quem trabalhou no antigo Diário Carioca. Os direitos autorais do livro foram doados a várias instituições de caridade.


(((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((


Prece matinal entre os Peles-Vermelhas:

´Desejo que a Beleza esteja ao norte e ao sul, a este e a oeste de mim, que a Beleza esteja acima de mim, que a beleza esteja abaixo de mim...´

Encontrada por Lucie Lelarue-Madrus, como afirma Cecília Meireles na crônica intitulada Beleza em seu livro Cecília Meireles / Crônicas de educação.


)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))


Quanto à poesia de hoje, por que sair de Cecília?


INFÂNCIA

Levaram as grades da varanda
por onde a casa se avistava.
As grades de prata.

Levaram a sombra dos limoeiros
por onde rodavam arcos de música
e formigas ruivas.

Levaram a casa de telhado verde
com suas grutas de conchas
e vidraças de flores foscas.

Levaram a dama e seu velho piano
que tocava, tocava, tocava
a palida sonata.

Levaram as pálpebras dos antigos sonhos,
deixaram somente a memória
e a lágrimas de agora.

Cecília Meireles.


Deixemos a suavidade de Cecília calar em nossa alma.
Até novo encontro



publicado por Magaly Magalhães às 1:06 AM
8.7.03
 
Hoje, estou com a alma nordestina aflorada. Deve ter sido pelo fato de ter sido contactada por um jornalista conterrâneo (entenda-se alagoano), radicado em Recife - Aldemar Paiva, radialista, cronista e poeta, colunista do semanário Fatorama, jornal das vozes livres de Brasília, que me homenageou com um de seus trabalhos poéticos com que encerrarei este post.

Leiam e sintam o sabor destas trovas :

" As cirandas das crianças
brincando na minha rua
são carrocéis de esperanças
girando em noite de lua ! "


" Eu vi secando na grade
do quintal exposto ao sol
meu pijama com saudade
do teu lindo baby-doll ! "

São do poeta pernambucano Severino Uchoa, falecido há 5 anos, autor do famoso livro "Brasil de chapéu de couro".

E, por falar em quadrinhas, impossível deixar de registrar algumas do imortal Adelmar Tavares, consagrado poeta, também pernambucano :

" Tu censuras de minha alma
esse alvoroço, esse ardor...
Quem tem amor e tem calma
tem calma, não tem amor. "


" Não sei se é fita ou se é fato,
não sei se é fato ou se é fita...
O fato é que ela me fita,
me fita mesmo de fato ! "


" Para matar a saudade
fui ver-te em ânsia, correndo,
e eu que fui matar saudade
vim de saudade morrendo. "


Para encerrar,

MONÓLOGO DO JANGADEIRO

Do livro ? MONÓLOGOS ?
de Aldemar Paiva


Não me perguntem quanto tempo faz...
um ano, dez, quarenta, nem sei mais
pois do tempo inteiramente ando esquecido.
Sei tão somente que naquele dia
voltei do mar, não encontrei Maria,
Maria tinha desaparecido !

Não me perguntem se eu sofri depois
pois o mundo que era de nós dois
o dilúvio da saudade acabou...
E pela noite imensa da tristeza
eu me perdi sozinho na incerteza
como uma coisa que a maré levou !

Não me perguntem porque da jangada
eu apaguei o nome da malvada
como quem limpa o corpo de uma chaga...
O sol e a chuva desbotaram a vela
mas eu não pude esquecer-me dela
pois tinta de lembrança não se apaga !

Não me perguntem porque o vento frio
em doloroso e triste assobio
gritava por Maria aos meus ouvidos.
O mar raivoso me abria os braços
e eu sabia que com mais dois passos
podia afugentá-la dos sentidos !

Não me perguntem porque resolvi
fechar a casa onde a acolhi
perder a chave e navegar a esmo...
Rever o ninho abandonado e mudo,
ver a saudade empoeirando tudo
era acabar de vez comigo mesmo !

Não me perguntem porque a odeio,
porque a detesto e por isso creio
que outra Maria tão cruel não exista...
Se a encontrasse por acaso eu juro;
não olharia pro seu rosto impuro
e no seu corpo não pousava a vista !

Não me perguntem se é mentira ou não
tudo que eu digo em alucinação
nessa agonia que vocês vão vendo...
Quem sabe se eu não falo por despeito
e vou mentindo pra enganar o peito,
pra que não pensem que eu estou sofrendo ?

Não me perguntem se é ilusão
ou se é Maria mesmo - que emoção -
quem me espera na praia ao fim da vida...
Um ano, dez, quarenta pouco importa
se ela voltou agora quase morta,
feia, acabada, triste, arrependida !

Não me perguntem com quem ela andou,
com quem se foi, por que me abandonou...
Não me perguntem não, amigos meus !
Pobre Maria... há quanto tempo a espero,
Se ainda a amo, se ainda a quero,
não me perguntem, pelo amor de Deus !


Saciei a saudade dos ecos de meu lugar de origem. Se cansei vocês, perdoem-me. Senti prazer e lhes fico devendo.

Alô, Ademar, muito obrigada mesmo!





publicado por Magaly Magalhães às 1:42 AM
3.7.03
 
Uma piada pra começar. Sim, porque estou comemorando a volta do layout de meu blog à antiga forma, graças à interferência de meu amigo Francisco Pires, batuta como ele só, como costumava dizer meu pai.

O e-mail de Deus

Um dia, Deus, olhando para a Terra, viu todo o mal que se passava nela. Assim, decidiu enviar um anjo para investigar. Chamou um de seus melhores anjos e mandou-o a Terra por algum tempo. Quando o anjo regressou, disse a Deus:
- Sim, a Terra é 95% má e 5% boa.

Deus pensou por um momento e disse:
- Melhor mandar outro anjo para ter uma segunda opinião.

Assim, Deus mandou outro anjo ficar na Terra por algum tempo. Quando regressou, o anjo também disse:
- Sim, a Terra está em decadência, 95% má e 5% boa.
Deus disse:
- Isso não está bom.

Decidiu, então, mandar um e-mail aos 5% das pessoas boas que havia no mundo, para dar-lhes ânimo... para que não desistissem e seguissem adiante sem perder a fé.

Sabe o que dizia o e-mail?



Não?



Então estamos ferrados...
Para mim também não chegou!!!


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Outro amigo, Cláudio Rúbio, o Claudinho do Circulando.com, mandou-me uma matéria para reflexão, aliás, parte de um de seus posts de poucos dias atrás, que passo a vocês para refletirmos juntos:

Devo levar a vida como uma formiga?

"Rua Barão de Itapetininga, Centro, São Paulo; manhã de junho de 2002. Eu, no centro da maior cidade do Brasil. Todas as manhãs, passo por essa rua, aproximadamente às sete e meia da manhã, para tomar o meu café, antes de chegar ao escritório, e me deparo com crianças dormindo sob uma abertura próxima a uma galeria.

São crianças de todas as idades, raças e cores; algumas são muito bonitas. Mas, de alguma forma, preferem os perigos das ruas, e dispensam a proteção dos pais (com quem o risco é maior). Outras perderam os pais. As FEBEM's, proteção do governo? Não. Melhor ficar nas ruas.

Como ficar indiferente? Como entender? Nas escolas não me ensinaram nada sobre tudo isso.

Se fôssemos formigas, tudo seria mais fácil. As formigas não precisam questionar nada, só pensam no trabalho e na perpetuação da espécie. Nada mais. Devo viver como uma formiga?" (Descaso, de Josué G. Araújo).



Dá para uma boa reflexão: a ausência de perspectivas dessa fatia da população - a liberdade que destrói , o desespero, o medo, a lei da violência. Passível de solução?


---------------------------------------------------------------


E agora? Vamos ao momento poético em dia de ex-aspirantes.



O POETA E A LUA


Solta a lua na noite aberta, desce e
vem prender-se a alado ser à sua espera
Ébrios um do outro e translúcidos
planam juntos ? a lua e o poeta.


- Preciso de tua luz compensadora
sou um oceano de revoltas emoções.
Só tua reveladora claridade
pode ater-me à vida nessas condições.


- Tua eu sou, poeta ensandecido,
mas não só tua, de todos os poetas
carentes de frios raios de luz
a atenuar-lhes a fervescente verve.


- Vem, façamos uma fina parceria,
a vida é fugaz e me deixa alerta.
Em sua eternidade, como poderia ela
ser só minha se haverá sempre poetas?

1998
Rio

CANÇÃO TRISTE



Está tarde, está frio
Tão escuro, tão sombrio!
Quem vem afagar-me a testa?
Quem vem encher-me o vazio?


O vento geme lá fora
A chuva fria não pára
Meu coração também geme
geme baixinho e cala


Por que chora a natureza?
Por que o vento fustiga?
Tem coração o mundo?
Tem o vento o dom da intriga?


Como estou triste, eu choro
Não posso culpar ninguém
Nem a chuva, nem o vento
Nem o mundo, nem meu bem


Choro porque estou triste.

1998
Rio
















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publicado por Magaly Magalhães às 12:36 AM