Divulgar idéias próprias, combater o discurso invertido corrente, aprender a dividir, expor sentimentos,
trazer poesia ao dia-a-dia, eis a abrangente ação deste veículo de idéias. De tudo, um pouco - minha meta.
 

online

Meu humor atual - i*Eu

envie-me um email



Links:

Imagens e Palavras

Meg
Xico
Cora Ronai
Flavia
Divagando
Carminha
Subrosa
Claudio Rubio
Ane Aguirre
Laurinha
Matusca
Suely
Claudia Letti
Helen
Telinha
Giniki
Teruska
Helo
Fal
Dudi
Fer
Vicky
Nelson da praia
Marco
Arquimimo
Angela Scott
Dauro
Bia Badaud
Angela do Mexico
Andre Machado
Aurea Gouvea
Ruth Mezeck
Ronize Aline
Ane Aguirre
Elis Monteiro
Cath
Wumanity
Telhado de Vidro
Beth
Milton Ribeiro
Stella
Veronica
Renata
Lucia
Thata
Zadig
Lamenha
annemsens
Cesar Miranda
Paulo Jose Miranda
Eiichi
Li Stoducto Stella Ramos Santos





Arquivos
Junho 2002
Julho 2002
Agosto 2002
Setembro 2002
Outubro 2002
Novembro 2002
Dezembro 2002
Janeiro 2003
Fevereiro 2003
Mar�o 2003
Abril 2003
Maio 2003
Junho 2003
Julho 2003
Agosto 2003
Setembro 2003
Outubro 2003
Novembro 2003
Dezembro 2003
Janeiro 2004
Fevereiro 2004
Mar�o 2004
Abril 2004
Maio 2004
Junho 2004
Julho 2004
Agosto 2004
Setembro 2004
Outubro 2004
Dezembro 2004
Janeiro 2005
Fevereiro 2005
Mar�o 2005
Abril 2005
Maio 2005
Junho 2005
Julho 2005
Agosto 2005
Setembro 2005
Outubro 2005
Novembro 2005
Dezembro 2005
Janeiro 2006
Fevereiro 2006
Abril 2006
Maio 2006
Junho 2006
Julho 2006
Agosto 2006
Current Posts



Design de
Rossana Fischer








avalie este blog!
O melhor! Excelente! Bom Regular Pode Melhorar





29.9.04
 
O Pensador , de Auguste Rodin


FALANDO DO SER HUMANO

No modo oriental de encarar o ser humano, fica dif�cil separar a concep��o religiosa da filos�fica. Os orientais n�o as separam, j� que t�m do homem uma vis�o c�smica.
No Ocidente, herdamos da filosofia grega a vis�o do homem como sujeito: o eu � visto como sujeito, enquanto o social � minimizado. E esta concep��o manteve-se atrav�s de toda a evolu��o do pensamento filos�fico ocidental pelo tempo afora: na filosofia medieval, nas teorias do Iluminismo, na filosofia contempor�nea.
Na realidade, somos seres de natureza cultural (Ser / Valorar / Saber).
Saber representa Poder. Tudo leva a crer que, quanto maior o conhecimento, melhor o desempenho do homem (mas � isto o que se tem verificado na realidade? N�o usamos o nosso conhecimento cient�fico para a fabrica��o de armas mort�feras?).
Os conceitos filos�ficos de Plat�o e Arist�teles, posteriormente adotados por Santo Agostinho e S�o Tom�s de Aquino, respectivamente, j� mostram uma vis�o crist�.
Na Renascen�a, considera-se o homem triunfante, o suposto Homem Racional.
Hoje, diz-se exatamente o contr�rio: Racional = Consci�ncia + Exist�ncia.
Racionalidade = Comportamento Adequado � quest�o posta em d�vida. Este tipo de questionamento s� foi percebido a partir do s�culo XIX para o s�culo XX, impondo-se a an�lise qualitativa dos conhecimentos.
Se conhecimento leva o homem a um melhor est�gio de vida, como se compreende que um cientista use sua linguagem cient�fica para produzir instrumento de tortura? Aqui, ent�o, o conhecimento pode ser visto em sua ambig�idade. Como instrumento de media��o, pode ser usado de forma ben�fica ou mal�fica. Ele se desenvolve a partir da solicita��o do poder.
No momento, nossa sociedade vive uma crise �tica, uma crise de valores; n�o temos respeito pela vida. Essa crise pode induzir o homem a questionar-se, a pensar-se e at� a reformular-se.
O conhecimento n�o � sempre constante, crescente e ininterrupto. Um exemplo disso � o comportamento dos gregos que, em suas considera��es filos�ficas, chegaram at� o �tomo e o esqueceram. Passaram-se s�culos para que o �tomo voltasse � linha de considera��o e fosse utilizado o manancial de possibilidades que abria. Infelizmente, abriu portas tamb�m para a destrui��o. Ser� que o rem�dio a aplicar a um grupo social que se desagrega � um rompimento, um corte?
� poss�vel, em certos aspectos, mas n�o integralmente.
Marx, Nietzsche e Freud produziram grandes feridas no egocentrismo ocidental; determinaram profundas rupturas, mas nada de car�ter total. Marx rompeu com uma s�rie de conceitos relativos a propostas positivistas, todavia, prop�s etapas superpostas, tal como o positivismo proclamara.

A din�mica relacional conduz a s�nteses imprevis�veis. Dentro do c�digo maior, h� muitos microc�digos de n�cleos menores, dando lugar a resultantes inesperadas.

A verdade n�o � a verdade. � a vers�o da verdade que n�s conhecemos.
A d�vida � muito mais importante que a certeza. A d�vida � din�mica enquanto a enquanto a certeza congela.

A necessidade de indagar � constante e as respostas nem sempre v�m da ci�ncia. Quando se perde a capacidade de indagar, perde-se a capacidade hominal.

Em �ltima inst�ncia, o Homem � essa travessia.

Nota: Este post assim como o anterior t�m como finalidade homenagear a grande figura de
mestra que conheci na Prof� Valderez, da FACHA, com quem tive a oportunidade de fazer um breve curso (livre) de Antropologia, em 1988/89. Os conceitos por ela transmitidos guiaram-me na exposi��o desses �ltimos trechos aqui apresentados. Dedicada e eficiente, abriu-me prismas novos para a busca de conhecimento do homem em si e suas rela��es como mundo que o cerca.

***************

Um poema de Murilo Mendes:

O RITO HUMANO

Pelas curvas da tarde vem surgindo
A inef�vel palavra Agnus Dei.
Ou�o balidos pelo mundo inteiro;
Matam o cordeiro branco redentor.

As armas do futuro desenhadas
Vejo no espa�o, t�mulos abertos:
Os balidos rebentam das gargantas
At� dos que inda est�o para nascer.

De variadas maneiras matam o homem.
Matam a pureza, a paz, a liberdade,
Pelo cutelo, a bomba, a guilhotina,

Pelo sil�ncio, a fome, a solid�o.
Fecha o leque de plumas o Oriente,
Abre o Ocidente o tanque de terror.

publicado por Magaly Magalhães às 5:16 PM
20.9.04
 
Philosopher in Meditation OilPainting /Rembrandt
http://www.wholesaleoilpainting.com




Animals / http://www.wholesaleoilpainting.com



CONSIDERA��ES SOBRE O HOMEM COMO SER SIMB�LICO

N�o h� sociedade � qual n�o se atribua uma organiza��o transcendental. � pr�prio do homem questionar sobre si mesmo, pensar-se. As religi�es constituem uma dessas formas de indaga��o.
O homem n�o criou o sagrado por medo dos fen�menos da Natureza, como se costumava afirmar, e sim porque precisava estabelecer os seus limites e os dos outros seres. O sagrado derivou da consci�ncia de que o homem � um ser diferente dos demais seres da Natureza, o que equivale a dizer que o sagrado tem a idade do homem.
O pensamento m�gico (n�o confundir sagrado com magia) corresponde ao interesse que o cientista hoje sente diante do que ainda n�o descobriu, ou seja, a busca do m�gico corresponde � pesquisa cient�fica.
Que se fa�a bem a diferen�a:
Religi�o � a busca do sagrado, da transcend�ncia (verdade maior). Magia � o anseio de desvendar o incognosc�vel (com vistas em resultados pr�ticos).
Numa cr�tica r�pida, podemos dizer que nenhuma sociedade usou tanto o pensamento m�gico como a do s�culo XX e come�o do s�culo XXI, o que significa que nunca estivemos t�o imersos no imagin�rio como no presente. Realmente, toda sociedade em processo de desestrutura��o usa e abusa do m�gico. N�o dos mitos antigos, mas de um esquema imagin�rio que atenue as dificuldades do real e aja sobre seus membros no sentido de impedir que eles exijam a queda do sistema.
Ao considerarmos o pensamento filos�fico, vamos encontrar na base de todas as filosofias o trin�mio: Ser - Valorar - Conhecer. O homem ocidental, por�m, sempre teve a pretens�o de achar-se o �nico com capacidade de organizar seu pensamento l�gico. negar aquilo que n�o veio a conhecer por si mesmo. Por exemplo, se o europeu n�o conhecia, digamos, o ferro, isso o levava a crer que nenhuma outra sociedade pudesse ter conhecido o metal anteriormente. Infelizmente, para preju�zo de todas as sociedades, registrou-se a destrui��o de acervos culturais, como o da valiosa Biblioteca de Alexandria ; como o extraordin�rio acervo dos Maias (inscri��es em pequenas t�buas: as pintadas de amarelo versavam sobre matem�tica e geometria; as vermelhas, sobre filosofia; as azuis, sobre partituras).
Os fil�sofos gregos consideravam o homem atrav�s da dicotomia corpo X alma. J� o oriental jamais analisou o homem por essa �tica, considerando sempre a fus�o do corpo e da alma. Isto se depreende do pouco do document�rio que n�o foi destru�do pelo fogo em Alexandria. Da vis�o africana sabemos ainda menos, tendo em vista que a �frica foi um continente arrasado, escravizado durante longo tempo.
Os fil�sofos escol�sticos acreditavam na autonomia do homem, uma vez que este fora feito � imagem e semelhan�a de Deus.
N�o foi agrad�vel para o homem ocidental descobrir que a condi��o de homem s� � poss�vel dentro de um contexto cultural; fora desse contexto, ele � incapaz de se posicionar.
Para ilustrar o conceito, existem cinco casos de crian�as que foram criadas por animais. Tais crian�as adquiriram o comportamento dos animais que as criaram e n�o tiveram condi��o de se socializarem posteriormente, quando resgatadas para o conv�vio humano. Nos cinco casos, as criaturas vieram a morrer em pouco tempo sem lograrem responder positivamente a qualquer tentativa de condicionamento � vida humana. E s� em um desses casos ficou evidenciado um caso de debilidade mental cong�nita.
Isto vem validar a teoria de que o homem s� existe dentro do grupo social. O animal � programado geneticamente. Cada animal sabe o que comer, onde se esconder, como reagir ao perigo, como curar-se, como reproduzir-se. Cada animal � portador de um c�digo gen�tico. Um gato, por exemplo, pode ser amamentado por uma cadela, pode viver a vida toda entre cachorros e nem por isso vai deixar de portar-se como um gato, de miar, de lamber-se, de reagir como gato a qualquer est�mulo externo. Recentes pesquisas feitas sobre o c�digo gen�tico dos animais tendem a considerar que certos animais, como elefantes, golfinhos e algumas esp�cies de macacos d�o sinais de que se comunicam, de que t�m uma linguagem pr�pria. Aguardemos o avan�o desses estudos.
Voltando ao homem, este, sim, n�o prescinde do grupo, de suas regras, de seus s�mbolos.
Pode ser uma met�fora a interpreta��o da perda do para�so como um corte, uma suspens�o: o homem perdeu a capacidade de ser *natureza*, de ter um c�digo gen�tico, de portar a *inconsci�ncia animal* para existir inteligentemente, submetido a normas e regras, para viver dentro de s�mbolos.
Todas as culturas s�o din�micas. Mudam porque o homem tem tend�ncia a rejeitar os signos com os quais lida (embora nem sempre a mudan�a signifique evolu��o). Novos signos substituir�o os anteriores num sistema novo.
Ao homem pode-se atribuir toda dualidade: sagrado X profano, bom X mau, grande X pequeno, puro X impuro, sempre dentro de c�digos, mas sempre em sociedade, nunca isolado. Sozinho, o homem marginaliza-se.
Nossa verdadeira natureza � simb�lica.


publicado por Magaly Magalhães às 11:38 PM
14.9.04
 
Gravura digital por Fl�via Magalh�es



Hoje apare�o aqui trazendo na alma uma carga de saudade avassaladora. Faz 1 ano que meu Estev�o se foi. � verdade que o tempo reduziu o abalo sofrido, atenuou o trauma da separa��o, devolveu-me �s atividades normais. Permanece s� essa saudade do�da, inextingu�vel, raz�o por que vim abrigar-me � sombra da estima de voc�s.
Trago um poema dedicado a ele. Volto daqui a uns dias, menos tensa.


ELEGIA

(A Est�v�o)


Pensar em morte, por qu�?
Seria incidente para fim de vida.
Eis que ela me atinge de chofre:
arranca-me o rebento pela (adulta) raiz.


Homem-menino, tanta a sua candura!
Estrela da crian�ada, emblema da alegria!
Que � deste Pardal de v�o amb�guo
tecendo ponte entre pret�rito e porvir?


Agonizo aqui de dor e saudade:
morte que cauteriza sonhos,
morte que neutraliza vidas.
*Morte que separa homem&sombra*


Elabor�-la � ato de for�a e coragem.
Resta-me a cren�a de que um Deus
onividente, onisciente e justo est� a
gerir esse nosso insond�vel destino.


14 / 09 / 2004
RIO


publicado por Magaly Magalhães às 12:30 PM
8.9.04
 

*
Contos e cantos populares

publicado por Magaly Magalhães às 11:06 PM

 
A imagem referente ao post Contos e Cantos Populares � um �leo sobre tela intitulado PAISAGEM RURAL, de Anita Malfatti (s�culo XX, d�cada de 20.)

publicado por Magaly Magalhães às 10:00 PM
6.9.04
 

CONTOS E CANTOS POPULARES

Contos populares s�o contos com fun��es definidas: de entretenimento e de educa��o. Muitos s�o os temas tratados nos contos populares: h� os de exemplo, os de encantamento, os religiosos ou morais, os de animais, os que dizem respeito � funda��o de um local, entre outros.

Como cantos populares conhecemos: acalantos, batuques, can��es, modinhas, cirandas, trovas, lundus, rondas, as produ��es do ciclo junino e do natalino, as can��es recolhidas da tradi��o oral e muitas outras modalidades.

Um conto popular:

A Cumbuca de Ouro e os Marimbondos

Havia dois homens, um rico e outro pobre, que gostavam de fazer pe�as um ao outro. Foi o compadre pobre � casa do rico pedir um peda�o de terra para fazer uma ro�a. O rico, para fazer pe�a ao outro, lhe deu a pior terra que tinha. Logo que o pobre teve o sim, foi para casa dizer � mulher, e foram ambos ver o terreno. Chegando l� nas matas, o marido viu uma cumbuca de ouro, e, como era em terras do compadre rico, o pobre n�o a quis levar para casa, e foi dizer ao outro que em suas matas havia aquela riqueza. O rico ficou logo todo agitado e n�o quis que o compadre trabalhasse mais nas suas terras. Quando o pobre se retirou, o outro largou-se com a sua mulher para as matas a ver a grande riqueza. Chegado l�, o que achou foi uma grande casa de marimbondos; meteu-a numa mochila e tomou o caminho do mocambo do pobre, e logo que o avistou foi gritando:*� compadre, fecha as portas e deixa somente uma banda da janela aberta!* O compadre assim fez, e o rico, chegando perto da janela, atirou a casa de marimbondos dentro da casa do amigo, e gritou: *Fecha a janela, compadre!* Mas os marimbondos bateram no ch�o, transformaram-se em moedas de ouro, e o pobre chamou a mulher e os filhos para as ajuntar. O rica�o gritava ent�o: *� compadre, abra a porta!* Ao que o outro respondia: *Deixe-me, que os marimbondos est�o-me matando!* E assim ficou o pobre rico, e o rico rid�culo.

(S�LVIO ROMERO / Contos Populares do Brasil / 3� ed / Rio de Janeiro, 1903, p�g. 248.)


Um canto popular

Trovas Brasileiras

No lugar aonde eu canto
Todos me tiram o chap�u;
Cada repente que tiro,
Corre uma estrela no c�u

- Dizem que mulher � falsa,
� falsa que nem papel,
Mas quem vendeu Jesus Cristo
Foi homem, n�o foi mulher...

N�o tenho medo de homem,
Nem do ronco que ele tem;
O besouro tamb�m ronca,
Vai-se ver, n�o � ningu�m.

Chuva que tem de chover,
Por que � que est� peneirando?
Amor que tem de ser meu
Por que est� negaceando?

Andorinha do coqueiro,
D�-me novas do meu bem...
Os meus olhos est�o cansados
De esperar por quem n�o vem.

L� vai a gar�a voando
Com penas que Deus lhe deu.
Contando pena por pena,
Mais penas pade�o eu.

(AFR�NIO PEIXOTO / Trovas Brasileiras / Rio de Janeiro, 1919.)

publicado por Magaly Magalhães às 11:20 PM